Olá, querido doutor e doutora! A úlcera por pressão, também conhecida como lesão por pressão, é uma ferida que ocorre em áreas da pele sujeitas a pressão prolongada, especialmente em pacientes com mobilidade reduzida. O reconhecimento precoce e uma abordagem multidisciplinar são fundamentais para minimizar os danos, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir o risco de infecções e outras complicações. Este texto aborda os aspectos essenciais sobre a etiologia, classificação, diagnóstico, prevenção e tratamento das úlceras por pressão.
As úlceras por pressão são um desafio contínuo para o cuidado de pacientes imobilizados, exigindo vigilância constante e intervenções adequadas para prevenir complicações graves.
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Conceito de Úlceras por Pressão
Úlceras por pressão, também conhecidas como lesões de pressão ou escaras, são feridas na pele e nos tecidos subjacentes causadas pela pressão prolongada sobre áreas específicas do corpo, principalmente onde há proeminências ósseas, como o sacro, quadris e calcanhares. Essas lesões surgem quando o fluxo sanguíneo é reduzido devido à compressão constante, impedindo que o tecido receba oxigênio e nutrientes necessários. Em situações de imobilidade, como em pacientes acamados, a pressão sobre a pele e os tecidos profundos pode levar à morte celular e ao desenvolvimento dessas úlceras. Além disso, fatores como umidade, fricção e desnutrição podem agravar o quadro, tornando a prevenção e o tratamento dessas lesões uma parte importante do cuidado com pacientes que apresentam mobilidade limitada.
Fisiopatologia das Úlceras por Pressão
A fisiopatologia das úlceras por pressão envolve uma sequência complexa de eventos desencadeados pela compressão contínua de tecidos, especialmente sobre proeminências ósseas. Quando a pressão externa excede a pressão capilar, o fluxo sanguíneo local é interrompido, levando à isquemia, sendo a falta de oxigenação dos tecidos. Essa situação impede que nutrientes essenciais cheguem ao local e, com o tempo, a acumulação de substâncias tóxicas, resultante da falta de circulação, promove danos celulares e morte tecidual.
Além da pressão, outros fatores biomecânicos, como a força de cisalhamento (movimento paralelo que desloca as camadas de tecido) e a fricção (atrito da pele com superfícies), colaboram para a formação dessas lesões. O cisalhamento, por exemplo, deforma os vasos sanguíneos, agravando a isquemia. Já a fricção pode danificar a camada superficial da pele, facilitando o aparecimento de lesões.
A presença de umidade também contribui para o desenvolvimento das úlceras, ao tornar a pele mais suscetível a lesões e facilita a maceração. A imobilidade por longos períodos, comum em pacientes hospitalizados ou em recuperação de cirurgias, acelera o processo de necrose tecidual, uma vez que não há alívio da pressão sobre os locais de risco. A combinação desses fatores leva à degeneração progressiva dos tecidos, com possível formação de úlceras de diversos graus de gravidade.
Epidemiologia e Fatores de Risco das Úlceras por Pressão
As úlceras por pressão representam um problema significativo de saúde em escala global, afetando milhões de pessoas a cada ano, especialmente em populações hospitalizadas ou em instituições de longa permanência, gerando um impacto econômico considerável no sistema de saúde devido aos custos elevados de prevenção e tratamento. A ocorrência de úlceras por pressão é particularmente alta entre pacientes idosos, aqueles com mobilidade reduzida e pessoas com condições de saúde que dificultam a cicatrização. Diversos fatores de risco contribuem para o desenvolvimento dessas lesões. Entre eles:
- Imobilidade prolongada: comum em pacientes acamados, cadeirantes ou em recuperação de cirurgias longas.
- Idade avançada: pele menos elástica e circulação reduzida aumentam a vulnerabilidade.
- Desnutrição: dificulta a regeneração celular e a cicatrização das lesões.
- Doenças crônicas: como diabetes e doenças cardiovasculares, que afetam a circulação e o processo de cicatrização.
- Umidade na pele: causada pela incontinência urinária ou fecal, fragilizando a pele e favorecendo o surgimento de úlceras.
- Perda de sensibilidade: em pacientes com neuropatias, dificultando a percepção de desconforto e a necessidade de mudanças de posição.
- Condições cognitivas: como demência, que impedem o paciente de perceber e comunicar desconforto, agravando o risco de lesões.
Quadro Clínico das Úlceras por Pressão
O quadro clínico das úlceras por pressão varia conforme a profundidade e a gravidade da lesão. Inicialmente, podem aparecer áreas de vermelhidão que não clareiam ao toque, sugerindo o início de uma lesão. Com a progressão, podem ocorrer perda de pele e formação de úlceras mais profundas, envolvendo tecido subcutâneo e, em casos mais graves, estruturas como músculos, tendões e ossos. Pacientes frequentemente não sentem dor nessas áreas devido à perda de sensibilidade, especialmente em lesões profundas.
A presença de secreção, odor fétido e sinais de infecção são comuns em estágios avançados, indicando a necessidade de intervenção imediata.
Classificação e Estratificação das Úlceras por Pressão
A Escala de Braden é um instrumento utilizado para avaliar o risco de um paciente desenvolver úlceras por pressão. Ela analisa diferentes fatores que podem contribuir para a formação dessas lesões, sendo amplamente empregada em ambientes hospitalares e de cuidados de longo prazo:
Categorias | 1 | 2 | 3 | 4 |
---|---|---|---|---|
Percepção Sensorial | Totalmente limitado | Muito limitado | Levemente limitado | Nenhuma Limitação |
Umidade | Completamente Molhada | Muito Molhada | Ocasionalmente Molhada | Raramente Molhada |
Atividade | Acamado | Confinado à cadeira | Anda ocasionalmente | Anda frequentemente |
Mobilidade | Totalmente imóvel | Bastante limitado | Levemente limitado | Não apresenta limitações |
Nutrição | Muito pobre | Provavelmente inadequado | Adequado | Excelente |
Fricção e Cisalhamento | Problema | Problema em potencial | Nenhum problema | —- |
Total | Risco Leve 15 a 18 pontos | Risco Moderado 12 a 14 pontos | Risco Grave Abaixo de 12 pontos |
Classificação
As úlceras por pressão são classificadas em estágios, que ajudam a guiar o tratamento e a avaliação clínica:
- Estágio 1: a pele está intacta, mas apresenta vermelhidão que não clareia ao toque (eritema não branqueável). É o primeiro sinal de alerta para possível desenvolvimento de lesão por pressão.
- Estágio 2: envolve perda parcial de espessura da pele, afetando a epiderme e, às vezes, a derme. A lesão pode se apresentar como uma bolha intacta ou aberta, com base avermelhada ou rosa.
- Estágio 3: há perda total da espessura da pele, com exposição do tecido subcutâneo. Podem ocorrer necrose e presença de tecido amarelado (esfacelo). A lesão pode ser profunda, dependendo da localização e da espessura da pele.
- Estágio 4: perda total de tecido, com exposição de estruturas mais profundas, como músculos, tendões ou ossos. Pode haver necrose extensa e presença de tecido necrosado (escara) que pode cobrir a lesão.
- Não estagiável: a profundidade da lesão é desconhecida, ao estar coberta por esfacelo ou escara, dificultando a avaliação da extensão do dano.
- Lesão por pressão de tecido profundo (LPTP): caracteriza-se por pele intacta ou não intacta com coloração vermelha, marrom ou roxa, indicando dano nos tecidos mais profundos.
Diagnóstico da Lombociatalgia
O diagnóstico das úlceras por pressão é essencialmente clínico, baseado na observação direta das lesões e na avaliação das áreas com maior risco de desenvolvimento de úlceras em pacientes imobilizados. Em situações de suspeita de envolvimento ósseo, pode ser necessária uma imagem radiológica, como raio-X ou ressonância magnética, para descartar osteomielite.
Tratamento da Lombociatalgia
Prevenção e Alívio de Pressão
- Reposicionamento regular: mudanças frequentes de posição são essenciais para aliviar a pressão sobre as áreas vulneráveis. Pacientes acamados devem ser reposicionados a cada duas horas, enquanto os em cadeiras de rodas devem se reposicionar a cada 15 minutos.
- Superfícies de apoio: utilização de colchões, almofadas e camas com tecnologia de redistribuição de pressão. Dispositivos como colchões de ar ou de espuma viscoelástica são indicados para reduzir o contato direto em áreas de risco.
Cuidados com a Pele e Controle da Umidade
- Higiene da pele: manter a pele limpa e seca ajuda a evitar o desenvolvimento de lesões. É importante usar produtos suaves, que não ressequem a pele, e evitar esfregar excessivamente.
- Controle da umidade: para pacientes com incontinência, é essencial usar absorventes e cremes protetores para evitar que a umidade constante comprometa a integridade da pele.
Nutrição
Pacientes com úlceras por pressão precisam de uma dieta rica em proteínas, vitaminas e minerais para promover a cicatrização. Em casos de desnutrição, a suplementação com vitaminas (especialmente vitamina C e zinco) pode ser indicada para acelerar o processo de recuperação.
Debridamento
- Remoção de tecido necrosado: a presença de tecido morto impede a cicatrização, além de aumentar o risco de infecção. O debridamento pode ser realizado de forma mecânica, enzimática, autolítica ou cirúrgica, dependendo das condições da lesão e do paciente.
- Esfacelo e escara: em estágios mais avançados, o debridamento é essencial para expor o tecido saudável subjacente e permitir uma melhor ação dos agentes terapêuticos.
Tratamento de Infecções
- Cuidados com infecções locais: se houver sinais de infecção, como vermelhidão, calor, dor ou presença de pus, o uso de agentes antimicrobianos tópicos pode ser necessário. Em casos mais graves, pode ser indicada antibioticoterapia sistêmica.
- Controle do exsudato: a gestão da quantidade de secreção é importante, e diferentes tipos de curativos (como hidrocolóides, espumas, alginatos) são utilizados para manter o equilíbrio da umidade na ferida.
Curativos Específicos
O tipo de curativo depende do estágio da úlcera e da quantidade de exsudato. Para lesões mais superficiais, curativos hidrocolóides e filmes transparentes são indicados. Já para lesões profundas e exsudativas, espumas e alginatos ajudam a absorver o excesso de secreção.
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Referências Bibliográficas
- ZAIDI, Syed Rafay H.; SHARMA, Sandeep. Pressure Ulcer. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK553107/. Acesso em: 06 nov. 2024.