E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é nos Cistos Cutâneos, lesões benignas que se formam sob a pele devido ao acúmulo de queratina, sebo ou outras substâncias.
Podem surgir em diversas regiões do corpo e, na maioria dos casos, são assintomáticos. No entanto, quando inflamados ou infectados, podem causar dor e necessitar de intervenção médica.
O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprofundar seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica cada vez mais eficaz e segura.
Vamos nessa!
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Definição de Cistos Cutâneos
Cistos cutâneos são lesões benignas em forma de saco que se desenvolvem na pele ou no tecido subcutâneo, preenchidas por substâncias como queratina, sebo ou muco. Sua formação ocorre devido ao acúmulo de material no interior da cavidade, podendo estar associada à obstrução de glândulas, proliferação de células epiteliais ou processos inflamatórios.
Essas lesões podem ser classificadas com base na composição de sua parede, sendo divididas em três principais categorias: cistos revestidos por epitélio estratificado escamoso, como os cistos epidermoides e as mílias; cistos revestidos por epitélio não estratificado escamoso; e aqueles que não possuem revestimento epitelial, como as mucoceles e os cistos mixoides digitais.
Embora, na maioria dos casos, os cistos cutâneos sejam assintomáticos e de crescimento lento, podem gerar desconforto estético ou complicações, como inflamação e infecção secundária, necessitando de intervenção médica para remoção ou tratamento adequado.
Cistos revestidos por epitélio estratificado escamoso
Os cistos cutâneos revestidos por epitélio estratificado escamoso são lesões benignas caracterizadas pela presença de uma parede epitelial contendo todas as camadas da epiderme. Essas estruturas podem se desenvolver a partir da oclusão de glândulas, do aprisionamento de células epidérmicas na derme ou de processos traumáticos.
Cistos epidermóides
Os cistos epidermoides, também chamados de cistos epidérmicos, são os cistos cutâneos mais frequentes, ocorrendo predominantemente em adultos e raramente em crianças. Eles resultam da proliferação de células epidérmicas produtoras de queratina no interior da derme, podendo ter origem na obstrução do folículo pilossebáceo, na implantação de células epidérmicas por trauma ou cirurgia, ou ainda a partir de células desprendidas durante o desenvolvimento embrionário.
Clinicamente, apresentam-se como nódulos subcutâneos de tamanhos variados, geralmente móveis em relação aos planos profundos e de coloração semelhante à pele, podendo ter tonalidade esbranquiçada ou amarelada quando superficiais. Em alguns casos, é possível visualizar um ponto central correspondente ao orifício pilossebáceo obstruído, através do qual pode ser eliminada uma substância queratinoso-purulenta com odor característico.
Esses cistos costumam ser assintomáticos, mas podem inflamar, tornando-se eritematosos, dolorosos e até mesmo apresentar drenagem espontânea de material purulento. São mais comuns na face, fronte, pescoço e parte superior do tronco, enquanto aqueles de origem traumática são encontrados nas regiões palmoplantares, joelhos e nádegas.
O diagnóstico é clínico, sendo confirmado por exame histopatológico. O tratamento pode incluir desde a drenagem e curetagem até a excisão cirúrgica completa, especialmente em cistos maiores. Quando há inflamação ou infecção secundária, pode ser necessária antibioticoterapia sistêmica.
Cistos pilares ou triquilemais
Os cistos pilares, também conhecidos como cistos triquilemais, são lesões císticas benignas que contêm queratina e possuem uma parede epitelial cuja queratinização se assemelha à bainha externa do folículo piloso. Embora sejam menos comuns do que os cistos epidermoides, correspondendo a cerca de 10 a 20% dos cistos cutâneos, apresentam maior incidência em mulheres e costumavam ser erroneamente chamados de cistos sebáceos.
Esses cistos frequentemente apresentam herança autossômica dominante e se originam da membrana externa da raiz do pelo, especificamente na região entre a inserção do músculo eretor do pelo e o orifício pilossebáceo.
Clinicamente, os cistos pilares apresentam-se como nódulos dérmicos móveis, geralmente localizados no couro cabeludo, embora também possam ocorrer na face, no pescoço e no tronco. Enquanto alguns pacientes apresentam cistos únicos, é mais comum que sejam múltiplos.
Assim como os cistos epidermoides, costumam ser assintomáticos e só provocam sintomas quando há ruptura associada à infecção secundária, o que pode desencadear um processo inflamatório doloroso.
Os cistos pilares são compostos por uma parede de células epidérmicas cuboidais, sem pontes intercelulares e sem camada granulosa. Seu conteúdo consiste em material queratinoso amorfo disposto em camadas.
O diagnóstico diferencial inclui os cistos epidermoides, o esteatocistoma múltiplo e os lipomas. A confirmação diagnóstica pode ser feita por meio de exame histopatológico.
O tratamento dos cistos pilares segue os mesmos princípios dos cistos epidermoides, podendo envolver drenagem, curetagem ou excisão cirúrgica completa, especialmente nos casos maiores. Quando há inflamação ou infecção secundária, podem ser necessárias medidas adicionais, como infiltração de triancinolona ou antibioticoterapia.
Lúpia
A lúpia é uma variante dos cistos epidermoides, caracterizada por formações ovoides, amareladas e de dimensões que variam de poucos milímetros até aproximadamente 1 cm. Esses cistos são comumente encontrados em áreas específicas do corpo, como o escroto, os grandes lábios e o couro cabeludo.
A lúpia é considerada uma formação névica frequentemente hereditária, com desenvolvimento tardio, geralmente manifestando-se na vida adulta. Assim como os cistos epidermoides, sua estrutura é composta por células epidérmicas produtoras de queratina, formando uma lesão cística de consistência firme.
O diagnóstico da lúpia é clínico e pode ser confirmado por exame histopatológico, diferenciando-se de outras lesões císticas da pele. O tratamento segue o mesmo protocolo dos cistos epidermoides, podendo incluir excisão cirúrgica para remoção completa da lesão.
Cisto traumático
O cisto traumático, também conhecido como cisto de inclusão epidérmica, é uma lesão adquirida que surge após um trauma em áreas expostas, especialmente nas mãos e dedos. Esse tipo de cisto ocorre devido à introdução de tecido epitelial na derme, levando à proliferação celular e à produção de queratina no interior da lesão.
Clinicamente, o cisto traumático se apresenta como um nódulo pequeno, duro, de aproximadamente 0,5 cm de diâmetro. Normalmente, é indolor e não apresenta sinais inflamatórios, a menos que haja infecção secundária ou ruptura da parede cística.
O diagnóstico é baseado na história clínica de trauma prévio e no exame físico da lesão. O tratamento pode incluir a remoção cirúrgica do cisto para evitar crescimento ou possíveis complicações.
Milium
O milium é uma lesão cutânea benigna caracterizada por pequenos cistos epidermoides, medindo entre 1 e 2 mm de diâmetro, de cor branca ou amarelada. Essas lesões podem ocorrer em qualquer idade, sendo comuns tanto em recém-nascidos quanto em adultos.
Os miliuns surgem devido à obstrução de folículos pilossebáceos ou ductos sudoríparos, resultando no acúmulo de queratina no interior da pele. Além da forma primária, que ocorre espontaneamente, existem formas secundárias associadas a traumatismos, dermoabrasão, cicatrizes, queimaduras e doenças bolhosas, como a epidermólise bolhosa.
A forma primária surge frequentemente nos dois terços superiores da face, especialmente ao redor dos olhos. Já a forma secundária pode ocorrer em áreas cicatriciais ou traumatizadas. Em recém-nascidos, as lesões são comuns e geralmente desaparecem espontaneamente em algumas semanas.
Existe também uma variante em placa, que ocorre em áreas como a região auricular, onde múltiplas lesões se formam sobre uma base eritematosa e edematosa. Além disso, o milium pode estar associado a síndromes genéticas, como a síndrome de Rombo e a síndrome orodígito-facial.
O tratamento pode ser feito por remoção mecânica, com a abertura da lesão utilizando uma agulha estéril para extrair o material queratinoso. Em casos de múltiplas lesões, pode-se utilizar ácido retinoico tópico. A variante em placa pode responder à minociclina via oral.
Cistos pré-auriculares
Os cistos pré-auriculares são defeitos congênitos relativamente comuns, resultantes de falhas na fusão das estruturas embrionárias responsáveis pela formação da orelha. Podem ter caráter hereditário, transmitidos de forma autossômica dominante.
Esses cistos se apresentam como pequenos nódulos ou invaginações localizados na região pré-auricular, geralmente unilaterais e mais frequentes na hemiface direita. Embora, na maioria dos casos, sejam assintomáticos, podem sofrer infecções secundárias, levando a inflamação e drenagem de líquido.
Na maioria das vezes, não estão associados a outras alterações sistêmicas. No entanto, em alguns casos raros, podem estar relacionados a perda auditiva e a síndromes genéticas.
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Referências
RIVITTI, Evandro A. Manual de dermatologia clínica de Sampaio e Rivitti. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2024. E-pub. ISBN 978-85-367-0279-7.
Adam O Goldstein, MD, MPH. Overview of benign lesions of the skin. UpToDate, 2024. disponível em: UpToDate