Resumo sobre Diarreia Funcional: definição, manifestações clínicas e mais!
Fonte: UpToDate

Resumo sobre Diarreia Funcional: definição, manifestações clínicas e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a Diarreia Funcional, um distúrbio intestinal caracterizado por evacuações frequentes e de consistência mais líquida, na ausência de alterações estruturais ou inflamatórias detectáveis. 

O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprofundar seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica cada vez mais eficaz e segura.

Vamos nessa!

Definição de Diarreia Funcional

A diarreia funcional é um distúrbio do funcionamento intestinal caracterizado pela presença crônica de evacuações amolecidas ou aquosas, sem que haja uma causa orgânica identificável que explique os sintomas. 

Trata-se de uma condição inserida no grupo dos distúrbios de interação intestino-cérebro, em que alterações na motilidade, na sensibilidade visceral e na comunicação entre o sistema nervoso central e o trato gastrointestinal contribuem para o quadro clínico. 

Diferencia-se de outras doenças intestinais porque não está associada a inflamação, infecção, alterações estruturais ou metabólicas, mas sim a um desarranjo funcional que compromete o ritmo e a consistência das evacuações. 

Essa condição pode impactar de forma significativa a qualidade de vida dos indivíduos, principalmente pelo desconforto e pela imprevisibilidade dos episódios de diarreia, exigindo avaliação clínica cuidadosa para exclusão de causas orgânicas e definição da melhor abordagem terapêutica.

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Diferença entre Síndrome do Intestino Irritável e Diarreia Funcional

A principal diferença entre a diarreia funcional e a síndrome do intestino irritável com diarreia está na presença da dor abdominal como sintoma central. Na síndrome do intestino irritável, a dor abdominal recorrente é obrigatória para o diagnóstico, ocorrendo em média pelo menos uma vez por semana nos últimos três meses, associada a alterações na frequência ou na forma das evacuações. Já na diarreia funcional, embora a dor possa estar presente em alguns casos, ela não é o sintoma predominante nem motivo principal de procura por atendimento médico.

Na diarreia funcional, o quadro clínico é dominado pela eliminação de fezes soltas ou aquosas em mais de 25% das evacuações, acompanhada muitas vezes de urgência evacuatória e aumento da frequência, sem predomínio de dor ou distensão abdominal significativa. Em contrapartida, na síndrome do intestino irritável, além da diarreia, a dor abdominal é considerada um componente indispensável e definidor, que diferencia a síndrome de outros distúrbios funcionais.

Outro ponto importante é que a síndrome do intestino irritável costuma estar mais associada a sintomas psicológicos, como ansiedade e somatização, enquanto na diarreia funcional essa relação é menos evidente, segundo o documento. Apesar dessas diferenças, as duas condições podem se sobrepor e são vistas como parte de um espectro de distúrbios de interação intestino-cérebro, o que por vezes dificulta a distinção clínica entre elas.

Epidemiologia da Diarreia Funcional

A diarreia funcional é um distúrbio intestinal relativamente frequente, cuja prevalência varia de acordo com o método de investigação e os critérios diagnósticos aplicados. Estudos baseados nos critérios de Roma IV estimam que a condição afete entre 1% e 5% da população mundial. 

Em uma pesquisa online com mais de 54 mil indivíduos de 26 países, a prevalência foi de 4,7%, enquanto em um inquérito domiciliar com 19 mil participantes, em nove países, foi de 1,2%, mostrando que a forma de coleta de dados influencia as estimativas.

A condição é mais prevalente que a síndrome do intestino irritável com diarreia, embora haja sobreposição entre ambas, o que as coloca dentro de um espectro de distúrbios funcionais intestinais. 

Diferenças regionais, hábitos alimentares e fatores socioculturais também influenciam sua expressão. Apesar de não ter base orgânica identificável, a diarreia funcional causa impacto relevante na qualidade de vida, com desconforto, limitação social e imprevisibilidade dos sintomas, reforçando a importância do seu reconhecimento epidemiológico para orientar o diagnóstico e o manejo clínico.

Manifestações clínicas da Diarreia Funcional

As manifestações clínicas da diarreia funcional são caracterizadas principalmente pela presença de evacuações frequentes com fezes amolecidas ou aquosas, sem queixas predominantes de dor abdominal. Essa distinção em relação à síndrome do intestino irritável com diarreia é fundamental, já que na diarreia funcional a dor pode até ocorrer, mas não é o sintoma central nem o motivo principal da procura por atendimento.

O sintoma dominante é a alteração da consistência das fezes, que se apresentam soltas ou aquosas em mais de 25% das evacuações. Esse quadro tende a ser persistente ou recorrente, com duração mínima de três meses e início dos sintomas há pelo menos seis meses. Muitos pacientes relatam urgência evacuatória e aumento da frequência das evacuações, mas geralmente não apresentam distensão abdominal incômoda como queixa central.

O documento ressalta que, apesar da ausência de dor abdominal como manifestação predominante, alguns indivíduos com diarreia funcional podem apresentar desconforto abdominal ocasional. Também é descrita certa sobreposição de sintomas com a síndrome do intestino irritável, o que reforça a ideia de que ambas as condições fazem parte de um contínuo de distúrbios funcionais do intestino.

Diagnóstico da Diarreia Funcional

O diagnóstico da diarreia funcional baseia-se principalmente em uma abordagem clínica fundamentada nos critérios de Roma IV, aliados à exclusão de sinais de alarme e de doenças orgânicas que possam justificar o quadro. Segundo o documento, recomenda-se um diagnóstico positivo guiado pelos sintomas, evitando a realização de exames extensos, mas sempre com avaliação mínima obrigatória para afastar condições como doença celíaca, doença inflamatória intestinal e infecções.

Critérios de Roma IV para diarreia funcional

De acordo com os critérios de Roma IV, a diarreia funcional é definida pela presença de:

  • Fezes soltas ou aquosas em mais de 25% das evacuações;
  • Ausência de dor abdominal predominante ou distensão abdominal incômoda como queixa principal;
  • Sintomas presentes nos últimos 3 meses, com início há pelo menos 6 meses;
  • Exclusão de pacientes que preencham critérios para síndrome do intestino irritável com diarreia.

Abordagem diagnóstica recomendada

O documento destaca que, embora o diagnóstico seja essencialmente clínico, é necessário realizar uma avaliação básica, incluindo:

  • Hemograma e proteína C reativa (PCR);
  • Sorologia para doença celíaca;
  • Calprotectina fecal para excluir doença inflamatória intestinal;
  • Consideração de diarreia por ácidos biliares;
  • Colonoscopia com biópsias em pacientes acima de 50 anos ou na presença de sinais de alarme.

Tratamento da Diarreia Funcional

O tratamento da diarreia funcional, conforme descrito no documento, é voltado para o controle dos sintomas e para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, uma vez que não existe uma cura definitiva para o distúrbio. 

As recomendações terapêuticas baseiam-se em medidas dietéticas, farmacológicas e, em casos selecionados, em intervenções psicológicas, embora muitas das evidências disponíveis sejam extrapoladas de estudos sobre síndrome do intestino irritável com diarreia.

Medidas dietéticas

  • Dieta com baixo teor de FODMAPs: pode ser útil no controle dos sintomas, sobretudo em casos em que outras estratégias falharam.
  • Restrição de glúten: não é recomendada rotineiramente, pois não há evidências que sustentem benefício em pacientes com diarreia funcional.

Tratamento farmacológico

  • Loperamida: é a medicação de primeira escolha, por reduzir a motilidade intestinal, controlar a frequência e melhorar a consistência das evacuações;
  • Sequestrantes de ácidos biliares (como colestiramina): indicados em casos em que a diarreia se relaciona à má absorção de ácidos biliares, condição que pode corresponder a até um terço dos casos de FDr. Se não houver acesso a exames confirmatórios, pode-se considerar um teste terapêutico;
  • Rifaximina: antibiótico não absorvível que modula a microbiota intestinal. A evidência de benefício na diarreia funcional é limitada, mas pode ser considerada em casos refratários;
  • Probióticos: alguns estudos sugerem melhora global dos sintomas, mas os resultados são inconsistentes e não permitem recomendação forte.

Abordagem psicológica

  • Terapias direcionadas ao eixo intestino-cérebro, como a terapia cognitivo-comportamental, podem ser úteis, mas a evidência é restrita para FDr, sendo melhor estabelecida para IBS-D.

Tratamentos não recomendados

  • Mesalazina, antidepressivos ISRS e transplante de microbiota fecal não são recomendados para pacientes com diarreia funcional, devido à falta de eficácia demonstrada.

Extensivo RM

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Referências

Savarino E, Zingone F, Barberio B, Marasco G, Akyuz F, Akpinar H, Barboi O, Bodini G, Bor S, Chiarioni G, Cristian G, Corsetti M, Di Sabatino A, Dimitriu AM, Drug V, Dumitrascu DL, Ford AC, Hauser G, Nakov R, Patel N, Pohl D, Sfarti C, Serra J, Simrén M, Suciu A, Tack J, Toruner M, Walters J, Cremon C, Barbara G. Functional bowel disorders with diarrhoea: Clinical guidelines of the United European Gastroenterology and European Society for Neurogastroenterology and Motility. United European Gastroenterol J. 2022 Jul;10(6):556-584. doi: 10.1002/ueg2.12259. Epub 2022 Jun 13. PMID: 35695704; PMCID: PMC9278595.

Tack J. Functional diarrhea. Gastroenterol Clin North Am. 2012 Sep;41(3):629-37. doi: 10.1016/j.gtc.2012.06.007. Epub 2012 Jun 28. PMID: 22917168.

Peter A L Bonis, MDJ Thomas Lamont, MD. Approach to the adult with chronic diarrhea in resource-abundant settings. UpToDate, 2025. Disponível em: UpToDate

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