E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre a Donovanose, uma das várias Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
O Estratégia MED está preparado para compartilhar um novo conceito que certamente enriquecerá sua jornada na área médica.
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Definição de Donovanose
A donovanose, também chamada de granuloma inguinal, úlcera serpiginosa ou granuloma esclerosante, é uma infecção crônica e progressiva transmitida principalmente por via sexual.
Ela é causada pela bactéria Klebsiella granulomatis, anteriormente conhecida como Calymmatobacterium granulomatis, e geralmente resulta em lesões cutâneas genitais.
Embora seja considerada menos contagiosa do que outras doenças sexualmente transmissíveis, como sífilis e gonorréia, os detalhes exatos de como ela é transmitida ainda não são completamente compreendidos.
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Quadro clínico de Donovanose
A donovanose, também conhecida como granuloma inguinal, é uma infecção sexualmente transmissível caracterizada por lesões cutâneas genitais que podem se apresentar de várias formas. Inicialmente, as lesões podem aparecer como nódulos subcutâneos ou pápulas indolores na região genital, anal, perianal ou inguinal.
Com o tempo, esses nódulos podem aumentar de tamanho e necrosar, formando úlceras indolores com bordas elevadas e enroladas. Um aspecto distintivo das úlceras da donovanose é a tendência a sangrar facilmente e ter um fundo granuloso de aspecto vermelho vivo e carnudas.
Além das úlceras, outros sintomas podem estar presentes, como inchaço na região genital e a presença de caroços ou nódulos no pênis, vulva ou ânus que geralmente não causam dor. As lesões podem evoluir para feridas com aspecto de verruga e bordas irregulares, úlceras úmidas que aumentam ao longo do tempo ou úlceras profundas, sensíveis ao toque, e com mau cheiro.
É importante notar que a linfadenopatia, ou seja, o inchaço dos gânglios linfáticos, é menos comum na donovanose, embora as lesões nodulares possam se apresentar como pseudobubões na região inguinal.
Essas características clínicas, juntamente com a natureza crônica e progressiva da infecção, são típicas da donovanose, uma patologia causada pela bactéria Klebsiella granulomatis.
Embora a donovanose seja considerada de baixa transmissibilidade em comparação com outras infecções sexualmente transmissíveis mais comuns, como a sífilis ou a gonorréia, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar complicações graves, como a destruição do tecido genital e a disseminação da infecção para outros órgãos do corpo.
Principais características da lesão
- Inicialmente, pápulas ou nódulos subcutâneos indolores.
- Aumento de tamanho e necrose, formando úlceras indolores.
- Úlceras com bordas hipertróficas, fundo granuloso e aspecto vermelho vivo.
- Tendência a sangrar facilmente.
- Ulceração lenta e progressiva, podendo tornar-se vegetante ou úlcero-vegetante.
- Lesões múltiplas, frequentemente assumindo configuração em espelho.
Diagnóstico de Donovanose
Quando uma úlcera persiste por mais de quatro semanas e não responde aos tratamentos comuns para úlceras genitais não vesiculares, como aqueles usados para tratar sífilis e cancro mole, é importante considerar a possibilidade de donovanose ou até mesmo causas relacionadas a câncer.
Nesses casos, é recomendado realizar uma biópsia para investigação mais detalhada. A biópsia é uma ferramenta importante para obter informações precisas sobre a causa da úlcera e orientar o tratamento adequado.
O diagnóstico da donovanose é confirmado por meio da identificação de corpúsculos de Donovan ao exame microscópico de uma amostra corada com Wright-Giemsa. Estes corpúsculos, também conhecidos como inclusões intracelulares, são estruturas características da bactéria Klebsiella granulomatis, responsável pela donovanose. No entanto, é importante observar que, atualmente, não existem testes de PCR aprovados pela FDA para detectar o DNA específico de C. granulomatis.
Para realizar o exame microscópico, é necessária uma amostra de biópsia da úlcera ou uma preparação de esmagamento de tecido, onde se procura pelos corpúsculos de Donovan. Essa abordagem permite uma avaliação direta das lesões e a identificação precisa da presença da bactéria causadora da donovanose.
Microfotografia de uma célula mononuclear contendo corpos de Donovan. O corante Wright-Giemsa produz uma aparência de “cápsula totalmente fechada”
Donovanose e HIV
A presença de donovanose pode indicar comportamentos de risco para infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), incluindo o HIV. Isso pode ser especialmente relevante em áreas onde a prevalência do HIV é alta.
Entretanto, não existe uma relação comprovada entre essas duas infeções sexualmente transmissíveis.
Tratamento de Donovanose
O tratamento da donovanose é essencial para interromper o progresso das lesões e promover a cicatrização. No entanto, pode ser um processo demorado, e as lesões podem persistir por várias semanas até meses após o início do tratamento. É importante notar que a formação de tecido de granulação na base da úlcera e a reepitelização podem ser lentas e podem não ocorrer imediatamente.
O tratamento da donovanose geralmente envolve o uso de antibióticos e diferentes opções estão disponíveis com base na preferência do médico e na disponibilidade local. A azitromicina, a doxiciclina e o ciprofloxacino são exemplos comuns de antibióticos usados no tratamento da donovanose. A duração do tratamento geralmente é de pelo menos três semanas ou até a cicatrização completa das lesões.
É importante notar que, apesar do tratamento, podem ocorrer recidivas da doença até 18 meses após um tratamento considerado eficaz. Portanto, um acompanhamento cuidadoso e monitoramento das lesões são essenciais mesmo após a conclusão do tratamento inicial.
É crucial entender que o critério de cura da donovanose é o desaparecimento completo da lesão, e o tratamento deve ser continuado até que isso seja alcançado. As sequelas resultantes da destruição tecidual ou obstrução linfática podem exigir intervenção cirúrgica para correção.
Devido à baixa infectividade da donovanose, não é necessário tratar as parcerias sexuais. No entanto, é importante educar e aconselhar os pacientes sobre práticas seguras de sexo para prevenir a disseminação de outras infecções sexualmente transmissíveis.
Opção de Tratamento | Dosagem e Administração | Duração do Tratamento |
---|---|---|
Azitromicina(primeira opção) | 500mg, 2 comprimidos, via oral, uma vez por semana | Pelo menos três semanas ou até cicatrização |
Doxiciclina | 100mg, via oral, de 12 em 12 horas | Pelo menos 21 dias ou até o desaparecimento das lesões |
Ciprofloxacino | 750mg, via oral, de 12 em 12 horas | Pelo menos 21 dias ou até o desaparecimento das lesões |
Sulfametoxazol-trimetoprim | (400/80mg), 2 comprimidos, via oral, duas vezes ao dia | No mínimo 3 semanas, ou até a cicatrização das lesões |
Se não houver melhora na aparência da lesão nos primeiros dias de tratamento com ciprofloxacino, é recomendado incluir um aminoglicosídeo, como a gentamicina 1mg/kg/dia, EV, 3x/dia, por pelo menos três semanas ou até cicatrização das lesões.
De olho na prova!
Não pense que esse assunto fica fora das provas, seja da faculdade, concurso ou residência. Veja um exemplo logo abaixo:
SP – HOSPITAL SÃO CAMILO – HSCSP – 2023 – RESIDÊNCIA (ACESSO DIRETO)
Paciente de 31 anos comparece ao PS com quadro de lesão em grande lábio vaginal à direita, indolor que surgiu há 4 semanas. Inicialmente era única, mas aumentou de tamanho e surgiu outra em espelho, no grande lábio vaginal à esquerda. Nega corrimento vaginal, mas relata que as lesões sangram facilmente. Sem parceiro atualmente e relata nunca ter feito uso de preservativo como método contraceptivo.
Assinale a alternativa com a hipótese diagnóstica correta.
A) Donovanose
B Linfogranuloma venéreo
C Cancro duro
D) Herpes genital
Opção correta: Alternativa “A”
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Referências
CUNNINGHAM, G. Ginecologia de Williams. 2ª Edição. Editora: McGrawHill, 2014.
Tratado de Ginecologia FEBRASGO – 1. ed. – Rio de Janeiro: Elsevier, 2019. BEREK, J.S.
Susan Tuddenham, MD, MPHKhalil G Ghanem, MD, PhD. Approach to the patient with genital ulcers. UpToDate, 2022. Disponível em: UpToDate