E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a Epicondilite Lateral, condição comum em praticantes de atividades repetitivas com os membros superiores, caracterizada por dor na região do cotovelo, especialmente no ponto de inserção dos extensores do punho.
O Estratégia MED está aqui para simplificar esse assunto e apoiar seu aprofundamento teórico e prático, contribuindo para diagnósticos mais precisos e condutas cada vez mais eficazes na rotina médica.
Vamos nessa!
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Definição de Epicondilite Lateral
A epicondilite lateral, também conhecida como tendinopatia lateral do cotovelo, é uma condição musculoesquelética caracterizada por dor na região do epicôndilo lateral do úmero, local onde se originam os tendões extensores do punho, especialmente o músculo extensor radial curto do carpo.
A dor geralmente resulta de alterações degenerativas crônicas na inserção tendínea ou na junção miotendínea desses músculos, associadas ao uso repetitivo e excessivo do membro superior.
Apesar de ser popularmente chamada de “cotovelo de tenista”, a epicondilite lateral não acomete apenas atletas. É comum também em trabalhadores que realizam atividades manuais repetitivas, como movimentos de preensão, extensão e rotação do punho e antebraço.
Embora o termo “epicondilite” sugira um processo inflamatório, evidências histológicas indicam que, na maioria dos casos, a lesão tem caráter degenerativo, com pouca ou nenhuma inflamação aguda. Por isso, expressões como “tendinopatia” ou “tendinose” são mais apropriadas do ponto de vista fisiopatológico.
A epicondilite lateral é uma das causas mais frequentes de dor no cotovelo em adultos e pode levar a significativa limitação funcional, comprometendo atividades diárias, desempenho ocupacional e qualidade de vida.
Epidemiologia da epicondilite lateral
A epicondilite lateral é uma das causas mais comuns de dor no cotovelo em adultos em idade produtiva. Estudos indicam que sua prevalência na população geral gira em torno de 1 a 3%, sendo mais frequente do que a tendinopatia medial do cotovelo. Em ambientes de atenção primária à saúde, a incidência é de aproximadamente 0,4 a 0,7%.
Entre praticantes recreativos de tênis, a epicondilite lateral é a lesão mais frequente no cotovelo, responsável por até 20% das lesões relatadas. Em uma pesquisa com jogadores da United States Tennis Association (USTA), observou-se uma incidência de 0,6 lesões por 1.000 horas jogadas, com uma prevalência de 10,6 lesões para cada 100 jogadores, sendo a idade média dos participantes de 46,9 anos.
Fatores de risco para epicondilite lateral
- Idade entre 45 e 54 anos;
- Movimentos repetitivos do punho e antebraço por mais de duas horas diárias;
- Esforço físico vigoroso (como levantar cargas acima de 20 kg);
- Uso frequente do braço dominante;
- Atividades ocupacionais com alta demanda física;
- Prática recreativa de esportes, especialmente tênis, com técnica inadequada.
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Fisiopatologia da Epicondilite lateral
A epicondilite lateral, representa uma degeneração crônica do tendão, especialmente do músculo extensor radial curto do carpo, e não um processo inflamatório agudo, como o termo “epicondilite” originalmente sugere.
Histologicamente, a condição é descrita como uma tendinose angiofibroblástica, caracterizada por colágeno desorganizado, aumento de substância fundamental, proliferação de fibroblastos e neovascularização, com escassez de células inflamatórias.
A principal estrutura acometida é a origem do extensor comum no epicôndilo lateral do úmero, onde o estresse repetitivo leva a microtraumas cumulativos, favorecendo a degeneração da matriz tendínea.
Estudos com ultrassonografia e Doppler colorido demonstram que a presença de neovasos nessa região está correlacionada com a dor, sugerindo que a neovascularização anormal pode contribuir para a perpetuação dos sintomas.
O processo patológico inicia-se geralmente por movimentos repetitivos e vigorosos, especialmente em atividades que envolvem contração excêntrica do punho e antebraço, isto é, quando o tendão é alongado enquanto está sob carga.
Esse tipo de carga, comum em atividades ocupacionais manuais e esportes como o tênis, provoca microlesões no tecido tendíneo. A persistência dessas cargas sobre um tendão já lesionado e com estrutura desorganizada dificulta o reparo adequado, levando à cronicidade do quadro.
Erros biomecânicos também desempenham papel importante no desenvolvimento da epicondilite. No esporte, por exemplo, o uso inadequado do punho ou antebraço em golpes como o backhand no tênis, especialmente com uma mão, impõe maior carga excêntrica sobre os extensores do antebraço.
Manifestações clínicas da tendinopatia do cotovelo
A epicondilite lateral caracteriza-se por dor na região lateral do cotovelo, geralmente associada ao uso excessivo dos músculos extensores do punho e dos dedos.
- Dor localizada sobre o epicôndilo lateral do úmero, podendo irradiar para o antebraço.
- Desconforto ao realizar atividades que envolvam extensão do punho, como segurar objetos, girar maçanetas ou levantar pesos.
- Dificuldade para tarefas simples do dia a dia, como apertar as mãos ou carregar sacolas.
- Em casos mais avançados, pode ocorrer redução da força de preensão.
Achados ao exame físico
- Sensibilidade à palpação sobre o epicôndilo lateral e a origem dos músculos extensores do punho.
- Teste de Cozen: dor ao realizar extensão resistida do punho, com o cotovelo em extensão completa.
- Dor durante a flexão passiva do punho, também com o cotovelo estendido.
- Teste do livro: dor ao sustentar um livro pesado com o braço estendido e a palma da mão voltada para baixo.
- Teste do cotovelo de tenista: dor provocada ao resistir à extensão, pronação e desvio radial do punho com o cotovelo estendido.
Diagnóstico de Epicondilite lateral
O diagnóstico da epicondilite lateral do cotovelo é, em sua maioria, clínico, baseado na história de dor lateral progressiva relacionada a movimentos repetitivos do punho e em achados de exame físico típicos, como dor à palpação do epicôndilo lateral e dor com extensão resistida do punho.
A ultrassonografia musculoesquelética (USM) pode ser utilizada como apoio, especialmente em casos persistentes ou atípicos, revelando espessamento tendíneo, rupturas parciais ou neovascularização.
Radiografias são indicadas se houver suspeita de lesões ósseas ou mobilidade articular reduzida, e a ressonância magnética pode ser útil em casos refratários, para avaliar a necessidade de cirurgia.
Tratamento da Epicondilite lateral
O tratamento da epicondilite lateral (tendinopatia lateral do cotovelo) envolve uma abordagem escalonada, com medidas conservadoras sendo eficazes na maioria dos casos.
Tratamento inicial
- Modificação de atividade: evitar movimentos repetitivos e corrigir falhas biomecânicas.
- Órteses: Uso de faixa de contraforça ou manga compressiva para reduzir a tensão tendínea.
- Fisioterapia: baseada em exercícios excêntricos e isométricos, associados a mobilidade articular e fortalecimento progressivo.
- Analgésicos e anti-inflamatórios: uso de AINEs tópicos ou orais em curto prazo. Gelo pode ser usado após atividades provocativas.
Tratamentos auxiliares e intervenções
- Injeções de glicocorticoide: Melhoram a dor a curto prazo, mas associam-se a piores desfechos no longo prazo. Devem ser usadas com cautela, idealmente de forma única e guiadas por ultrassom.
- Nitroglicerina tópica: Pode melhorar sintomas e função em alguns pacientes.
- Terapias biológicas: PRP e sangue autólogo têm resultados variáveis e devem ser reservados para casos refratários.
- Proloterapia e toxina botulínica A: Usadas experimentalmente para induzir resposta inflamatória, com benefícios modestos e risco de fraqueza muscular.
- Injeção de polidocanol: Procedimento experimental para tratar neovascularização.
- Tenotomia percutânea por agulha: Técnica que visa estimular a cicatrização do tendão, geralmente guiada por ultrassom.
Tratamento cirúrgico
Reservado para casos graves e refratários ao tratamento conservador por pelo menos 6 a 12 meses. Pode ser realizado por via aberta, artroscópica ou percutânea, com resultados semelhantes entre as técnicas.
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A epicondilite lateral de cotovelo é uma causa comum de dor em indivíduos de ambos os sexos, principalmente entre 40 e 60 anos de idade. O diagnóstico é clínico na maioria dos casos. No exame físico, o paciente deverá referir dor ao realizar a seguinte manobra:
A) flexão do punho contrarresistência.
B) flexão passiva do punho.
C) extensão do punho contrarresistência.
D) pronação do antebraço contrarresistência.
E) supinação passiva do antebraço.
O que o examinador quer saber com esta pergunta?
Avaliação física do paciente com epicondilite lateral.
O que você precisa saber para responder a esta pergunta?
Epicondilites do cotovelo
São inflamações da inserção da musculatura do antebraço no cotovelo, causadas por esforço repetitivo. A epicondilite lateral, também conhecida como cotovelo do tenista, é a mais comum e afeta a musculatura extensora-supinadora do cotovelo; a epicondilite medial, ou cotovelo do golfista, é 10 vezes menos comum e afeta a musculatura flexo-pronadora.
O exame clínico diagnóstico da epicondilite lateral é o teste de Cozen: com o covotelo fletido em 90 graus e pronado, faz-se a extensão do punho contra resistência. O paciente refere dor na região do epicôndilo lateral, onde se insere a musculatura.
A) Incorreta a alternativa A: a flexão do punho contra-resistência, com o cotovelo estendido, pode gerar uma dor no epicôndilo medial, na epicondilite medial, apenas.
B) Incorreta a alternativa B: este movimento não afeta a musculatura envolvida.
C) Correta a alternativa C: este é o teste de Cozen.
D) Incorreta a alternativa D: este é um teste para o pronador redondo. O seu reverso (supinação resistida) é o teste de Yergason para tendinite bicipital.
E) Incorreta a alternativa E: também não afeta a musculatura envolvida na epicondilite lateral.
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Referências
Neeru Jayanthi, MD. Elbow tendinopathy (tennis and golf elbow). UpToDate. 2025. Disponível em: UpToDate