Resumo sobre Esplenomegalia: O que é, quando pode acontecer e mais!

Resumo sobre Esplenomegalia: O que é, quando pode acontecer e mais!

E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre esplenomegalia, um sinal bem característico que pode ser visualizado, inicialmente, sem nenhum exame de imagem, apenas um bom exame físico já pode identificar.

O Estratégia MED vai te ajudar em mais uma definição, que com certeza vai auxiliar nos seus conhecimentos para ser um profissional melhor. Mas antes de saber sobre essa alteração, temos que entender que órgão afeta e qual a sua fisiologia. Vamos lá!

O que é esplenomegalia

A esplenomegalia não é considerada uma doença por si só, mas sim um sintoma ou manifestação de um quadro clínico mais abrangente. 

Ela é caracterizada pelo aumento do tamanho do baço e pode ser uma resposta a diversas condições, incluindo doenças hematológicas ou outras doenças primárias que afetam outros órgãos ou sistemas do corpo. 

Portanto, a esplenomegalia é vista como um sinal que indica a necessidade de investigação mais aprofundada para identificar a causa subjacente, analisando outros sinais e sintomas que ajudarão a determinar a afecção primária.

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Anatomia e fisiologia do baço

O baço é um órgão localizado no quadrante superior esquerdo do abdômen, abaixo do diafragma e adjacente às costelas inferiores, ao estômago, ao cólon sigmoide e ao rim esquerdo. Sua posição anatômica o coloca em estreita proximidade com outros órgãos abdominais.

Anatomicamente, o baço é composto por duas regiões distintas: a polpa branca e a polpa vermelha. A polpa branca é composta por tecido linfoide e desempenha um papel crucial no sistema imunológico, atuando na produção de linfócitos e na resposta imune a patógenos. 

Por outro lado, a polpa vermelha é responsável pela filtragem do sangue, removendo os glóbulos vermelhos envelhecidos e participando da reserva de sangue.

Esse órgão participa da homeostase imunológica e hematológica. Ele desempenha várias funções fisiológicas importantes, incluindo a produção de células sanguíneas durante a vida fetal, a destruição de glóbulos vermelhos envelhecidos, a filtragem de microrganismos e partículas do sangue, e o armazenamento temporário de sangue.

A estrutura altamente vascularizada do baço o torna suscetível a uma variedade de condições patológicas, como a esplenomegalia, que é a ampliação do baço, e outras desordens esplênicas que podem afetar sua função e integridade.

Baço
Fonte: Atlas de Anatomia Humana – Netter – 7ª Edição

Causas de esplenomegalia

Podemos separar as principais causas de esplenomegalia em alguns grupos que são formados de acordo com a origem:

CATEGORIACAUSAS
Congestivas– Insuficiência cardíaca congestiva
– Cirrose hepática
– Trombose das veias hepáticas (síndrome de Budd-Chiari)
– Cisto pancreático (compressão da veia esplênica)
InfecciosasInfecção por vírus
– Hepatite viral
– Mononucleose infecciosa
– HIV
Infecção bacteriana
– Febre tifoide
– Endocardite bacteriana
– Brucelose
– Sífilis secundária
– Leptospirose
Infecção por protozoários
– Malária
– Leishmaniose visceral (Calazar)
Infestação por metazoários
– Esquistossomose
Inflamatórias não infecciosas– Lúpus eritematoso disseminado
– Artrite reumatoide (síndrome de Felty)
Anemias– Anemias hemolíticas
– Outras anemias (ferropriva, megaloblástica)
Hipertrofia de depósito– Doença de Gaucher
– Doença de Niemann-Pick
Neoplasias– Metástases (raras)
Neoplasias do sistema linfo-hematopoético
– Linfomas
– Leucemias agudas
– Síndromes mielodisplásicas
– Leucemia linfoide crônica
– Leucemia prolinfocítica
– Macroglobulinemia de Waldenström
– Tricoleucemia (hairy cell leukemia)
– Leucemia mieloide crônica
– Mielofibrose
– Policitemia vera
Outras Causas– Cistos ou abscessos esplênicos
– Hemangiomas
– Sarcoidose
– Histiocitoses
– Doença de Castleman (hiperplasia linfoide de células gigantes)

Manifestações clínicas da esplenomegalia

A esplenomegalia, independentemente de sua origem subjacente, tem o potencial de provocar uma variedade de sintomas ou sinais que se manifestam no corpo. Este aumento no tamanho do baço pode desencadear uma série de manifestações clínicas, cuja natureza e gravidade podem variar:

  • Geralmente esplenomegalia é indolor;
  • Sensação de peso e desconforto no hipocôndrio ou hemiabdome esquerdo;
  • Saciedade precoce;
  • Plenitude abdominal ou distensão;
  • Dor referida no peito ou no ombro esquerdo;
  • Faringite, especialmente em adultos jovens (sugere mononucleose infecciosa);
  • Sintomas B (como febre, sudorese noturna e perda de peso) associados a possível neoplasia (linfoma, neoplasia mieloproliferativa, tumor sólido metastático); e
  • Consumo significativo de álcool ou doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) podem indicar fibrose hepática ou cirrose.

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Exame físico

  • Febre – pode estar presente em infecções ou neoplasias hematológicas;
  • Sensibilidade do baço – sugere possibilidade de infarto, ruptura ou infecção aguda;
  • Ascite ou edema periférico – observados em casos de doença hepática grave e/ou obstrução vascular;
  • Tez rubra – pode ser observada na policitemia vera (PV).

Observações sobre o tamanho do baço: Um baço maciçamente aumentado que ultrapassa a linha média ou se estende até a pelve é frequentemente associado a neoplasias mieloproliferativas, linfoma, leucemia de células pilosas (LCP), talassemia dependente de transfusão, doença de Gaucher ou síndrome de esplenomegalia tropical. 

Exames laboratoriais para a esplenomegalia

Alguns exames laboratoriais podem ser usados não para descobrir a esplenomegalia em si, mas sim, o que está levando ao aumento do baço:

  • Hemograma completo e esfregaço sanguíneo – Anormalidades no hemograma completo e no esfregaço sanguíneo geralmente podem sugerir uma classe de distúrbios hematológicos.
  • Células brancas do sangue imaturas ou anormais – Distúrbios linfoproliferativos ou mieloproliferativos.
  • Citopenias – Doença hepática com hiperesplenismo, AHAI, PTI, síndrome de Felty ou distúrbios congênitos (por exemplo, anemias hemolíticas hereditárias).
  • Células em forma de lágrima ou foice – Mielofibrose ou talassemia.
  • Testes de função hepática – são frequentemente úteis para determinar a contribuição da doença hepática; no entanto, elevações leves são inespecíficas e podem ser resultado de infecção ou envolvimento hepático por outro distúrbio.
  • Teste de HIV pode ser apropriado se nenhuma outra causa de esplenomegalia for imediatamente aparente.
  • Hemoculturas são obtidas se houver suspeita de infecção.
  • Sorologias podem ser usadas para diagnosticar certos patógenos.

Exames de imagem para a esplenomegalia

Em um exame físico minucioso, é possível observar a esplenomegalia. Entretanto, pode-se usar de exames de imagem para visualizar o baço:

  • Ultrassonografia abdominal: A ultrassonografia é frequentemente o exame inicial de escolha para avaliar a esplenomegalia, pois é não invasiva e amplamente disponível. Ela pode fornecer informações detalhadas sobre o tamanho, a forma e a textura do baço, bem como identificar possíveis anormalidades, como massas ou lesões.
  • Tomografia computadorizada (TC) abdominal: A TC abdominal é útil para avaliar a esplenomegalia em maior detalhe, fornecendo imagens transversais de alta resolução que podem ajudar a identificar a causa subjacente da esplenomegalia, como infecções, doenças hematológicas ou malignidades.
  • Ressonância magnética (RM) abdominal: A RM abdominal pode ser utilizada para avaliar a esplenomegalia, especialmente em casos em que a TC não é adequada, como em pacientes com alergia ao contraste ou em situações em que é necessária uma avaliação mais detalhada da anatomia e da função do baço.

Além desses exames de imagem, outros métodos, como cintilografia com tecnécio, podem ser utilizados em circunstâncias específicas para avaliar a função do baço e identificar possíveis anormalidades.

Tratamento para esplenomegalia

O tratamento da esplenomegalia depende da causa subjacente e da gravidade dos sintomas. Geralmente, o foco está em tratar a condição primária que está causando a esplenomegalia. Isso pode envolver o uso de antibióticos, terapias específicas para distúrbios hematológicos, tratamentos para doenças hepáticas ou terapias direcionadas para o câncer. 

Em alguns casos, o controle dos sintomas com analgésicos pode ser necessário. Em situações graves e persistentes, a esplenectomia (remoção cirúrgica do baço) pode ser considerada. 

O tratamento deve ser individualizado e baseado na avaliação clínica completa de cada paciente, incluindo a identificação da causa subjacente e a gravidade dos sintomas.

De olho na prova!

Não pense que esse assunto fica fora das provas, seja da faculdade, concurso ou residência. Veja um exemplo logo abaixo:

RJ – Centro Universitário Serra dos Órgãos – Unifeso (Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino –  2019

Estão CORRETAS sobre a avaliação clínica da esplenomegalia:

I. Os sintomas mais comuns das doenças do baço são dor e sensação de peso no quadrante superior esquerdo abdominal. A dor pode ser resultado de um crescimento agudo do baço com estiramento da cápsula, infarto ou inflamações capsulares.

Il. Oclusão vascular, com infarto e dor é comumente vista em crianças com crises falciformes.

Ill. Rotura do baço, por trauma ou doença infiltrativa que destrói a cápsula pode resultar em sangramento intraperitoneal, choque e morte.

IV. Um baço palpável é o principal sinal físico por doenças que o afetam e sugere aumento de seu volume.

V. Mesmo quando a doença está presente, a esplenomegalia pode não refletir doença primária, e sim uma reação a ela: pacientes com doença de Hodgkin, apenas dois terços dos baços palpáveis mostram envolvimento pelo câncer.

A) Todas.

B) Nenhuma.

C) I, Il e Ill.

D) II, Ill e IV.

E) III, IV e V.

Comentário da questão:

Opção correta: Alternativa “A”

Afirmação I correta: esplenomegalia pode cursar com dor por distensão da cápsula esplênica, além de sintomas compressivos por ocupação do quadrante superior esquerdo do abdômen, local onde o baço está alojado. Estes sintomas compressivos são principalmente o desconforto abdominal (sensação de peso) e dispepsia.

Afirmação Il correta: doenças que acometem o baço podem causar dor em hipocôndrio esquerdo por estiramento ou inflamação da cápsula de tecido conjuntivo que recobre o órgão. Inflamações da cápsula também cursar com quadros dolorosos.

Afirmação Ill correta: o baço é um órgão frequentemente acometido pelas crises de vaso-oclusão características da anemia falciforme, sofrendo inúmeros microinfartos ao longo da vida desses pacientes e evoluindo com fibrose, no processo conhecido como auto-esplenectomia.

Afirmação IV correta: como vimos acima, o baço não é normalmente palpável, já que seu tamanho habitual de 12cm não nos permite acessá-lo abaixo da caixa torácica.

No entanto, situações de crescimento primário (infiltração) ou secundário (reativo) do órgão fazem com que o verifiquemos ao exame físico, indicando situações possivelmente patológicas.

Afirmação V correta: a esplenomegalia pode ser decorrente da infiltração do baço por células neoplásicas ou doenças de depósito como amiloidose, ou ainda em reação a algum processo inflamatório ou infeccioso. Situações que aumentem o trabalho do órgão também causarão esplenomegalia, como anemias hemolíticas autoimunes ou púrpura trombocitopênica imune.

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Referências 

Bona, R., Means, T., & Tirnauer, J. Splenomegaly and other splenic disorders in adult. In: Hematology. UpToDate, 2021, p. 1-74.

USP. Tratado de Hematologia. cap. 9- O Paciente com Esplenomegalia. Disponível on-line. pp. 68-73.

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