Resumo sobre Síndrome de May-Thurner: definição, manifestações clínicas e mais!
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Resumo sobre Síndrome de May-Thurner: definição, manifestações clínicas e mais!

E aí, doc! Bora aprofundar mais um tema importante? Hoje o destaque vai para a Síndrome de May-Thurner, uma condição na qual a veia ilíaca comum esquerda é comprimida pela artéria ilíaca comum direita, favorecendo o surgimento de trombose venosa profunda nos membros inferiores.

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Partiu?

Definição de Síndrome de May-Thurner

A Síndrome de May-Thurner é uma condição anatômica e hemodinâmica caracterizada pela compressão extrínseca da veia ilíaca comum esquerda contra a coluna lombar, causada pela artéria ilíaca comum direita que a sobrepõe.

Também conhecida como síndrome de compressão venosa iliocava, síndrome de compressão da veia ilíaca, síndrome de Cockett ou esporão venoso, essa condição resulta em comprometimento do retorno venoso, levando à insuficiência venosa, estenose e, potencialmente, à obstrução da veia afetada. A compressão ocorre tipicamente no trajeto em que a artéria se origina da aorta e cruza sobre a veia, comprimindo-a contra as vértebras lombares inferiores.

As pulsações contínuas da artéria sobre a veia comprimida provocam lesão endotelial crônica, favorecendo a formação de bandas fibrosas intraluminais, conhecidas como esporões, que intensificam a estenose e podem predispor ao desenvolvimento de trombose venosa. Embora a variante anatômica mais frequente envolva a compressão da veia ilíaca comum esquerda, outras apresentações anatômicas também são descritas na literatura.

A importância clínica da Síndrome de May-Thurner reside no fato de ser uma causa frequentemente subdiagnosticada de trombose venosa profunda (TVP) do sistema iliofemoral, responsável por até 5% dos casos desse tipo de trombose.

Fatores de risco da Síndrome de May-Thurner

  • Sexo feminino, especialmente no pós-parto, multíparas ou usuárias de anticoncepcionais orais;
  • Presença de escoliose, que pode causar compressão da vértebra lombar inferior;
  • Desidratação;
  • Distúrbios hipercoaguláveis;
  • Exposição cumulativa à radiação.

Anatomia 

Anatomicamente, a configuração clássica envolve a veia ilíaca comum esquerda, que cruza obliquamente a frente da quinta vértebra lombar, situando-se imediatamente sob a artéria ilíaca comum direita. Esta artéria, ao cruzar sobre a veia, exerce uma pressão contínua contra a superfície óssea da vértebra, comprimindo o lúmen venoso e dificultando o retorno sanguíneo da extremidade inferior esquerda.

Esse ponto de compressão ocorre na junção entre o abdome inferior e a pelve, uma região onde as estruturas vasculares principais, as artérias e veias ilíacas comuns, passam muito próximas umas das outras, em um espaço relativamente restrito. 

A artéria ilíaca comum direita, de maior calibre e pulsátil, impõe força mecânica sobre a parede da veia ilíaca comum esquerda, que possui menor espessura e resistência. A exposição contínua a essa pressão resulta em alterações endoteliais, formação de tecido fibroso intraluminal e, eventualmente, na constituição de esporões venosos.

Além da variante clássica, outras formas anatômicas de STM podem ocorrer, como a compressão da veia ilíaca comum direita ou da veia cava inferior pela artéria ilíaca comum direita. Essas variantes decorrem das diferentes trajetórias que os vasos podem assumir em relação às estruturas ósseas pélvicas e lombares.

Histologicamente, a compressão crônica da veia ilíaca pode originar esporões venosos de três tipos: central, lateral e fenestrado, conforme sua localização e aspecto morfológico dentro da luz vascular. 

Essas alterações estruturais não apenas reduzem o diâmetro da veia, mas também criam turbulência no fluxo sanguíneo, aumentando a suscetibilidade a lesões endoteliais e eventos trombóticos.

Fisiopatologia da Síndrome de May-Thurner

A fisiopatologia da Síndrome de May-Thurner envolve a compressão crônica da veia ilíaca comum esquerda pela artéria ilíaca comum direita, que exerce estímulo pulsátil constante sobre a parede venosa. 

Esse estímulo mecânico resulta em lesão endotelial, desencadeando uma resposta reparadora caracterizada pela deposição de colágeno e elastina, levando à formação de bandas ou esporões fibrosos entre as paredes anterior e posterior da veia.

Essas estruturas fibrosas, associadas à compressão externa contínua, contribuem para o desenvolvimento de estenose, obstrução venosa e, em alguns casos, à trombose venosa profunda (TVP). No entanto, muitos pacientes permanecem assintomáticos, graças à formação de colaterais venosas que mantêm o fluxo sanguíneo adequado.

A ocorrência de TVP é mais comum quando, além da anatomia predisponente, há fatores adicionais como estase venosa, lesão vascular ou estados pró-trombóticos, que favorecem a formação do trombo e agravamento do quadro obstrutivo.

Manifestações clínicas da Síndrome de May-Thurner

A apresentação clínica da Síndrome de May-Thurner é bastante variável. Alguns pacientes podem evoluir lentamente com sinais de insuficiência venosa, enquanto outros relatam o início súbito de dor e edema em um dos membros inferiores. O quadro mais frequentemente descrito na literatura é o de uma mulher jovem com inchaço na perna esquerda, que melhora com repouso e elevação do membro. Com o tempo, esses sintomas podem progredir para alterações cutâneas, como hiperpigmentação e até úlceras venosas.

Em outros casos, os sintomas surgem após cirurgias, durante ou logo após a gestação, ou após o início do uso de anticoncepcionais orais, sendo caracterizada, nesses contextos, por dor intensa e edema importante na perna esquerda. Em situações mais raras, homens e mulheres podem evoluir com complicações graves, como a flegmasia cerulea dolens, um quadro ameaçador para o membro afetado.

As alterações patológicas decorrentes da compressão venosa podem ser discretas e passar despercebidas, principalmente devido à presença de circulação colateral funcional. Entre os sintomas mais sutis estão sensação de peso ou aperto na perna esquerda, que melhora ao dormir, edema leve, alterações pigmentares na pele, telangiectasias ou úlceras venosas — sinais que, apesar de inespecíficos, podem indicar a síndrome. 

Em alguns casos, esses sintomas surgem de forma abrupta após procedimentos venosos mal-sucedidos, como ablações ineficazes. A claudicação venosa, caracterizada por dor e desconforto ao caminhar, também é um sintoma frequentemente relatado.

A Síndrome de May-Thurner é classificada em três estágios:

  • Estágio I: compressão assintomática da veia ilíaca esquerda
  • Estágio II: formação de esporões venosos
  • Estágio III: trombose venosa profunda (TVP) no membro inferior esquerdo

Diagnóstico da Síndrome de May-Thurner

O diagnóstico inicia-se com a ultrassonografia Doppler, exame não invasivo e amplamente disponível, ideal para identificar insuficiência venosa ou trombose distal. Quando não há trombo detectado, recomenda-se avaliar os vasos ilíacos e a veia cava com angiotomografia ou angiorressonância magnética. 

A angiorressonância possui alta sensibilidade e especificidade, sendo útil para visualizar compressões, estenoses, colaterais e trombose, mas deve ser evitada em gestantes e pacientes com insuficiência renal. A angiorressonância é segura na gestação e oferece melhor detalhamento anatômico, mas pode ser insuficiente para confirmar o diagnóstico isoladamente.

A ultrassonografia intravascular (IVUS) é atualmente o exame mais sensível (>98%) para identificar compressão, fibrose, estenose e trombo, além de ser indispensável para planejamento e monitoramento de procedimentos endovasculares. Apesar de ser invasiva e não fornecer informações sobre estruturas adjacentes, a IVUS se destaca pela precisão diagnóstica e capacidade de orientar o tratamento.

Síndrome de May-Thurner
A angiografia por ressonância magnética demonstra compressão extrínseca da veia ilíaca esquerda pela artéria ilíaca direita nas projeções axial (A) e sagital (B,C). Na vista axial (A), observe a veia ilíaca normalmente realçada na porção anteromedial direita em relação ao músculo psoas. Fonte: UpToDate

Tratamento da Síndrome de May-Thurner

O tratamento depende da apresentação clínica e da presença de trombose. Em casos sem trombo e com sintomas leves, opta-se por medidas conservadoras: elevação do membro, uso de meias compressivas, orientação sobre riscos trombóticos e acompanhamento regular. Quando há sintomas moderados a graves, realiza-se angioplastia com colocação de stent, sendo esta a abordagem recomendada devido à irreversibilidade da estenose venosa.

Nos casos com trombose venosa profunda (TVP), indica-se anticoagulação com heparina não fracionada, seguida de heparina de baixo peso molecular ou fondaparinux, fazendo a transição para varfarina ou anticoagulantes orais diretos, como o rivaroxabana. Apenas a anticoagulação não é suficiente; a trombólise venosa dirigida por cateter, associada à anticoagulação, é superior ao tratamento isolado com anticoagulantes.

A trombólise farmacológica está contraindicada em pacientes com risco elevado de sangramento. Para esses casos, ou quando há falha dos métodos endovasculares, considera-se a trombectomia cirúrgica seguida de angioplastia e stent. A cirurgia de ressecção do segmento venoso acometido é rara e indicada apenas em casos refratários aos tratamentos endovasculares.

Complicações

A principal complicação é a síndrome pós-trombótica, caracterizada por dor crônica, edema e ulceração do membro afetado. O risco aumenta com trombose extensa, trombo residual, obesidade e recorrência.

Intervenções adequadas podem reduzir a incidência para menos de 10%. A trombólise mecânica ou farmacológica e o uso de meias de compressão, associadas a exercícios, ajudam a prevenir essa complicação.

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Referências

Albeir Y Mousa, MD, FACS, MBA, MPH, RPVI. May-Thurner syndrome. UpToDate, 2023. Disponível em: UpToDate

Mangla A, Hamad H. May-Thurner Syndrome. [Updated 2024 Mar 11]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2025 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK554377/

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