Resumo sobre transtorno bipolar: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo sobre transtorno bipolar: diagnóstico, tratamento e mais!

O transtorno bipolar é um distúrbio do humor comum na população geral, um dos principais motivos de atendimento na psiquiatria e é uma importante causa de incapacidade em adultos jovens. Por isso, confira os principais aspectos referentes a esta doença, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes ao transtorno bipolar.

  • O TB é caracterizado por oscilações graves de humor entre dois pólos (hipomania/mania e depressão), intercalados por períodos eutímicos.
  • Se diferencia do Tipo I ou Tipo II, sendo a presença ou não de episódios de mania a diferença entre os dois tipos. 
  • As medicações de escolha para tratamento de transtorno bipolar são os estabilizadores de humor. 
  • O lítio e o ácido valpróico são os estabilizadores mais utilizados e disponíveis no Brasil.  
  • No pólo depressivo, nunca utilizar antidepressivos em monoterapia pelo risco de virada maníaca.

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Definição da doença

O transtorno Bipolar (TB) é um transtorno de humor, originalmente chamado de “insanidade maníaco-depressiva”, caracterizado por oscilações graves de humor entre dois pólos (hipomania/mania e depressão), intercalados por períodos eutímicos. O transtorno bipolar frequentemente perturba o humor, a energia, a atividade, o sono, a cognição e o comportamento, bem como o funcionamento ocupacional e interpessoal. 

De acordo com o DSM 5, o TB se diferencia do Tipo I ou Tipo II, sendo a presença ou não de episódios de mania a diferença entre os dois tipos. No tipo I, há presença de mania e os em e a elevação do humor é grave. No Tipo II a elevação do humor é mais branda e só acontece hipomania, muitas vezes confundido com depressão unipolar. 

Epidemiologia e fisiopatologia de transtorno bipolar

Segundo a OMS, o TB acomete 30 milhões de pessoas em todo o mundo, com início mais precoce que depressão unipolar, em média aos 20 anos de idade. Em 2016, o transtorno bipolar foi a principal causa de anos vividos com incapacidade. Segundo o DSM-5, a prevalência em 12 meses estimada nos Estados Unidos foi de 0,6% para TB tipo I e a prevalência em 12 meses do transtorno em 11 países variou de 0,0 a 0,6%. 

A prevalência parece ser um pouco maior em homens, na proporção 1,1:1, sendo que as taxas de prevalência do TB-I ao longo da vida foram maiores nos homens, enquanto as mulheres apresentaram taxas mais elevadas do TB-II. 

O TB tem origem multifatorial, com alta herdabilidade genética (incidência superior a 80% em gêmeos idênticos) e relação com fatores ambientais, sendo o trauma precoce, por eventos aversivos significativos da vida e pelo uso indevido de álcool e drogas os principais identificados.

Manifestações clínicas de transtorno bipolar

Muitos estudos indicam que sinais e sintomas prodrômicos  precedem o TB diagnosticável. Eles são encaixados dentro do espectro bipolar e incluem irritabilidade, ansiedade, humor elevado, humor deprimido, labilidade do humor, agitação, agressividade, distúrbios de comportamento, como hiperatividade e experiências psicóticas. 

É importante diferenciar períodos de humor eufórico e humor triste em pessoas normais, visto que pessoas sem TB podem variar o humor. 

Crédito: Bosaipo NB, Borges VF, Juruena MF, 2017.

O humor elevado ou irritável pode ser classificado como mania ou hipomania, dependendo de sua gravidade e da presença de sintomas psicóticos. A mania clássica é marcada por um humor excepcionalmente bom, eufórico ou elevado, que pode ser acompanhado por desinibição (por exemplo, usar roupas extravagantes ou se despir em público), desrespeito aos limites sociais, expansividade e busca incansável de estímulo e atividades sociais. 

Segundo o DSM-5, os critérios diagnósticos para episódio Maníaco incluem: 

A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias. 

B. A presença de 3 ou mais sintomas a seguir: 

  1. Autoestima inflada ou grandiosidade.
  2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono).
  3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando.
  4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados.
  5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado.
  6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito não dirigida a objetivos).
  7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos).

C. Prejuízo funcional, necessidade de hospitalização ou existência de características psicóticas.

D. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica.

A caracterização de episódio hipomaníaco segue os mesmos critérios, exceto pela duração dos sintomas, no mínimo quatro dias nos episódios hipomaníacos, e pelo episódio não ser suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização. A existência de características psicóticas caracteriza episódio maníaco. 

#Ponto importante: O critério de duração mínima é dispensável se a hospitalização se fizer necessária. 

No pólo oposto, os quadros de depressão do TB são caracterizados pelo humor deprimido ou perda de interesse/prazer por quase todas as atividades durante pelo menos duas semanas. Os critérios são parecidos para estado depressivo maior, exceto pelo episódio de mania, que não pode ocorrer na depressão unipolar. 

Diagnóstico de transtorno de humor 

Os critérios diagnósticos incluem diferem de acordo com o tipo de TB. Para TB tipo 1 deve atender pelo menos um episódio maníaco descrito acima (critério A) e a ocorrência dos episódios maníacos e depressivos maiores não é mais bem explicada por outros transtornos psiquiátricos, como psicóticos, de personalidade ou esquizofrênicos (critério B). 

Para diagnóstico de TB tipo II deve haver ao menos um episódio hipomaníaco, jamais ter ocorrido um episódio maníaco e a ocorrência dos episódios hipomaníacos não serem bem explicados por outro transtorno psiquiátrico.

Tratamento de transtorno bipolar

Medidas não farmacológicas incluem psicoterapia, sendo quase sempre associada a tratamento farmacológico, visto a maior severidade dos sintomas nos casos de transtorno bipolar. A terapia cognitiva comportamental é a mais estudada nesse cenário, sendo mais efetiva durante os episódios depressivos. 

As medicações de escolha para tratamento de transtorno bipolar são os estabilizadores de humor. O lítio é a droga mais utilizada nesse cenário. Alguns anticonvulsivantes também são utilizados com essa função, sendo os de primeira escolha o ácido valpróico/divalproato e a lamotrigina. A carbamazepina e oxcarbazepina são anticonvulsivantes de segunda linha. 

Além disso, antipsicóticos (principalmente os atípicos) são utilizados, como a quetiapina, aripiprazol, olanzapina, risperidona e ziprasidona e são eficazes no tratamento de mania e hipomania. O haloperidol é usado com antipsicótico de terceira linha na TB. 

As recomendações seguem o guideline da Rede Canadense para Tratamentos de Humor e Ansiedade (CANMAT), a mais utilizada no mundo. A farmacoterapia de primeira escolha para o manejo de episódios de mania aguda é o lítio, divalproato e antipsicóticos atípicos como monoterapia ou associação do litio ou divalproato com algum antipsicótico. 

#Ponto importante: A lamotrigina é um único anticonvulsivante não utilizado em episódios de mania. 

Para o tratamento farmacológico de episódios depressivos agudos do TB incluem o lítio, lamotrigina, quetiapina ou lurasidona como monoterapia ou a combinação de lurasidona com lítio ou divalproato. A associação de inibidores seletivos da recaptação de serotonina (IRSR) com olanzapina, lítio ou divalproato, além da combinação desses dois últimos ou combinados à bupropiona são opções ao tratamento. 

#Ponto importante: No pólo depressivo, nunca utilizar antidepressivos (ex., IRSR) em monoterapia pelo risco de virada maníaca. Seu uso pode ser feito em associação ao estabilizadores de humor, quando este já estiver em dose terapêutica. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Bosaipo NB, Borges VF, Juruena MF. Transtorno Bipolar: uma revisão dos aspectos conceituais e clínicos. Medicina (Ribeirão Preto, Online.) 2017;50(Supl.1),jan-fev.:72-84.
  • Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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