Resumo sobre Transtorno da Adaptação: definição, critérios diagnósticos e mais!
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Resumo sobre Transtorno da Adaptação: definição, critérios diagnósticos e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é o Transtorno de Adaptação, uma condição psiquiátrica caracterizada por uma resposta emocional ou comportamental desproporcional diante de um estressor identificável. 

O Estratégia MED está aqui para descomplicar esse conceito e ajudar você a aprofundar seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica cada vez mais eficaz e segura.

Vamos nessa!

Definição de Transtorno da Adaptação

O transtorno de adaptação é uma condição caracterizada pelo surgimento de sintomas emocionais ou comportamentais que aparecem como reação a um ou mais estressores identificáveis, e que surgem dentro de até três meses após o início desse estressor. 

Esses sintomas representam sofrimento acentuado, desproporcional à intensidade da situação, ou interferem significativamente no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo, ultrapassando o que seria esperado como resposta normal ao estresse. 

Para ser considerado transtorno de adaptação, a resposta não deve preencher critérios de outro transtorno mental, não deve representar luto normal e seus sintomas não devem persistir por mais de seis meses após o término do estressor ou de suas consequências.

Do ponto de vista psicobiológico, o transtorno de adaptação pode ser compreendido como um estado de desequilíbrio do funcionamento psíquico e orgânico, desencadeado quando o indivíduo precisa mobilizar recursos internos para enfrentar eventos que ameaçam sua homeostase. 

Quando os recursos emocionais, cognitivos ou biológicos disponíveis são insuficientes, seja por vulnerabilidade pessoal, ausência de estratégias de enfrentamento ou intensidade do evento estressor, ocorre um impacto significativo na saúde física ou mental, podendo levar a manifestações como ansiedade, humor deprimido, irritabilidade, apatia, prejuízos na concentração, alterações do sono ou mudanças de comportamento. Em situações prolongadas, há risco de comprometimentos fisiológicos decorrentes da ativação crônica dos sistemas de resposta ao estresse.

Prevalência

A prevalência do transtorno de adaptação é considerada alta e varia conforme o contexto. Em serviços ambulatoriais de saúde mental, ele corresponde a cerca de 5 a 20 por cento dos diagnósticos principais

Já em consultorias psiquiátricas hospitalares, pode ser o diagnóstico mais frequente, chegando a aproximadamente 50 por cento dos casos. Esse número elevado relaciona-se à alta ocorrência de estressores significativos entre pacientes hospitalizados, o que favorece respostas emocionais desproporcionais. 

Além disso, estudos brasileiros sobre estresse indicam índices elevados em diferentes grupos populacionais, sugerindo grande vulnerabilidade ao desenvolvimento desse transtorno.

Critérios diagnósticos do Transtorno de Adaptação

O transtorno de adaptação é diagnosticado quando a pessoa desenvolve sintomas emocionais ou comportamentais em resposta a um estressor identificável. Esses critérios incluem:

A. Desenvolvimento de sintomas emocionais ou comportamentais que surgem dentro de três meses após o início do estressor.

B. Esses sintomas são clinicamente significativos, evidenciados por pelo menos um dos seguintes aspectos

  1. Sofrimento intenso desproporcional à gravidade ou intensidade do estressor, considerando o contexto cultural.
  2. Prejuízo significativo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida.

C. A reação não atende aos critérios de outro transtorno mental e não representa apenas a exacerbação de um transtorno pré-existente.

D. Os sintomas não correspondem a luto normal.

E. Após o fim do estressor ou de suas consequências, os sintomas não persistem por mais de seis meses.

Desenvolvimento e curso do Transtorno de Adaptação

O transtorno de adaptação sempre se inicia dentro de três meses após o aparecimento do estressor. Quando o estressor é um evento agudo, como uma demissão ou término de relacionamento, os sintomas costumam surgir de forma rápida, geralmente em poucos dias, e tendem a ter duração mais curta. Nesses casos, a perturbação costuma melhorar ao longo de alguns meses.

Quando o estressor é contínuo ou suas consequências se prolongam no tempo, os sintomas também podem se manter. Nessas situações, o transtorno de adaptação pode se tornar persistente, desde que o estressor permaneça ativo. Mesmo assim, por definição, os sintomas não devem ultrapassar seis meses após o fim do estressor ou de seus efeitos.

Esse padrão mostra que o transtorno de adaptação é uma resposta tempo-limitada, diretamente vinculada à presença e duração do estressor, podendo se resolver completamente com o desaparecimento da situação estressora ou com a adaptação do indivíduo.

Consequências funcionais do Transtorno de Adaptação

O transtorno de adaptação costuma gerar um impacto significativo no desempenho cotidiano. É comum ocorrer uma queda no rendimento profissional ou acadêmico, seja por dificuldade de concentração, falta de motivação, irritabilidade ou alterações emocionais que prejudicam o funcionamento habitual.

As relações sociais também são afetadas. Mudanças temporárias na forma de interação com outras pessoas, como isolamento, maior sensibilidade emocional ou conflitos interpessoais, podem ocorrer durante o período de sofrimento.

Em indivíduos que apresentam doenças clínicas, o transtorno de adaptação pode agravar o curso da condição médica, já que o sofrimento psicológico pode diminuir a adesão ao tratamento, aumentar o tempo de internação ou dificultar a recuperação. Nesse sentido, o transtorno pode funcionar como um fator complicador, interferindo negativamente na evolução de problemas de saúde pré-existentes.

Tratamento do Transtorno da Adaptação

O tratamento do transtorno de adaptação deve focar na redução do sofrimento emocional e na restauração do funcionamento prejudicado, considerando que os sintomas surgem como resposta a um estressor específico e dentro de um período limitado. A abordagem central é ajudar a pessoa a lidar melhor com o estressor, seja ele pontual ou persistente, promovendo uma adaptação mais saudável.

O manejo inclui oferecer suporte psicológico para fortalecer as estratégias de enfrentamento, compreender o impacto do estressor e auxiliar na reorganização emocional e comportamental. 

Como o transtorno pode causar queda no desempenho profissional ou acadêmico e alterações nas relações sociais, o tratamento deve atuar nesses domínios, ajudando o indivíduo a retomar gradualmente suas atividades e melhorar a funcionalidade.

Também é importante acompanhar possíveis repercussões em pessoas que possuem condições médicas, já que a perturbação emocional pode piorar a adesão terapêutica ou prolongar o tempo de recuperação. 

Por fim, como existe risco aumentado de pensamentos e comportamentos suicidas, o acompanhamento deve incluir avaliação contínua do risco e intervenções de suporte intensificado quando necessário.

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Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014. Seção: Transtornos de Adaptação. Disponível em: /mnt/data/Adaptação.pdf.

LIPP, Marilda Emmanuel Novaes. Transtorno de Adaptação. Boletim Academia Paulista de Psicologia, ano XXVII, n. 1, p. 72-82, 2007. Disponível em: /mnt/data/Artigo.pdf.

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