E aí, doc! Vamos aprofundar em mais um tema essencial? Hoje o foco é a Úlcera Varicosa, uma condição crônica que afeta a pele, principalmente nas pernas, como consequência da insuficiência venosa.
O Estratégia MED está aqui para simplificar esse conceito e fortalecer seus conhecimentos, garantindo uma abordagem clínica mais assertiva e eficiente.
Vamos nessa!
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Definição de Úlcera Varicosa
A úlcera varicosa, também conhecida como úlcera venosa, é uma lesão aberta na pele que ocorre principalmente na parte inferior das pernas, geralmente na região acima do maléolo medial (tornozelo), como resultado da hipertensão venosa crônica.
Essa condição surge devido à insuficiência do sistema venoso, que provoca acúmulo de sangue e aumento da pressão nas veias, levando à ruptura da pele. As feridas podem variar em tamanho e número, desde pequenas lesões isoladas até múltiplas feridas circunferenciais.
Elas tendem a ser de difícil cicatrização, recorrentes e podem apresentar drenagem intensa, o que pode causar irritação e maceração da pele adjacente. A presença de infecção ou celulite associada deve ser identificada e tratada, sendo que a cultura microbiológica é indicada apenas em casos suspeitos de infecção clínica.
Fisiopatologia da Úlcera Varicosa
A úlcera varicosa, também conhecida como úlcera venosa, está diretamente associada à insuficiência venosa crônica (IVC), que é uma das principais causas dessa condição. A IVC ocorre devido à falência das válvulas venosas das pernas, resultando no refluxo sanguíneo para as veias superficiais e profundas.
Esse refluxo causa um aumento da pressão venosa durante a deambulação, fenômeno conhecido como hipertensão venosa. A elevação constante da pressão nas veias compromete a microcirculação, provocando danos às paredes dos vasos e aumentando sua permeabilidade. Como consequência, há o extravasamento de macromoléculas, como fibrina, para os tecidos adjacentes, o que pode desencadear inflamação crônica e alterações cutâneas, predispondo à formação de úlceras.
Outro aspecto importante da fisiopatologia é a disfunção da bomba muscular da panturrilha. Em condições normais, essa bomba facilita o retorno venoso ao coração. No entanto, quando há uma falha nesse mecanismo, associada ou não à incompetência valvular, ocorre estase sanguínea nos membros inferiores.
A estase prolongada contribui para o acúmulo de fluidos no interstício, formação de manguitos de fibrina ao redor dos capilares e redução do transporte de oxigênio e nutrientes para a pele. A deficiência nutricional resultante pode levar à ulceração e até necrose tecidual.
Além disso, a resposta inflamatória desempenha um papel relevante no desenvolvimento das úlceras varicosas. A interação entre leucócitos e células endoteliais promove a liberação de citocinas inflamatórias, que causam danos adicionais às paredes venosas e às válvulas.
Essa inflamação contínua prejudica ainda mais o retorno venoso e agrava a hipertensão venosa. As úlceras resultantes geralmente apresentam bordas irregulares e exsudato abundante, além de serem dolorosas, especialmente no final do dia, quando os pacientes permanecem em posição ortostática por longos períodos.
A pele ao redor das úlceras varicosas pode apresentar alterações características, como hiperpigmentação devido à hemossiderina liberada pela degradação dos glóbulos vermelhos extravasados.
Também podem ocorrer lipodermatoesclerose, que se manifesta como endurecimento do tecido subcutâneo, e eczema venoso, marcado por eritema, descamação e prurido. Esses achados indicam a cronicidade do processo venoso e a necessidade de um manejo cuidadoso para evitar complicações adicionais.
Tratamento de Úlcera Varicosa
O tratamento das úlceras varicosas, que são causadas principalmente pela insuficiência venosa crônica (IVC), envolve estratégias multidisciplinares que visam a cicatrização da ferida, a prevenção de infecções e a redução da hipertensão venosa. Essas abordagens incluem terapia compressiva, tratamentos locais com curativos apropriados e, em alguns casos, intervenções cirúrgicas.
Terapia Compressiva
A terapia compressiva é essencial para controlar a hipertensão venosa, principal causa das úlceras venosas. Esse tratamento aumenta o retorno venoso, reduzindo o refluxo e a saída de líquidos dos capilares, aliviando o edema.
O uso de meias de compressão é uma opção prática para prevenir o aparecimento e a recorrência de úlceras, mas é menos eficaz em feridas ativas. A aplicação de bandagens é o método mais comum, exigindo cuidado na aplicação para evitar complicações, como a amputação em casos de circulação comprometida.
Bandagens multicamadas são comuns e oferecem compressão variada, com cada camada desempenhando uma função específica, como absorver o exsudato e fornecer compressão.
Terapia Local
Os cuidados locais com a ferida incluem a limpeza com solução fisiológica, que evita danos às células, e desbridamento para remover tecidos necrosados, facilitando a cicatrização.
Existem diversos tipos de coberturas para úlceras, cada uma com funções específicas: o hidrocolóide, o alginato de cálcio e o hidrogel são usados para feridas com diferentes níveis de exsudação e necrose, ajudando na absorção e no desbridamento autolítico. Coberturas com prata e carvão ativado são indicadas para úlceras infectadas ou com odor, oferecendo ação antimicrobiana e de absorção.
Tratamento Cirúrgico
Quando a hipertensão venosa persiste mesmo com a terapia compressiva, a cirurgia pode ser indicada para reduzir a pressão nas áreas afetadas. Técnicas como a ligadura endoscópica das veias perfurantes da panturrilha podem ser realizadas para reduzir a transmissão de pressão venosa.
A indicação cirúrgica é complexa e depende do comprometimento do sistema venoso, podendo ser eficaz em casos de envolvimento superficial isolado, mas com resultados variáveis na recorrência e cicatrização.
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Referências
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