Resumo de cistite aguda: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de cistite aguda: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais!

A cistite aguda é uma doença extremamente comum, principalmente no público feminino. Neste resumo, veremos os pontos mais importantes sobre esta doença para sua prática médica e provas de residência. 

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à cistite aguda.

  • Comum em mulheres e homens idosos.
  • As manifestações clínicas clássicas da cistite consistem em disúria, frequência urinária aumentada, urgência urinária e dor suprapúbica.
  • A cistite aguda simples não possui sinais ou sintomas que sugiram uma infecção que se estende além da bexiga, como febre e dor em flancos.
  • A Escherichia coli é a causa microbiana mais frequente de cistite.
  • O diagnóstico se baseia, na maioria das vezes, em achados clínicos e o tratamento empírico está recomendado para a maior parte dos casos.  

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Definição e epidemiologia  

Usamos o termo cistite simples aguda ou não complicada para nos referirmos a uma infecção aguda do trato urinário que se presume estar confinada à bexiga e trato urinário inferior. 

Lembrete: As infecções do trato urinário (ITUs) incluem infecção do trato urinário inferior (cistite ou uretrite) e infecção do trato urinário superior (pielonefrite). 

A cistite aguda é mais frequente entre as mulheres, sendo extremamente comum nessa população. Já nos homens, a cistite simples aguda ocorre em uma proporção muito pequena quando pensamos na faixa etária entre 15 e 50 anos de idade. A incidência é de aproximadamente cinco a oito infecções do trato urinário (ITUs) por ano por 10.000 homens jovens a meia-idade. 

Ponto importante: Pacientes jovens do sexo masculino merecem investigação complementar quando apresentarem quadro de cistite e não apenas tratamento empírico, por ser uma doença mais atípica nesse público. 

Os fatores de risco nos adultos jovens em geral incluem utilização de sonda vesical, diabetes mellitus, bexiga neurogênica, imunodeficiência, anomalias do trato urinário e obstrução das vias urinárias. O uso de preservativos revestidos com espermicida, diafragmas e espermicidas sozinhos também estão associados a um risco aumentado de cistite.

Entre as mulheres saudáveis, os fatores de risco para cistite incluem relação sexual recente e história de ITU prévia. No homem idoso, obstrução por hiperplasia prostática benigna é o principal fator de risco para cistite. 

Fisiopatologia da cistite aguda 

A infecção por Escherichia coli é a causa microbiana mais frequente de cistite simples, sendo responsável por 75 a 95% dos casos. Em situações especiais, como pacientes críticos em UTI, infecções ocasionais causadas por outras espécies de Enterobacteriaceae (como Klebsiella pneumoniae e Proteus mirabilis ) e outras bactérias, como Staphylococcus saprophyticus podem acontecer. 

A via ascendente, através do canal uretral, é o principal mecanismo de colonização dessas bactérias no trato urinário inferior. A outra via menos comum é a hematogênica. A menor distância do ânus a uretra provavelmente explica por que as mulheres correm maior risco de infecções do trato urinário (ITUs) do que os homens. 

Sistema urinário feminino.

Manifestações clínicas da cistite aguda

O quadro clínico da cistite é bem clássico. Disúria, dor suprapúbica e urgência miccional são os sintomas clássicos da doença. A presença de febre, sensibilidade ou dor em região lombar (sinal de Giordano) indica comprometimento do trato urinário superior e não apenas cistite simples. 

Ponto importante: Para sua prova é importante reconhecer o quadro de infecção recorrente do trato urinário. Refere-se a ≥2 infecções em seis meses ou ≥3 infecções em um ano. 

As recorrências de ITU são tipicamente cistite simples aguda, em vez de ITU complicada. É comum entre as mulheres, mesmo entre mulheres jovens e saudáveis ​​que têm trato urinário anatomicamente e fisiologicamente normais. A prostatite deve ser considerada em homens que apresentam sintomas de cistite recorrentes. 

Diagnóstico de cistite aguda

Em mulheres com disúria e polaciúria, sem vaginite, o diagnóstico de ITU é feito em 80% dos casos sem necessidade de exames adicionais. No entanto, deve ser realizada investigação adicional em todo homem jovem com sintomas sugestivos de cistite ou em mulheres com sintomas atípicos. 

As ferramentas de diagnóstico laboratorial consistem em sumário de urina (urina tipo I) e urocultura (urina tipo II). A urina tipo I é importante para avaliação de piúria, um valioso teste de diagnóstico para ITU. O método mais preciso para avaliar a piúria é examinar uma amostra de urina de jato médio, sendo um resultado anormal ≥ 10 leucócitos/microL. Um teste de nitrito positivo é um índice confiável de bacteriúria significativa, embora um teste negativo não excluir a bacteriúria.

A presença de hematúria é útil para afastar diagnósticos diferenciais, pois é comum no cenário de ITU, mas não em uretrite ou vaginite. No entanto, a hematúria não se correlaciona como preditor de ITU complicada. Cilindros de glóbulos brancos na urina, embora raros, são indicativos de infecção do trato superior e não de cistite simples. 

Geralmente, nas uroculturas faz-se teste quantitativo de E. coli. Valores maiores ou iguais a 10⁵ UFC/mL têm boa especificidade para ITU. Através da urocultura, uma coloração de Gram da urina pode ser útil para orientar a escolha da terapia empírica, dependendo dos resultados da cultura. 

Ponto importante: A bacteriúria com ou sem piúria na ausência de qualquer sintoma que possa ser atribuível a uma ITU é chamada de bacteriúria assintomática e, geralmente, não é tratada em mulheres não grávidas.  

Tratamento de cistite aguda

Para mulheres, como primeira escolha para tratamento empírico, recomendam-se: 

  • nitrofurantoína (100 mg, de 6/6h, por cinco dias)
  • fosfomicina/ trometamol (3g em dose única). 

Opções alternativas incluem:

  • cefuroxima (250 mg, de 12/12h, por sete dias) 
  • amoxicilina/clavulanato (500/125mg, de 8/8h, durante sete dias). 

Com base em dados sobre ITU em mulheres, o Sulfametoxazol-Trimetoprim, famoso Bactrim, deve ser evitado como tratamento empírico se a prevalência regional de resistência for superior a 20%, como acontece na maior parte das regiões brasileiras. Em locais em que a resistência local é inferior a 20%, pode-se usar o Bactrim (160/800mg, de 12/12h, durante três dias). 

Atualize sua conduta: Em 2019, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) recomendou restrição ao uso das fluorquinolonas em razão do aumento de resistência bacteriana e dos efeitos colaterais adversos. 

A cistite em homens é incomum e não há ensaios comparativos de tratamento antimicrobiano para extrair recomendações baseadas em evidências. Por este motivo, o tratamento de cistite simples em homens é similar ao descrito acima, mas baseado em evidências indiretas de estudos em mulheres e dados mais limitados em homens. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Infecção do trato urinário. São Paulo: FEBRASGO; 2021 (Protocolo FEBRASGO-Ginecologia, n. 49/ Comissão Nacional Especializada em Uroginecologia e Cirurgia Vaginal).

HOOTON, Thomas M. MD; GRUPTA, Kalpana, MD, MPH. Cistite simples aguda em mulheres. Uptodate, 2021. 

HOOTON, Thomas M. MD; Cistite simples aguda em mulheres. Uptodate, 2021. 

Créditos da imagem em destaque Pixabay

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