Resumo sobre Orquite: definição, etiologia e mais!

Resumo sobre Orquite: definição, etiologia e mais!

E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre a orquite, que consiste na inflamação dos testículos.

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Definição de Orquite

A orquite é uma condição caracterizada pela inflamação dos testículos, que se manifesta com dor testicular de início insidioso, acompanhada de inchaço local e sinais de inflamação. Quando essa sintomatologia persiste por um período superior a seis semanas, classifica-se como uma forma crônica da enfermidade. 

Embora a etiologia primária esteja frequentemente associada à infecção pelo vírus da caxumba (Paramyxoviridae), pode também derivar de uma epididimite inicial, configurando uma orquiepididimite. Esta condição assume relevância clínica significativa, pois pode mimetizar quadros de emergência, como a torção testicular, particularmente em indivíduos jovens.

Fisiopatologia da Orquite

As orquites normalmente têm uma origem viral, sendo sua forma isolada pouco comum e considerada uma apresentação rara. A disseminação viral para o testículo geralmente ocorre através do sangue. 

As infecções virais primárias frequentemente têm foco nas glândulas parótidas, nas membranas que envolvem o cérebro (meninges) e no trato respiratório. As orquites bacterianas geralmente resultam da propagação da infecção do epidídimo para os testículos. 

Os microrganismos mais propensos a se espalharem para os testículos através do trato reprodutivo são os germes Gram-negativos. Orquites devido a agentes específicos, como tuberculose ou fungos, geralmente ocorrem como parte de uma forma avançada ou disseminada da doença primária, sendo ainda mais raras.

Manifestações clínicas da Orquite

A orquite aguda causada pela caxumba se manifesta com inchaço e sensibilidade difusos nos testículos, o que pode ser difícil de distinguir da orqui-epididimite aguda. A confirmação da caxumba pode ser apoiada pela presença de um surto local da doença e pela ocorrência de sintomas constitucionais, como febre e parotidite. 

A apresentação clínica mais proeminente envolve dor testicular aguda, acompanhada de sintomas sistêmicos, como febre e taquicardia, além de inchaço e endurecimento testicular, podendo também estar associada a náuseas e vômitos. A pele na região afetada pode apresentar hiperemia e edema, enquanto a palpação pode revelar dor e, às vezes, hidrocele reacional. 

Na maioria dos casos, a orquite resulta de infecções virais, cujas manifestações sistêmicas precedem o quadro de orquite em 4 a 7 dias. A história epidemiológica de contato com pessoas infectadas por vírus também pode ser indicativa da etiologia.

A orquite viral geralmente tem resolução espontânea em cerca de 10 dias, podendo afetar unilateral ou bilateralmente. O vírus da caxumba tem afinidade pelo epitélio germinativo e pode levar à atrofia testicular e infertilidade em aproximadamente 20% dos casos. 

Quando a origem é bacteriana, a infecção do trato urinário inferior, manipulação instrumental ou exposição a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem ser identificadas como fatores predisponentes, exigindo investigação adicional para prostatite ou uretrite.

No caso de pacientes jovens, especialmente, é crucial diferenciar entre orquite aguda e torção testicular, dada a semelhança dos sintomas. Portanto, a exclusão da torção testicular e a realização de ultrassonografia com Doppler são frequentemente necessárias. Além disso, neoplasia testicular também deve ser considerada como um diagnóstico diferencial, especialmente em casos de evolução prolongada.

Diagnóstico de Orquite

O diagnóstico de orquite, uma condição caracterizada pela inflamação dos testículos, geralmente requer uma avaliação clínica completa, histórico médico detalhado e testes diagnósticos apropriados. Os seguintes passos são comumente empregados para diagnosticar a orquite:

  • História Clínica: O médico geralmente começa com uma análise detalhada dos sintomas relatados pelo paciente, incluindo dor testicular, inchaço, sensibilidade, febre, náuseas, vômitos e qualquer história recente de infecções virais, manipulação genital, trauma ou exposição a ISTs.
  • Exame Físico: Um exame físico cuidadoso é realizado para avaliar a aparência dos testículos, palpação para determinar inchaço, sensibilidade e textura, além de verificar a presença de sinais de inflamação na área afetada.
  • Exames Laboratoriais:
    • Testes Sorológicos: Para identificar a presença de infecções virais, como caxumba, podem ser realizados testes sorológicos para detecção de anticorpos específicos.
    • Cultura de Urina: Em casos suspeitos de orquite bacteriana, uma cultura de urina pode ser realizada para identificar a presença de agentes patogênicos.
    • Hemograma Completo (HC): Pode revelar sinais de inflamação, como leucocitose.
    • Marcadores de Inflamação: Como a taxa de sedimentação de eritrócitos (ESR) e a proteína C-reativa (PCR), podem estar elevados em casos de inflamação.
  • Exames de Imagem:
    • Ultrassonografia Testicular: Pode ser usada para avaliar a morfologia dos testículos, identificar inchaço, inflamação e descartar outras condições, como torção testicular ou neoplasias.
    • Ultrassonografia Doppler: Se houver suspeita de comprometimento vascular, esse exame pode ser realizado para avaliar o fluxo sanguíneo nos testículos.

Tratamento de Orquite 

Para a maioria dos pacientes com orquite de origem viral, o tratamento é predominantemente sintomático. Isso envolve medidas como repouso, aplicação de bolsa de gelo na área afetada, uso de medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais e analgésicos para alívio da dor, além de garantir uma boa hidratação. Embora essas abordagens não alterem o curso natural da doença, visam proporcionar alívio dos sintomas.

No caso da orquiepididimite bacteriana, o tratamento antibiótico específico é indicado, especialmente se houver uma fonte infecciosa identificada, como infecção do trato urinário, infecção sexualmente transmissível, uretrite ou prostatite. 

Se o agente causador não puder ser determinado inicialmente, a terapia antibiótica empírica é recomendada. Isso pode incluir o uso de quinolonas, como ciprofloxacino, para casos suspeitos de infecção por bactérias Gram-negativas, e a combinação de ciprofloxacino com doxiciclina para pacientes jovens com suspeita de infecção por IST.

Em casos de dor testicular refratária ao tratamento convencional e de intensidade significativa, pode ser necessária a realização de um bloqueio do cordão espermático utilizando anestésico local. Embora raras, complicações como abscessos podem ocorrer em associação com orquites, exigindo intervenção cirúrgica para drenagem, seja por via percutânea ou aberta.

Veja também!

Referências

Robert C Eyre, MD. Acute scrotal pain in adults. UpToDate, 2023. Disponível em: UpToDate

Mary A Albrecht, MD. Mumps. UpToDate, 2023. Disponível em: UpToDate

NARDI, Aguinaldo Cesar et al. Urologia Brasil. São Paulo: PlanMark; Rio de Janeiro: SBU-Sociedade Brasileira de Urologia, 2013.

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