Resumo de vaginose bacteriana: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de vaginose bacteriana: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais!

Confira os principais aspectos referentes à vaginose bacteriana, saiba como aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso! Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à vaginose bacteriana (VB).

  • É a vulvovaginite mais comum; 
  • A VB está associada à perda da flora vaginal normal e aumento de anaeróbios;
  • “Odor de peixe” após coito é um sinal clássico;
  • O diagnóstico é baseado nos critérios de Amsel; e
  • Tratamento de escolha é metronidazol oral ou em gel intravaginal.

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Definição da doença

A vaginose bacteriana (VB) é uma desordem da flora vaginal com consequente vulvovaginite, processo inflamatório que envolve vagina e vulva. 

Ponto importante: A VB não é uma IST!

Epidemiologia e fisiopatologia da vaginose bacteriana

A VB é a vulvovaginite mais comum no mundo, em grávidas e não grávidas. Cerca de 30 a 40% das menacmes têm ao menos um episódio de VB. Além disso, a prevalência da VB aumenta consideravelmente em clínicas de IST, comparando-se a consultórios ginecológicos gerais. Um estudo canadense em maternidade mostrou prevalência de 14%, similar às não grávidas. Sua prevalência é muito variável: de 6 a 32%, podendo chegar a 61% em clínicas de IST.

A VB está associada à perda da flora vaginal normal da vagina por um motivo ainda desconhecido, muito provavelmente ligado ao coito, que faz com que a vagina responda aumentando a flora polimicrobiana para defendê-la, pela falta da grande linha defensora de lactobacilos que se perderam. 

A queda de lactobacilos gera queda na produção de peróxido de hidrogênio, propiciando um supercrescimento de bactérias anaeróbicas, que produzem aminas voláteis e aumentam o pH da vagina, deixando-o geralmente maior que 4,5. 

Embora existam variações entre mulheres, as espécies mais frequentemente encontradas são Gardnerella, Atopobium, Prevotella, Megasphaera, Leptotrichia, Sneatia, Bifidobacterium, Dialister, Clostridium e Mycoplasmas.

Manifestações clínicas da vaginose bacteriana 

Como todas as vulvovaginites, o carro chefe na apresentação é o corrimento vaginal. No caso da VB, trata-se de um corrimento de intensidade variável, acompanhado de odor vaginal fétido, classicamente referida como “odor de peixe”, que piora com o intercurso sexual desprotegido e durante a menstruação. 

Qual o motivo do odor típico? Sem lactobacilos, o pH normal entre 4 e 4,5 aumenta e a gardnerella vaginalis produz aminoácidos, os quais são quebrados pelas bactérias anaeróbicas em aminas voláteis, que aumentam o pH e levam ao odor desagradável particularmente após o coito, queixa mais comum e principal das pacientes. 

Este odor fétido pode ser provocado durante exame especular, através do teste das aminas (whiff test), com adição de hidróxido de potássio a 10% sobre o corrimento vaginal. 

Ponto importante: Algumas provas ainda gostam de cobrar epônimos, então guarde o whiff test, ele pode ser cobrado como teste isolado para diferenciar de outras vulvovaginites. 

Ao exame especular, observa-se o conteúdo vaginal de aspecto homogêneo, em quantidade variável, com coloração esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada. 

Figura 01 – Corrimento perolado, bolhoso, sem sinais inflamatórios no epitélio vaginal. Manual, cap 6, FEBRASGO, 2010.

Lista de manifestações:

  • Corrimento vaginal de coloração esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada
  • “Odor de peixe” ou amoniacal, geralmente pior após coito

Diagnóstico da vaginose bacteriana 

Os critérios para diagnóstico da vaginose bacteriana são os de Amsel. E quem gosta de critérios diagnósticos? Isso mesmo, as bancas de residência. Então preste bastante atenção neste tópico. 

Os critérios de Amsel requerem três dos quatro itens a seguir: 

  1. Corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo aderente às paredes vaginais;
  2. Medida do pH vaginal maior do que 4,5; 
  3. Teste das aminas (whiff test) positivo;
  4. Presença de “clue cells” (células epiteliais cobertas por bastonetes gram-negativos aderentes, observadas em esfregaços vaginais de mulheres com vaginose bacteriana)
Figura 2 – A) Montagem úmida mostrando clue cells características. Observe que as células epiteliais são tão fortemente cobertas por bactérias que obscurecem as margens. B) A célula epitelial vaginal à direita tem bordas desgrenhadas obscurecidas por cocobacilos.

Outro escore que pode ser cobrado em sua prova é o escore de Nugent, que baseia-se em elementos avaliados na bacterioscopia do conteúdo vaginal (Gram). 

Figura 3 – Escore Nugent. Manual, cap 6, FEBRASGO, 2010.

Tratamento da vaginose bacteriana

O tratamento da VB visa eliminar os sintomas e restabelecer o equilíbrio da flora vaginal fisiológica, principalmente, com antibioticoterapia que cubra anaeróbios. As opções são: 

  • Metronidazol 500 mg por via oral, duas vezes ao dia, durante sete dias; OU
  • Metronidazol gel 0,75% – 5g (um aplicador) intravaginal ao deitar durante cinco dias; OU
  • Clindamicina creme 2% – 5g (um aplicador) intravaginal ao deitar durante sete dias.

Alternativamente: 

  • Tinidazol 2g por VO duas vezes ao dia, durante dois dias; OU
  • Tinidazol 1g VO uma vez ao dia, durante cinco dias; OU 
  • Clindamicina 300 mg por VO a cada 12 horas, durante sete dias.

Ponto importante: O tratamento é similar para gestantes. 

Deve-se recomendar abstinência de álcool durante 24 horas após o tratamento com nitroimidazólicos e abstenção de atividade sexual ou o uso de condons durante o tratamento (clindamicina tem base oleosa e pode enfraquecer condons e diafragmas).

Diante de múltiplas recorrências, pode-se utilizar o metronidazol 500 mg por VO duas vezes ao dia, durante 7 a 14 dias. Se não for efetivo, utilizar metronidazol gel intravaginal duas vezes por semana, durante quatro a seis meses. Entretanto, após o término da terapia, podem surgir novos episódios recorrentes. 

Prevenção

Aqui o importante é lembrar que não se trata de ISTs, como a tricomoníase, um dos diagnósticos diferenciais de vulvovaginite. Então não precisa tratar o parceiro. Além disso, evitar duchas vaginais. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

Linhares IM, Amaral RL, Robial R, Eleutério Junior J. Vaginites e vaginoses. FEMINA 2019;47(4): 235-40. 

FEBRASGO. Manual de Orientação. Trato Genital Inferior. CAPÍTULO 06. 2010. 

Créditos Figura 1

Créditos da imagem em destaque: Pexels

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