E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a cintilografia do miocárdio, um exame de imagem fundamental para avaliar o fluxo sanguíneo e a função do músculo cardíaco. Ele é amplamente utilizado no diagnóstico e acompanhamento de doenças cardiovasculares, como isquemia e infarto do miocárdio.
O Estratégia MED está aqui para simplificar esse tema e ajudar você a aprofundar seus conhecimentos, promovendo uma prática clínica cada vez mais precisa e eficaz.
Vamos nessa!
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Definição de Cintilografia do Miocárdio
A cintilografia do miocárdio é um exame de imagem funcional, não invasivo, amplamente utilizado na medicina nuclear para avaliar o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco, tanto em repouso quanto durante situações de estresse, que podem ser provocadas por esforço físico ou por agentes farmacológicos.
O exame consiste na administração de um marcador radioativo, como o tecnécio, que, ao ser injetado na corrente sanguínea, é absorvido pelo músculo cardíaco de acordo com a oferta de sangue na região. Áreas do coração com bom suprimento sanguíneo acumulam uma maior quantidade do marcador, enquanto regiões com fluxo reduzido apresentam menor captação.
A radiação emitida pelo traçador é detectada por uma câmera-gama, que converte os dados em imagens detalhadas, permitindo identificar alterações no fluxo sanguíneo e avaliar a reserva funcional do miocárdio. Essa técnica é particularmente útil para diagnosticar e monitorar doenças cardíacas, como isquemias e infartos, além de determinar a extensão de danos após eventos cardiovasculares.
Por sua capacidade de analisar de forma precisa o suprimento sanguíneo e a funcionalidade do músculo cardíaco, a cintilografia miocárdica é considerada um dos principais métodos para investigar condições relacionadas à saúde cardiovascular.
Provas de estresse
As provas de estresse cardíaco avaliam a funcionalidade e perfusão do coração sob condições controladas. A realização exige ambiente preparado para reanimação cardiovascular e supervisão médica especializada. Existem três principais modalidades:
- Teste ergométrico: indicado como primeira escolha por fornecer dados prognósticos. É realizado em esteira ou bicicleta. Requer jejum de 4 horas, suspensão de betabloqueadores (se possível) e estabilidade clínica prévia. Contraindicado em pacientes com bloqueio completo de ramo esquerdo e em condições agudas como angina instável ou insuficiência cardíaca descompensada.
- Teste farmacológico com vasodilatadores (dipiridamol ou adenosina): indicado para quem não pode realizar esforço físico. Exige suspensão de cafeína 12 horas antes. Contraindicado em casos de broncoespasmo severo, estenose severa de válvulas, ou bloqueio atrioventricular avançado.
- Teste farmacológico com dobutamina: alternativa para contraindicações ao esforço físico e vasodilatadores. Incrementa doses progressivamente para atingir frequência cardíaca máxima. É contraindicado em arritmias ventriculares, hipertensão não controlada e com cautela em condições como angina instável.
Os radiofármacos empregados são o sestamibi-99mTc ou tetrofosmin-99mTc, ajustando-se a dose pelo peso do paciente. Protocolos de um ou dois dias são definidos conforme as necessidades clínicas, preferindo-se o de dois dias para minimizar a atividade residual.
A aquisição das imagens segue protocolo rigoroso, utilizando tomografia SPECT sincronizada ao eletrocardiograma. Estratégias como rebatimento da mama ou posicionamento em prona podem reduzir artefatos.
Contraindicações absolutas incluem condições como infarto recente, embolia pulmonar, e estenose aórtica grave. Já as relativas envolvem estenoses moderadas, alterações eletrolíticas e doenças específicas.
A escolha do teste e a análise das imagens dependem do quadro clínico, garantindo precisão no diagnóstico de doenças cardíacas.
Captação da imagem
A captação da imagem na cintilografia envolve um processo que combina o uso de radiofármacos e equipamentos especializados, como a gama-câmara ou câmara de cintilação, para detectar e registrar a radiação emitida pelo organismo do paciente. Este procedimento é essencial para criar imagens detalhadas que permitem avaliar a função de órgãos ou tecidos.
Gama-Câmara e Seus Componentes
A gama-câmara é o equipamento principal no exame de cintilografia. Ela detecta a radiação gama emitida pelo radiofármaco administrado ao paciente. A radiação interage com o detector da câmara, desencadeando um processo conhecido como cintilação, no qual a radiação é convertida em emissão de luz.
Os componentes principais da gama-câmara incluem:
- Colimador: Filtra os raios gama para garantir que apenas os provenientes de direções específicas atinjam o detector.
- Cristal cintilador: Converte a radiação gama em luz visível.
- Válvulas fotomultiplicadoras: Amplificam a luz emitida pelo cristal e a convertem em sinais elétricos.
- Sistema de processamento: Analisa os sinais elétricos, determinando a posição e a intensidade da radiação, gerando imagens detalhadas.
Processo de Captação
- Administração do Radiofármaco: O paciente recebe o radiofármaco, que se distribui pelo organismo e acumula no tecido de interesse.
- Emissão de Radiação: O radiofármaco emite radiação gama, captada pela gama-câmara.
- Cintilação e Conversão: A radiação é convertida em luz, depois em sinal elétrico.
- Processamento da Imagem: O sistema determina a localização e a intensidade da radiação, produzindo imagens que refletem a funcionalidade do órgão avaliado.
A figura mostra o exame de perfusão miocárdica de um homem de 55 anos, realizado devido ao teste ergométrico positivo. O resultado foi normal, evidenciando uma distribuição adequada do radiotraçador nas imagens de estresse e repouso. Uma leve redução na captação na parede inferior basal e no septo foi observada, mas é considerada normal devido à presença do septo membranoso, destacado por setas brancas.
As duas primeiras fileiras apresentam imagens do ventrículo esquerdo em eixo curto, sendo a primeira em estresse e a segunda em repouso. As duas fileiras seguintes mostram o eixo longo vertical nas mesmas condições, enquanto as duas últimas exibem o eixo longo horizontal em estresse e repouso.
Contraindicações da Cintilografia de Miocárdio
A cintilografia é um exame de imagem que utiliza substâncias radioativas para avaliar o funcionamento de órgãos ou tecidos. Embora seja amplamente segura, algumas contraindicações e precauções devem ser consideradas:
- Gravidez: a cintilografia é geralmente contraindicada em gestantes devido ao risco potencial da radiação para o feto. Casos excepcionais podem ser avaliados, mas com critérios rigorosos.
- Lactação: mulheres que estão amamentando devem informar ao médico. Em alguns casos, é necessário interromper a amamentação temporariamente até que o material radioativo seja eliminado do corpo.
- Alergia ou Reação ao Radiofármaco: embora raras, reações alérgicas aos radiofármacos podem ocorrer. O histórico do paciente deve ser avaliado antes da administração da substância.
- Incapacidade de Permanecer Imóvel: pacientes que não conseguem permanecer imóveis durante o exame, como crianças pequenas ou pessoas com condições neurológicas, podem ter dificuldades que comprometam a qualidade da imagem.
- Doenças Renais ou Hepáticas Graves: alterações severas nos rins ou fígado podem interferir na eliminação do radiofármaco, exigindo cautela.
- Uso de Medicamentos ou Substâncias Interferentes
Certos medicamentos ou suplementos podem afetar os resultados do exame. É essencial que o paciente informe ao médico sobre o uso de qualquer substância.
Essas contraindicações podem variar conforme o tipo de cintilografia realizada e o estado clínico do paciente. Avaliação prévia é fundamental para garantir a segurança e eficácia do exame.
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Referências
DELGATTO JUNIOR, Wilson. Cintilografia Cardíaca na Avaliação da Vascularização Miocardica, 2019. 24 Folhas. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Biomedicina – Anhanguera, Guarulhos, 2019.
AMORIM, Bárbara Juarez; MESQUITA, Cláudio Tinoco; ARAÚJO, Elaine Bortoleti de; KUBO, Tadeu; NOGUEIRA, Solange; RIVERA, Marissa. Diretriz para Cintilografia de Perfusão Miocárdica de Repouso e Estresse. International Journal of Cardiovascular Sciences, v. 29, n. 3, p. 243-247, 2016.