Resumo de marcapasso permanente: indicações, modos de estimulação e mais! 

Resumo de marcapasso permanente: indicações, modos de estimulação e mais! 

O marcapasso permanente é um dispositivo cardíaco eletrônico implantável e serve para estimular a atividade mecânica cardíaca. Atualmente existem mais de 3 milhões de pessoas no mundo que utilizam marca-passo permanente, sendo que a cada ano cerca de 600 mil novos marcapassos são implantados. 

Sistema elétrico cardíaco

A atividade cardíaca normal é comandada pelo nodo sinusal, o marcapasso natural do coração. Nessa porção, células com automaticidade intrínseca atuam como células marca-passo. Após haver o estímulo sinusal, o impulso elétrico é propagado pelos átrios até o nó atrioventricular (AV) por onde passam para entrar no sistema His-Purkinje para se espalhar rapidamente e despolarizar os ventrículos. 

Crédito: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S073510971637067X#fig1

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Indicações de marcapasso permanente

A principal indicação de marcapasso definitivo é devido a bradiarritmias sintomáticas ou bloqueios cardíacos de alto grau, visto que a desaceleração extrema ou a parada completa dos batimentos cardíacos podem ser fatais nesse casos. Os sintomas mais comuns da bradicardia são tonturas, atordoamento, síncope, fadiga e baixa tolerância ao exercício. Segundo a American College of Cardiology (ACC), a American Heart Association (AHA) e a Heart Rhythm Society (HRS), as principais indicações para implante de marcapasso incluem:

  • Bloqueio atrioventricular total (BAVT);
  • Bradicardia sintomática da doença do nódulo sinusal;
  • Bradicardia sintomática por doença do nó atrioventricular;
  • Bloqueio cardíaco avançado de 2º ou 3º grau;
  • Síndrome do QT longo;
  • Cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva;
  • Cardiomiopatia dilatada;
  • Durante a ablação do nó AV;
  • Terapia de ressincronização cardíaca com estimulação biventricular; e
  • Síncope recorrente.

Modos de marcapasso permanente

O sistema inclui o próprio marcapasso e os fios que conectam o marcapasso ao coração. A unidade do marcapasso é um pouco maior que um relógio de pulso masculino e contém geradores de pulsos, que são o componente “bateria” do marcapasso, gerando o impulso elétrico que é transmitido ao miocárdio e resultando no batimento cardíaco.

Esses impulsos elétricos são transmitidos ao miocárdio por eletrodos transvenosos para a transmissão dos impulsos de estimulação do gerador de pulsos para o miocárdio. Esses eletrodos são geralmente colocados por via percutânea ou com corte cefálico, sem necessidade de cirurgia intratorácica e morbidades inerentes associadas. 

Crédito: Pubmed

Modos de estimulação do marcapasso

A última geração de marcapassos tem muitos modos de estimulação, que é descrito geralmente com um código de 4 ou 5 letras (por exemplo, DDDR). 

  • 1° letra: identifica a câmara estimulada (A para átrio, V para ventrículo, D para duplo/ambos).
  • 2° letra: indica o câmara detectada (A para átrio, V para ventrículo, D para duplo/ambos).
  • 3° letra: indica a resposta do dispositivo aos eventos detectados (I para inibir, T para disparar ou D para dupla função). 
  • 4° letra: indica se a resposta de frequência está ativada. 
  • 5° letra: quando utilizada, indica se a estimulação multissítio é utilizada na aurícula (A), ventrículo (V) ou em ambos (D).

A inibição (I) indica que, quando a estimulação cardíaca é detectada, a estimulação do marcapasso é inibida e inicia um novo ciclo de temporização. Por outro lado, se a frequência intrínseca cair abaixo da frequência programada, ocorre a estimulação.

O modo de estimulação de câmara dupla padrão (DDD) é usado quando o modo sinusal está intacto mas a condução AV está prejudicada. A atividade sinusal é detectada e acionará a estimulação ventricular após um atraso AV programado (estimulação p-síncrona).

O modo DDDR é similar ao DDD mas adiciona uma resposta a frequência, utilizada quando a função nodal sinusal e AV são anormais fornecendo resposta cronotrópica. A maioria dos dispositivos modernos usa sensores para determinar a taxa de resposta às demandas fisiológicas. 

Os modos VVI e VVIR estimulam apenas os ventrículos e é usada em pacientes com fibrilação atrial crônica ou pausas infrequentes ou bradicardias. O potencial de rastreamento de arritmias atriais é eliminado no VVI, ou seja, sem nenhuma função de controle adaptativo de frequência cardíaca ou antitaquiarritmia. Já o modo VVIR fornece suporte cronotrópico quando necessário.

O modo AR é utilizado quando há disfunção isolada do nódulo sinusal, sem alterações de condução nodal AV. Evita a estimulação ventricular e, quando administrado por um marcapasso de câmara única, elimina a necessidade de um eletrodo que cruze a válvula tricúspide. 

#Ponto importante: A maioria dos pacientes utilizam os modos AAI, VVI ou DDD, com ou sem resposta de frequência cardíaca.

Os modos VOO/DOO são assíncronos e programados para evitar o reconhecimento de atividade elétrica, evitando a detecção de atividade elétrica extrínseca que pode ser “mal interpretada” como eventos cardíacos nativos (oversensing), inibindo a estimulação ou levando a estimulação ventricular rápida até o limite superior da frequência se a detecção ocorrer no eletrodo atrial. 

Terapia de ressincronização cardíaca

Em pacientes com insuficiência cardíaca grave, o atraso na condução intraventricular tem sido associado à instabilidade clínica e ao aumento do risco de morte súbita em pacientes com IC. Junto com os cardioversores desfibriladores internos (CDIs), os marcapassos biventriculares estão sendo cada vez mais considerados para pacientes com IC com alto risco de morte súbita.  

A terapia de ressincronização cardíaca consiste na estimulação biventricular, simultânea dos ventrículos esquerdo e direito, e pode fornecer um padrão mais coordenado de contração ventricular e, assim, reduzir a duração do QRS e a assincronia intraventricular e interventricular. A intenção terapêutica é ativar ambos os ventrículos simultaneamente, melhorando assim a eficiência mecânica dos ventrículos. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Carrión-Camacho MR, Marín-León I, Molina-Doñoro JM, González-López JR. Safety of Permanent Pacemaker Implantation: A Prospective Study. J Clin Med. 2019 Jan 1;8(1):35. doi: 10.3390/jcm8010035.https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6352172/
  • Mark S LinK. Permanent cardiac pacing: Overview of devices and indications. 2023, UpToDate.  
  • Puette JA, Malek R, Ellison MB. Pacemaker. [Updated 2022 Sep 12]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK526001/
  • Siva K. Mulpuru et al. Cardiac Pacemakers: Function, Troubleshooting, and Management: Part 1 of a 2-Part. Journal of the American College of Cardiology,
  • Volume 69, Issue 2, 2017, Pages 189-210, ISSN 0735-1097, https://doi.org/10.1016/j.jacc.2016.10.061.
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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