Resumo sobre linfócitos: citologia, alterações e mais!

Resumo sobre linfócitos: citologia, alterações e mais!

Definição

Os linfócitos são um tipo de leucócitos, glóbulos brancos presentes no plasma e tecidos linfóides que possuem importante papel na defesa do corpo contra microrganismos patogênicos. 

A grande função dessas células é reconhecer moléculas estranhas existentes em diferentes agentes infecciosos, combatendo-as por meio de resposta humoral a partir da produção de imunoglobulinas (anticorpos) ou resposta citotóxica mediada por células. 

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Características dos linfócitos 

Constituem uma família de células esféricas, com diâmetro variável entre 6 e 8 μm, mas no sangue ocorre ainda uma pequena porcentagem de linfócitos maiores que podem alcançar 18 µm de diâmetro. 

O linfócito pequeno tem núcleo esférico, às vezes com uma chanfradura. O citoplasma do linfócito pequeno é muito escasso, aparecendo nos esfregaços como um anel delgado em volta do núcleo. Apresenta basofilia discreta, corando-se em azul claro. 

Crédito: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. 13ª edição, 2017.

O tempo de sobrevivência dos linfócitos é muito variável; alguns vivem apenas alguns dias, enquanto outros vivem durante muitos anos e os linfócitos geralmente constituem 8 a 33% dos leucócitos no sangue periférico. 

Apesar de apresentarem características semelhantes, Uma das populações, os linfócitos T, é a responsável pela formação de linfócitos, essas células se dividem distintivamente em duas grandes populações, linfócitos T e B. 

#Ponto importante: Ao contrário dos outros leucócitos que não retornam ao sangue depois de migrarem para os tecidos, os linfócitos voltam dos tecidos para o sangue, recirculando continuamente. 

Linfócitos T

Todas essas duas populações de linfócitos se originam na medula óssea, mas os linfócitos T completam sua maturação no timo, enquanto os linfócitos B saem da medula já como células maduras. No timo, os linfócitos T se diferenciam nas subpopulações das células T helper, T supressora e T citotóxica. 

Os linfócitos T helper estimulam a transformação dos linfócitos B em plasmócitos, através da apresentação de antígenos. Os linfócitos T supressores inibem as respostas humoral e celular helper e T supressores são células reguladoras. Os linfócitos T citotóxicos agem diretamente sobre as células estranhas e as infectadas por vírus, graças a produção de proteínas chamadas perforinas, que causam lise nas células, ou através da indução apoptótica nas células-alvo. 

Linfócitos B

Os linfócitos B representam entre 5 e 10% dos linfócitos do sangue. Elas são responsáveis pela imunidade humoral, onde no sangue ou tecido linfóide produzem imunoglobulinas de superfície (anticorpos). Esse mecanismo ocorre após as células T helper apresentar um antígeno de superfície às células B, estimulando a conversão dessas células em plasmócitos, células ativa na produção de anticorpos. 

Os anticorpos são glicoproteínas plasmáticas circulantes, também chamadas de imunoglobulinas (Ig). Os antígenos que se ligam aos anticorpos IgG e IgM,  ativam o complemento, que causam a lise (ruptura da membrana) dos microrganismos. Uma vez ativado, o complemento também facilita a fagocitose de bactérias e outros microrganismos patógenos. 

Os neutrófilos e macrófagos têm receptores para a região Fc do complexo antígeno-IgG, e, desta maneira, IgG prende o complexo antígeno-anticorpo à superfície dessas células. As bactérias ligadas ao complexo antígeno-IgG são ditas opsonizadas. A opsonização facilita muito a fagocitose. 

Crédito: JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. 13ª edição, 2017.

Contagem de linfócitos no sangue

A faixa normal de contagem de glóbulos brancos em adultos é de 4.400 a 11.000 células/microL na maioria dos laboratórios clínicos, sendo que os linfócitos representam 8 a 33% dos leucócitos no sangue periférico em condições normais. Esta contagem inclui todos os subconjuntos de linfócitos T, linfócitos B e células natural killer (NK), que apresentam as seguintes proporções: 

  • Células T (CD3+) – 60 a 80%
  • Células B (CD20+) – 10 a 20%
  • Células NK (CD56+) – 5 a 10% 

Já as proporções normais de subtipos de células T no sangue periférico são: 

  • Células T auxiliares/indutoras (CD4+) – 60 a 70%
  • Células T supressoras/citotóxicas (CD8+) – 30 a 40%

Linfócitos altos

A elevação da contagem de linfócitos no sangue periférico é chamada de linfocitose, que para adultos corresponde a >4000 linfócitos/microL na maioria dos laboratórios clínicos. Frequentemente está associado a infecções virais.  

  • Causas infecciosas virais
    • Mononucleose infecciosa (mais comum causa entre adultos jovens)
    • HIV, HTLV-I (vírus T-linfotrópico humano tipo I)
    • CMV
    • Rubella
    • Influenza
    • Hepatites
    • Adenovírus
    • Vírus Coxsackie
  • Causas infecciosas bacterianas
    • Coqueluche
    • Toxoplasmose 
    • Tuberculose
    • Sífilis
    • Riquetsioses 
  • Causas não infecciosas
    • Reações de hipersensibilidade a medicamentos
    • Estresse
    • Linfocitose policlonal persistente de células B
    • Asplenia
    • Timoma
  • Processos clonais
  • Leucemia linfocítica crônica (LLC)
  • Linfomas não-Hodgkin
  • Leucemia linfoblástica aguda (LLA) 

Linfócitos baixos

O número reduzido de linfócitos denomina-se linfopenia ou linfocitopenia e corresponde a uma contagem <1000 células/microL para adultos, pode apresentar causas como:

  • Infecções virais, principalmente vírus da imunodeficiência humana (HIV), mas pode ser causada por influenza, coronavírus, hepatite e sarampo. 
  • Infecções bacterianas, micobacterianas, fúngicas e parasitárias. 
  • Quimioterapia ou terapia imunossupressora, incluindo glicocorticóides. 
  • Estado cirúrgicos ou hemorragias
  • Desnutrição protéico-energética. 
  • Distúrbios de imunodeficiência congênita. 

Em um estudo recente com hospitalizados com contagem de linfócitos <600/microL em um hospital universitário de alta complexidade, as causas mais comuns de linfocitopenia foram sepse bacteriana ou fúngica (24%), estado pós-operatório (22%), Malignidade (17%), uso de glicocorticóides (15%), quimioterapia citotóxica e/ou radioterapia (9%), trauma ou hemorragia (8%).

Avaliação adicional

Doentes com linfocitose persistente, linfadenopatia importante, visceromegalia, massa mediastinal associados a presença de blastos ou manchas em esfregaço sanguíneo, merecem avaliação adicional. Exames adicionais incluem citometria de fluxo e exame de MO para suspeita de leucemias e biópsia de linfonodos no linfoma. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 13ª edição. Rio de Janeiro – RJ: Guanabara Koogan, 2017.
  • Eduarda Libarino Suzuki. Linfocitoses reacionais. Academia de Ciências e Tecnologia – Instituto Naoum (outubro de 2015 a novembro de 2016). Artigo Disponível em  cienciasnews 
  • ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ᵃ Edição. Elsevier, 2015 (livro-texto). 
  • ARTIGOS DE HEMATOLOGIA – Alterações reacionais de leucócitos, Disponível em Ciências News
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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