Olá, querido doutor e doutora! A suplementação de cálcio na gestação tem sido amplamente estudada como uma estratégia para reduzir complicações maternas, especialmente distúrbios hipertensivos, como a pré-eclâmpsia. Recentemente, novas diretrizes ampliaram essa recomendação para todas as gestantes, independentemente de fatores de risco individuais. Com base nas atualizações do Ministério da Saúde, este texto apresenta os principais aspectos sobre a suplementação, incluindo suas indicações, benefícios e grupos que apresentam maior necessidade desse mineral.
Anteriormente, a suplementação de cálcio era indicada apenas para gestantes com baixo consumo dietético ou alto risco de pré-eclâmpsia; agora, a recomendação se estende a todas as gestantes, devido à baixa ingestão média desse nutriente na população brasileira.
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A Importância do Cálcio na Gestação
Desenvolvimento Ósseo do Feto
O cálcio é um dos principais minerais envolvidos na formação do esqueleto fetal. Durante a gravidez, ocorre uma transferência desse nutriente da mãe para o bebê, especialmente no terceiro trimestre, quando a demanda é maior. Caso a ingestão materna seja insuficiente, o organismo pode utilizar as reservas ósseas da mãe, o que pode levar à redução da densidade mineral óssea materna.
Regulação da Contração Muscular
Esse mineral está envolvido no funcionamento dos músculos, incluindo a musculatura uterina. Manter níveis adequados de cálcio contribui para a coordenação das contrações uterinas, o que pode ajudar a reduzir o risco de contrações desordenadas e parto prematuro. Além disso, ele auxilia no relaxamento da musculatura vascular, promovendo um fluxo sanguíneo adequado para a placenta.
Controle da Pressão Arterial
O cálcio está relacionado ao equilíbrio da pressão arterial durante a gestação. A suplementação desse mineral pode estar associada à redução do risco de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia, especialmente em mulheres com baixo consumo dietético. Esse efeito ocorre porque o cálcio influencia a resposta dos vasos sanguíneos e pode ajudar a reduzir a resistência vascular periférica.
Participação na Coagulação Sanguínea
A coagulação do sangue também depende do cálcio, que está envolvido na ativação de fatores necessários para esse processo. Durante o parto e o período pós-parto, a presença adequada desse mineral pode ajudar a reduzir o risco de sangramentos excessivos, contribuindo para uma recuperação mais segura da gestante.
Populações de Maior Risco para Deficiência de Cálcio
- Adolescentes grávidas: gestantes adolescentes apresentam um risco aumentado de deficiência de cálcio, pois ainda estão em fase de crescimento e necessitam do mineral tanto para o desenvolvimento do próprio organismo quanto para a formação óssea do feto.
- Mulheres com dietas restritivas: gestantes que seguem dietas restritivas, como veganas ou vegetarianas estritas, podem apresentar ingestão insuficiente de cálcio, especialmente se não consomem alimentos fortificados.
- Intolerantes à lactose e alergia à proteína do leite de vaca: aqueles que apresentam intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca podem ter um consumo reduzido de laticínios, que são fontes importantes de cálcio.
- Mulheres com alto consumo de cafeína e alimentos ultraprocessados: o consumo excessivo de cafeína, presente no café, chás e refrigerantes, pode interferir na absorção de cálcio e aumentar a excreção urinária do mineral. Da mesma forma, dietas ricas em alimentos ultraprocessados e pobres em fontes naturais de cálcio podem comprometer a ingestão adequada, aumentando o risco de deficiência.
- Gestantes com doenças gastrointestinais: mulheres com doenças intestinais que afetam a absorção de nutrientes, como doença celíaca, doença de Crohn e síndrome do intestino curto, podem apresentar absorção prejudicada de cálcio.
- Mulheres com histórico de pré-eclâmpsia ou hipertensão crônica: a deficiência de cálcio pode estar associada a um maior risco de hipertensão gestacional e pré-eclâmpsia. Mulheres que já apresentaram essas condições em gestações anteriores ou que possuem hipertensão crônica são consideradas grupo de risco e podem se beneficiar da suplementação para reduzir a probabilidade de complicações.
Indicação da Suplementação de Cálcio na Gestação
Anteriormente, a suplementação de cálcio era recomendada apenas para gestantes com baixo consumo dietético desse mineral ou para aquelas com alto risco de desenvolver pré-eclâmpsia, como mulheres com hipertensão prévia, diabetes, obesidade, gestação gemelar ou histórico de pré-eclâmpsia em gestações anteriores.
Com a Nota Técnica Conjunta Nº 251/2024, essa recomendação foi ampliada. Agora, a suplementação de cálcio é indicada para todas as gestantes, independentemente do risco individual, considerando a baixa ingestão média de cálcio pela população feminina brasileira. Essa mudança reflete a necessidade de ampliar a proteção contra distúrbios hipertensivos, garantindo um acesso mais abrangente ao suplemento.
Prescrição e Dose Recomendada
A atualização do protocolo estabelece que a suplementação de cálcio deve ser iniciada a partir da 12ª semana de gestação e mantida até o parto. A dose recomendada é de 1.000 mg de cálcio elementar por dia, administrada em duas doses de 500 mg, com intervalos de pelo menos duas horas da ingestão de ferro para evitar interferências na absorção dos micronutrientes.
Disponibilidade no Sistema Único de Saúde
A suplementação de cálcio para gestantes passou a integrar as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) como uma estratégia universal. O carbonato de cálcio, na forma de comprimidos de 1.250 mg (equivalente a 500 mg de cálcio elementar), é fornecido gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Essa ampliação do acesso busca melhorar a assistência pré-natal e reduzir o impacto da pré-eclâmpsia e outras complicações maternas associadas.
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Referências Bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde. Nota Técnica Conjunta nº 251/2024-COEMM/CGESMU/DGCI/SAPS/MS e CGAN/DEPPROS/SAPS/MS. Brasília, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/saps/publicacoes/notas-tecnicas/nota-tecnica-conjunta-no-251-2024-coemm-cgesmu-dgci-saps-ms-e-cgan-deppros-saps-ms/. Acesso em: 22 fev. 2025.
- RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Saúde. Guia do Pré-natal e Puerpério na Atenção Primária à Saúde (APS). Porto Alegre: Secretaria de Estado da Saúde, 2024.