Resumo sobre dexametasona: indicações, farmacologia e mais!

Resumo sobre dexametasona: indicações, farmacologia e mais!

Visão geral da dexametasona

A dexametasona é um glicocorticóide com a composição química 9α-fluoro-16α-metilprednisolona. Foi sintetizada pela primeira vez em 1957 e, através da adição de um grupo metilo no anel ciclopentano, conseguiu aumentar o tempo de duração em relação aos esteróides disponíveis naquela época. 

A tabela abaixo facilita a equivalência em miligramas de outros glicocorticóides à dexametasona. 

Indicações e dosagem

Pode ser usada em diversas condições clínicas quando se requer o emprego de um glicocorticóide. Porém, faltam evidências para apoiar uma dose e duração ideais para a maioria das indicações. 

Faixa de dosagem usual Oral, IV ou IM: 4 a 20 mg/dia administrados em dose única diária ou em 2 a 4 doses fracionadas. Dose alta: 0,4 a 0,8 mg/ kg /dia (geralmente não excedendo 40 mg/dia). 

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Injeção oral, IV ou IM: Agente anti-inflamatório e imunossupressor em uma grande variedade de doenças:

  • Alergias: Controle de distúrbios alérgicos graves, intratáveis por esquemas convencionais adequados, como asma grave, dermatite de contato, dermatite atópica e reações de hipersensibilidade a drogas
  • Edema cerebral: associado com tumor primário ou metastático, craniotomia ou traumatismo craniano
  • Meningite tuberculosa: com uso concomitante de terapia tuberculostática adequada
  • Neoplasias: manejo paliativo de leucemias e linfomas em adultos, leucemia aguda na infância
  • Doenças oftalmológicas: graves processos inflamatórios e alérgicos crônicos ou agudos envolvendo os olhos
  • Condições dermatológicas: pênfigo, eritema multiforme grave (síndrome de Stevens-Johnson), dermatite esfoliativa, dermatite seborreica grave, psoríase grave
  • Trombocitopenia imune
  • Mieloma múltiplo
  • Doenças reumáticas 

Injeção intra-articular ou em tecidos moles: osteoartrite, artrite reumatóide, bursite aguda e subaguda, artrite gotosa aguda, epicondilite, tenossinovite aguda inespecífica e osteoartrite pós-traumática.

Injeção intralesional: Quelóides, lesões localizadas hipertróficas, infiltradas, inflamatórias do líquen plano, placas psoriáticas, granuloma anular e líquen simples crônico (neurodermatite), lúpus eritematoso discóide, necrobiose lipoídica diabética, alopecia areata, tumores císticos de uma aponeurose ou tendão (gânglios).

Atualidade COVID-19: Conforme o estudo RECOVERY, ministrar 6 mg de dexametasona (por via oral ou endovenosa), 1x/dia, por 10 dias, resultou em diminuição de mortalidade de 33,3% dos pacientes com COVID-19 sob ventilação mecânica e de 20% dos pacientes com suporte de oxigênio fora da Terapia Intensiva (em 28 dias).

Características farmacológicas da dexametasona

Farmacodinâmica do Principal Nome Comercial

A dexametasona tem ação quase puramente glicocorticoide, com maior ação anti-inflamatória, quando comparada aos demais derivados de cortisol. Os glicocorticoides são hormônios esteroides que exercem suas ações fisiológicas através de sua ligação ao receptor citosólico de glicocorticóides. 

O complexo glicocorticoide-receptor de glicocorticoides é transferido para o núcleo, onde se liga a elementos de resposta dos glicocorticoides na região promotora de genes específicos, com consequente supra-regulação ou infra-regulação da expressão gênica.

Os glicocorticoides exercem efeitos metabólicos importantes sobre praticamente todas as células do organismo e, em doses farmacológicas, suprimem a ativação e a função das células imunes inatas e adaptativas. Os glicocorticoides infra-regulam a expressão de numerosos mediadores inflamatórios, incluindo citocinas essenciais, como o TNF-, a interleucina-1 (IL-1) e a IL-4. O efeito global da administração de glicocorticoides é profundamente anti-inflamatório e imunossupressor, explicando o uso desses fármacos no tratamento de numerosas doenças inflamatórias, como a artrite reumatoide e a rejeição de transplantes.

Farmacocinética

A dexametasona via oral, como qualquer outro glicocorticoide, é rápida, completamente absorvida pelo trato gastrointestinal e liga-se à albumina em 65 a 90%. Como pequenas moléculas lipofílicas, penetram nas células por difusão simples.

O volume aparente de distribuição foi de 1 L/kg em ambos os grupos e a biodisponibilidade da dexametasona oral foi de 81%. Seu metabolismo ocorre nas células hepáticas e em outras células, com excreção pela urina. Quase todos os metabólitos são excretados em até 72 horas, em comparação com 18-36 h para a prednisolona. 

Ponto importante: A dexametasona é considerada um corticoide de ação lenta, em comparação com os de ação rápida como cortisona e hidrocortisona ou intermediária como prednisona e triancinolona.

Contraindicações

Hipersensibilidade à dexametasona ou a qualquer componente da formulação e infecções fúngicas sistêmicas são as principais contraindicações.

Efeitos adversos da dexametasona

A administração a longo prazo de dexametasona, assim como os glicocorticoides em geral, possui efeitos adversos importantes. Em pacientes tratados com glicocorticoides, é necessário proceder a uma rigorosa monitorização a procura de diabetes, redução da resistência a infecções, osteoporose, cataratas, aumento do apetite levando a um ganho ponderal, hipertensão e suas sequelas e mascaramento da inflamação.

A interrupção abrupta do tratamento com glicocorticoides pode resultar em insuficiência suprarrenal aguda, visto que o hipotálamo e a hipófise necessitam de várias semanas a meses para o restabelecimento da produção adequada de ACTH. Durante esse período, a doença subjacente pode agravar-se, devido à desinibição do sistema imune. 

Ponto importante: a provável supressão do eixo hipotalâmico-pituitária-adrenal ocorre em qualquer adulto que receba > 3 mg/dia (dosagem diurna) ou ≥ 0,75 mg por 24 horas (dosagem noturna) por > 3 semanas. Nesses casos, a dose de glicocorticoides deve ser reduzida lentamente no processo de interrupção do tratamento. 

Super dosagem

Os efeitos adversos são aumentados quando há necessidade de fazer doses e tempos elevados. Em termos gerais, dois tipos de reações principais acontecem na super dosagem, a insuficiência adrenal aguda e a síndrome de Cushing. 

Insuficiência adrenal aguda: se manifesta por febre, mialgia, artralgia, mal-estar, anorexia, náuseas, descamação da pele, hipotensão ortostática, tontura, desmaio, dispnéia, hipoglicemia.

Síndrome de Cushing: Essa síndrome é característica e cai bastante em provas. A face é conhecida como lua cheia, arredondada, edemaciada e pletórica. A gordura tende a se distribuir das extremidades para o tronco e face. Há um aumento do crescimento de pelos finos sobre as coxas e tronco e algumas vezes na face. Pode aparecer ou aumentar acne e insônia e aumento do apetite passar a ocorrer.

A recuperação das funções adrenal e hipofisária pode demorar vários meses. A suspensão progressiva do corticóide requer controle constante do paciente e da doença primária, com monitoramento clínico e laboratorial.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

BRASIL. Ministério da Saúde. Dexametasona para tratamento de pacientes com COVID-19. 2021. 

Dexametasona (sistêmica): Informações sobre o medicamento. Uptodate, 2021. 

DEXAMETASONA. Farmanguinhos/Fiocruz. Miolo Memento14X21_2006_4.PMD.

https://sbpt.org.br/portal/t/recovery/

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