Resumo de fratura de tíbia: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de fratura de tíbia: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais!

A tíbia é um osso extremamente importante para as funções do ser humano. Como ela sustenta a maior parte do peso da perna inferior, fraturas nesse osso trazem bastante transtorno para os pacientes.  

Confira os principais aspectos referentes à fratura de tíbia, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à fratura de tíbia. 

  • Mais comum fratura de ossos longos em crianças e adultos.
  • São divididas em fraturas proximais (com ou sem platô tibial), diafisárias e distais (pilão tibial). 
  • A tíbia sustenta a maior parte do peso nos membros inferiores. 
  • O mecanismo de trauma principal está relacionado a acidentes automobilísticos e traumas esportivos. 
  • O tratamento envolve estabilização, imobilização e redução aberta com fixadores, na maioria dos casos. 

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Definição da doença

As fraturas da tíbia em adultos são classificadas clinicamente com base em sua localização, por isso é importante entender a sua anatomia clínica. 

A tíbia é o principal osso de sustentação de peso da parte inferior da perna. Ela é dividida em porção proximal, diafisária e distal. Há, ainda, uma região importante, chamada platô tibial, que forma a superfície inferior da articulação do joelho.

Tíbia e fíbula. Créditos: Wikimedia
As fraturas nessas diferentes porções da tíbia agregam características particulares em relação mecanismo de lesão e consequências para os pacientes.

O principal suprimento sanguíneo da tíbia surge da artéria tibial anterior e posterior, ramos da artéria poplítea. A artéria tibial posterior dá origem à artéria nutrícia, que entra no terço médio da diáfise da tíbia próximo à origem do músculo sóleo. Fraturas nessa região potencialmente comprometem esse suprimento sanguíneo. Os vasos periosteais fornecem uma circulação menos vulnerável, pois derivam um suprimento sanguíneo abundante da artéria tibial anterior que desce ao longo da membrana interóssea.

Epidemiologia e mecanismo de fratura da tíbia

As fraturas da tíbia são lesões comuns de ossos longos, representando aproximadamente 2% de todas as fraturas em adultos. As fraturas expostas geralmente ocorrem por trauma de alta velocidade, como colisão automobilística, enquanto lesões fechadas podem ocorrer por quedas ou traumas relacionados ao esporte. 

Tanto em adultos como em crianças as fraturas fechadas da diáfise da tíbia são as fraturas de ossos longos mais comuns. As fraturas da tíbia proximal e de platô tibial são mais frequentemente decorrentes de traumas de alta energia. Em adultos, colisões veículo-pedestre, colisões automobilísticas em que o joelho fica preso no painel e colisões durante esportes de contato envolvendo hiperextensão do joelho são cenários específicos que levam a lesões nessa região. 

A fratura distal da tíbia, também chamada em pilão, é pouco frequente, não chegando a 1% das fraturas do membro inferior, além de ser de difícil tratamento. No passado, tais fraturas eram consequência de traumas de baixa energia, por quedas pequenas. Atualmente, são em maior número as fraturas em pilão consequentes de traumas de alta energia, como acidentes de trânsito ou esportivos. 

Manifestações clínicas da fratura de tíbia

As fraturas da tíbia em adultos são classificadas clinicamente com base em sua localização.   

  • As fraturas da diáfise da tíbia resultam em inchaço localizado, dor e incapacidade de suportar peso. 
  • A lesão na tíbia proximal pode se apresentar como derrame no joelho ou como edema localizado e sensibilidade sobre o osso.

Fraturas significativamente deslocadas podem produzir uma mudança no alinhamento ou desalinhamento grosseiro da parte inferior da perna. 

Danos diretos às estruturas neurovasculares podem ocorrer com fraturas da tíbia. Pode haver alteração da sensibilidade da pele, função muscular, pulsos distais e enchimento capilar se o neurovascular for afetado. 

Fraturas da tíbia, particularmente lesões abertas ou complexas, geralmente envolvem complicações, que podem incluir síndrome compartimental aguda, lesões neurovasculares e infecção. Os êmbolos gordurosos podem complicar qualquer tipo de fratura da tíbia, desde fraturas complexas tratadas cirurgicamente até fraturas simples tratadas sem cirurgia. 

Além disso, de forma crônica, as fraturas expostas da tíbia têm altas taxas de complicações e são frequentemente associadas a limitações funcionais a longo prazo e dor crônica. Vários estudos observacionais examinaram o desenvolvimento de osteoartrite significativa e disfunção geral após o tratamento de fraturas da tíbia.  

Diagnóstico de fratura de tíbia

As radiografias simples são o meio básico para avaliar as fraturas da diáfise da tíbia. Para a vida prática, em geral, a escolha das incidências tem valor na determinação das fraturas. 

Os estudos iniciais na suspeita de fratura de tíbia incluem vistas anteroposterior (AP) e perfil. A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) são reservadas para lesões mais complexas, quando há suspeita de lesão articular e platô tibial. 

Fratura diafisária de tibia. 

Lembrete: Ossos longos, como a tíbia, são locais que devemos examinar no C (circulação), no ABCDE do trauma (ATLS), pois são fonte de sangramento importante e causa de choque hemorrágico no trauma.

Tratamento de fraturas de tíbia

O tratamento inicial da fratura de tíbia segue os princípios de fraturas em geral. A minimização das lesões de partes moles é essencial, particularmente de estruturas neurais e vasculares, imobilizando a fratura. 

Aplicação de gelo para minimizar o inchaço e a inflamação, elevação da extremidade lesionada acima do nível do coração e analgesia também fazem parte do tratamento inicial. A maioria dos pacientes obtêm alívio adequado da dor com imobilização, gelo e analgésicos de primeira linha como AINES. Analgésicos opióides são ocasionalmente necessários para controlar a dor durante os primeiros três a cinco dias. 

Ponto importante: Manejo de fratura exposta de tíbia segue os princípios gerais, como classificar a gravidade de lesão de partes moles e antibioticoprofilaxia. 

Classificação de gravidade de acometimento de partes moles na fratura exposta. 

A maioria dos ortopedistas inicia a profilaxia com antibiótico de amplo espectro que cubra germes gram-positivos, em geral a cefalosporina de primeira geração, quando grau I e II. Em casos selecionados de contaminação com detritos orgânicos ou de contaminação intensa, o acréscimo de um aminoglicosídeo visando os gram-negativos é recomendado, grau II. Se acidente ocorreu em área rural, adiciona-se uma penicilina. 

Evidências para orientar o tratamento definitivo das fraturas da tíbia continuam a evoluir. Dependendo da localização e gravidade da fratura e dos recursos disponíveis, as opções de tratamento podem incluir a não sustentação de peso com gesso de perna longa ou órtese gessada, haste intramedular, redução aberta e fixação interna e fixação externa circunferencial.

Fratura diafisária de tíbia e fíbula. A fratura de tíbia foi reduzida com colocação de haste intramedular. 

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Veja também

Referências bibliográficas:

Karl B Fields, MD, Visão geral das fraturas da tíbia em adultos, Uptodate, 2021. 

PACCOLA CA. Fraturas expostas. Rev Bras Ortop. 2001;36(8):.

MAURIZIO ANGELO CATAGNI, GUARACY CARVALHO FILHO. Rev Bras Ortop. 1996;31(8). 

Imagens:

Crédito da imagem de destaque

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