Resumo sobre progesterona: indicações, farmacologia e mais!

Resumo sobre progesterona: indicações, farmacologia e mais!

Visão geral

A progesterona é um hormônio esteroide produzido naturalmente na mulher, através do corpo lúteo, durante o ciclo menstrual, e pela placenta, durante a gestação. Fora da gestação também é produzida pelas adrenais e pelo sistema nervoso.

Se ocorrer a implantação, este hormônio continuará sendo secretado pelo corpo lúteo e pela placenta, até que entre 8 a 12 semanas a placenta assuma toda produção.

A progesterona é o único progestágeno natural, enquanto os progestágenos sintéticos tentam mimetizar o efeito da progesterona, e são chamados de progestinas. Aqui será discutido o papel da progesterona natural no tratamento de alterações uterinas e na gestação. 

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Indicações e dosagem

Tecnologia de reprodução assistida: A progesterona é utilizada para pacientes inférteis com deficiência de progesterona para auxiliar a implantação embrionária e suportar a gravidez clínica, como parte da tecnologia de reprodução assistida (TRA) para pacientes inférteis com deficiência de progesterona.

É utilizada na forma de gel vaginal ou anel vaginal. A eficácia do inserto/anel vaginal em pacientes com idade ≥35 anos não foi estabelecida. O uso do anel vaginal em pacientes com IMC >38 kg/m 2 não foi estudado.

Hiperplasia endometrial associada à terapia com estrogênio: Pacientes que fazem uso de terapia hormonal com estrogênio, como mulheres em menopausa ou que tratam amenorréia secundária, sofrem com hiperplasia endometrial. Pode ser usado progesterona via oral, 200 mg uma vez ao dia, durante 12 dias por mês, ou com gel intravaginal, para suprimir os efeitos hiperplásicos ao endométrio. 

#Ponto importante: devido as limitações de estudos com uso de gel intravaginal, a administração via oral é preferível nos casos de hiperplasia endometrial. 

Teste diagnóstico para amenorreia secundária:  Para uso como auxiliar de diagnóstico para determinar a exposição endometrial ao estrogênio e/ou anormalidade uterina ou do trato de saída. O uso preferível é por via oral, 200 mg por dia durante 10 dias.

O teste é considerado positivo caso ocorra sangramento dentro de 2 a 7 dias do término do curso de progesterona e significa que existem níveis adequados de estrogênios endógenos para estimular a proliferação endometrial, as gonadotrofinas estimulam o funcionamento ovariano e o trato genital é competente. 

Sangramento uterino anormal: é indicado  no tratamento de sangramento uterino anormal devido a desequilíbrio hormonal na ausência de patologia orgânica, como miomas submucosos ou câncer uterino. A via indicada é intramuscular, 5 a 10 mg/dia em 6 doses. Iniciar 2 semanas após a terapia com estrogênio (se também estiver em uso). O sangramento deve cessar em 6 dias. Interrompa o uso se o fluxo menstrual começar durante a terapia. 

Parto prematuro espontâneo, prevenção: o uso pode ser considerado para pacientes com gravidez única, parto prematuro anterior e comprimento cervical <25 mm. Segundo a ACOG 2021, não existem doses bem definidas em relação ao uso para este fim.

A progesterona natural é normalmente administrada por via vaginal. A vantagem da progesterona vaginal é sua alta biodisponibilidade uterina, pois a exposição uterina ocorre antes da primeira passagem pelo fígado.

Doses de 90 a 400 mg têm sido eficazes, começando já na 18ª semana de gestação. Outras opções incluem um comprimido vaginal de progesterona micronizada de 100 mg ou um gel vaginal de 8% contendo 90 mg de progesterona micronizada por dose. A progesterona geralmente é continuada até 34 a 36 semanas de gestação (SOGC [Jain 2020]).

Contraindicações

É contraindicado em casos de hipersensibilidade à progesterona ou a qualquer componente da formulação, incluindo amendoim/óleo de amendoim. Mesmo sendo indicado para sangramento genital anormal, não deve ser utilizado se causas estrutural não forem afastadas.

Também não deve ser utilizada em casos confirmados, suspeitos ou história de câncer de mama, trombose venosa profunda ativa, embolia pulmonar, além de doença arterial tromboembólica ativa, comprometimento ou doença hepática. 

Efeitos adversos da progesterona

As reações que ocorrem em mais de 10% dos pacientes incluem cansaço, inchaço, dor de cabeça, alterações no peso, alterações no apetite, metrorragia, inchaço abdominal e período menstrual irregular. Sonolência pode ocorrer de 1 a 3 horas após tomada da medicação. Reações incomuns incluem irritabilidade e tontura.

#Ponto importante: a via vaginal é a que menos possui efeitos colaterais, sendo geralmente mais toleradas. 

Características farmacológicas da progesterona

Mecanismos de ação 

A progesterona natural, através de seu efeito antiestrogênico, é responsável por manter a secreção do endométrio, que é necessária para a sobrevivência do embrião, bem como pelo desenvolvimento do feto ao longo da gestação. Por isso é utilizada na terapia de reprodução assistida, permitindo a implantação do blastocisto, e evita novo episódio de ovulação por seu efeito antigonadotrófico.

Além disso, promove o desenvolvimento da glândula mamária, relaxa a musculatura lisa uterina, bloqueia a maturação folicular e a ovulação e mantém a gravidez. A progesterona também é importante precursor na biossíntese dos corticosteróides supra-renais  e de todos os hormônios sexuais (testosterona e estrogênio).

Farmacocinética

A via oral é menos utilizada, pois há intensa inativação dos progestógenos devido ao metabolismo de primeira passagem intestinal e hepática. A biodisponibilidade da progesterona é de apenas 10%. 

#Ponto importante: Também existe uma preparação oral micronizada de progesterona natural. Ela aumentou discretamente a biodisponibilidade e parece ter efeitos colaterais menores que as progesterona sintéticas. 

Na via parenteral também ocorre metabolização hepática,  mas há uma concentração muito menor de metabólitos na circulação hepática. A grande desvantagem da via parenteral (intramuscular) é a dor e a irritação no local da injeção.

A via vaginal de administração possui absorção prolongada, atualmente muito utilizada em tratamentos de reprodução assistida, tem como maior benefício a grande biodisponibilidade, por evitar o metabolismo hepático de primeira passagem. Nessa via ocorre o efeito de “primeira passagem uterina”, que determina concentrações no útero maiores do que as séricas, sendo a concentração de progesterona nas artérias uterinas significativamente maiores do que na artéria radial. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Hormônios Femininos : Estrógenos e Progesterona. Disponível em Link
  • Progesterona: Drug information. Uptodate. 
  • Vigo F, Lubianca JN, Corleta HE. Progestógenos: farmacologia e uso clínico. FEMINA | Março 2011 | vol 39 | nº 3. 
  • Yoshizaki CT, Bittar RE, Francisco RPV , Zugaib M. Progesterona para prevenção do parto prematuro. FEMINA | Março/Abril 2012 | vol 40 | nº 2
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels 
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