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Visão geral
O sildenafil, também conhecido pelo nome comercial Viagra ou vulgarmente chamada de “pílula azul, é um vasodilatador inibidor da Fosfodiesterase 5, aprovado há duas décadas para tratamento de angina pectoris, mas logo mostrou uma eficácia maravilhosa na disfunção erétil e, em seguida, hipertensão arterial pulmonar.
Dicas sobre o uso de sildenafil
- Não usar em associação a nitratos orgânicos, pelo risco aumentado de hipotensão grave.
- Tem duas indicações básicas: Disfunção erétil e hipertensão pulmonar tipo 1.
- Em pacientes idosos, podem tolerar menos a droga, doses menores (25mg) podem ser suficiente para estimular a ereção e causar menos efeitos adversos.
- Seu início de ação para disfunção erétil é cerca de 60 minutos, por isso deve ser tomado uma horas antes da relação sexual.
- Sua duração máxima é de 04 horas.
Indicações e dosagem
O uso inicial previsto para o sildenafil era para o tratamento da angina pectoris e demonstrou eficácia parcial para esta finalidade. No entanto, o mais surpreendente foi que o sildenafil pode induzir ereções espontâneas ou noturnas nos pacientes que faziam uso da medicação.
Por este motivo, em 1998, o sildenafil (Viagra) foi aprovado pela Food and Drug Administration dos EUA como um terapia oral para o tratamento da disfunção erétil, marcando uma nova era no campo da saúde sexual masculina.
O tratamento para disfunção erétil pode ser realizado utilizando a dose de 50 mg uma vez ao dia conforme necessário 1 hora antes da atividade sexual, com efeito se tomado até 4 horas antes da atividade sexual. Reduza para 25 mg uma vez ao dia se ocorrerem efeitos colaterais. A dose máxima que deve ser alcançada se resposta incompleta é de 100 mg uma vez ao dia.
A literatura médica tem apresentado um número crescente de relatos de casos sobre o uso do sildenafil oral no tratamento da HP de diversas causas, com aparente melhora na hemodinâmica pulmonar e a capacidade de exercício nesses pacientes. Essa observação mostra que a inibição da cGMP na vasculatura pulmonar pode resultar em relaxamento vascular clinicamente significativo.
Para tratamento de hipertensão pulmonar são usadas geralmente doses altas, iniciando a dose de 20 mg 3 vezes ao dia. No entanto, em pacientes que não conseguem demonstrar ou manter uma resposta clínica adequada, especialistas consideram aumentar lentamente a dose em incrementos de 20 mg até uma dose máxima de 80 mg 3 vezes ao dia.
Contraindicações
- Hipersensibilidade conhecida à droga.
- Uso de outros nitratos (regular ou intermitentemente) devido a hipotensão potencialmente grave.
- Uso associado a anti-hipertensivo alfa-bloqueador, deve-se ter cautela ao utilizar a sildenafila, considere uma dose inicial mais baixa, pois o sildenafil pode potencializar os efeitos hipotensores.
Efeitos adversos do sildenafil
Os efeitos adversos dos inibidores da PDE5 provavelmente resultam da vasodilatação na vasculatura sistêmica induzida por esses fármacos, sendo os mais comuns cefaléia, rubor, dispepsia, epistaxe e alterações visuais leves. Os inibidores da PDE5 possuem apenas um efeito pequeno sobre a pressão arterial nas doses comumente utilizadas para o tratamento da disfunção erétil, e todos os efeitos adversos anteriormente mencionados são relativamente raros, devido às pequenas quantidades de PDE5 no músculo liso vascular.
#Ponto importante: Quando o sildenafil for utilizado na presença de NO em excesso, como quando são administrados nitratos orgânicos concomitantemente, a inibição da degradação do PDE5 pode amplificar acentuadamente o efeito vasodilatador. As consequências da vasodilatação excessiva são hipotensão refratária grave.
Não se sabe ao certo se efeito direito do uso de sildenafil, mas uma perda de visão transitória ou até mesmo permanente, devido a uma afecção denominada neuropatia óptica isquêmica não-arterítica foi associada ao uso da droga. Outro efeito colateral relacionado foi o priapismo doloroso com duração superior a 4 horas, mesmo com ocorrendo raramente.
Características farmacológicas do sildenafil
Farmacodinâmica do Viagra
O sildenafil é o protótipo dos inibidores da fosfodiesterase, que é altamente seletivo para a cGMP fosfodiesterase tipo V (PDE5). A PDE5 é expressa principalmente no músculo liso do corpo cavernoso, mas também é expressa na retina e nas células musculares lisas vasculares.
Na disfunção erétil a droga não causa diretamente ereções penianas, mas afeta a resposta à estimulação sexual. O sildenafil potencializa o efeito do óxido nitrico (ON) ao inibir a PDE-5, sendo que o mecanismo fisiológico de ereção do pênis envolve a liberação de ON no corpo cavernoso durante a estimulação sexual.
O ON então ativa a enzima guanilato ciclase, o que resulta em níveis aumentados de monofosfato de guanosina cíclico (cGMP), produzindo relaxamento do músculo liso e influxo de sangue para o corpo cavernoso.
#Ponto importante: nas doses recomendadas, não tem efeito na ausência de estimulação sexual.
Na HAP, ao inibir a PDE-5 no músculo liso da vasculatura pulmonar há a inibição da degradação do monofosfato de guanosina cíclico (cGMP). O aumento da concentração de GMPc resulta em relaxamento da vasculatura pulmonar e vasodilatação no leito pulmonar.
Farmacocinética
A absorção via oral é rápida, se tornando mais lento com uma refeição rica em gordura. Seu início de ação para disfunção erétil é cerca de 60 minutos, por isso deve ser tomado uma horas antes da relação sexual. A duração de ação para disfunção erétil é de 2 a 4 hohoras.
A droga sofre metabolismo hepático sofrendo transformação para o metabólito principal desmetilsildenafil, formado pela via de N-desmetilação e tem 50% da atividade como sildenafil.
Possui biodisponibilidade oral em média de 40%, principalmente ligado a proteínas. Prevê-se que uma dose de 10 mg da injeção tenha um efeito igual a uma dose oral de 20 mg, levando em consideração o medicamento original e o metabólito ativo. O Tempo para pico em jejum é de 30 a 120 minutos, atrasado em 60 minutos com uma refeição rica em gordura.
Sofre excreção principalmente pelas fezes cerca de 80%, como metabólitos, e cerca de 15% urina. A depuração do metabólito ativo N-desmetil está diminuída em pacientes com insuficiência renal ou hepática grave.
Veja também:
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Referências bibliográficas:
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- GOLAN, David E. e col. Farmacologia. Editora Guanabara Koogan, 3ª edição, 2014.
- Oliveira, Edmundo Clarindo e Amaral, Carlos Faria Santos. Sildenafil no tratamento da hipertensão arterial pulmonar idiopática em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria [online]. 2005, v. 81, n. 5 pp. 390-394. Disponível em: <https://doi.org/10.2223/JPED.1390>
- Sildenafil: Drug information. Uptodate.
- Crédito da imagem em destaque: Pexels