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Visão geral
A sinvastatina é uma estatina de baixa potência com função hipolipemiante. As estatinas são drogas muito utilizadas no mundo inteiro, acompanhando o aumento na prevalência de doenças cardiovasculares.
Ela é considerada de menor potência da sinvastatina em relação a outras estatinas disponíveis no mercado. No entanto, é a estatina mais prescrita no Brasil devido à sua ampla disponibilidade no Sistema Único de Saúde (SUS) e, as vezes, a única opção disponível para prescrição.
Indicações e dosagem
As principais indicações da sinvastatina é tratamento de dislipidemias, na prevenção primária e secundária de doença aterosclerotica e nos casos de hipercolesterolemia familiar.
O tratamento da dislipidemia deve incluir medicamentos já em associação com as modificações do estilo de vida a serem propostas. Para os pacientes de risco moderado ou baixo, o tratamento será iniciado apenas com as medidas do estilo de vida, com a associação, em uma segunda etapa, de medicamentos, se necessário, para obtenção das metas definidas do LDL-c.
As estatinas, como a sinvastatina, são as medicações de primeira escolha para o tratamento da hipercolesterolemia por apresentarem evidências na redução de mortalidade por todas as causas, de eventos isquêmicos coronários, da necessidade de revascularização e de AVC.
Para prevenção primária, 20 a 40 mg uma vez ao dia à noite reduz o LDL-C em 30% a 49%. A dose máxima estabelecida para tratamento de dislipidemias é de 40mg.
#Ponto importante: Para pacientes de alto ou muito alto risco cardiovascular o uso de sinvastatina deve ser limitado a pacientes incapazes de tolerar uma estatina de alta intensidade.
Para prevenção secundária, como pacientes com doença cardíaca coronária, doença cerebrovascular ou doença arterial periférica, a sinvastatina deve ser limitada a pacientes incapazes de tolerar uma estatina de alta intensidade ou precisar de terapias adicionais para atingir a meta de LDL-C.
A sinvastatina também pode ser usada para tratamento na hipercolesterolemia familiar heterozigótica e homozigótica, como agente alternativo às estatinas de alta intensidade, na dose de 20 a 40 mg uma vez ao dia à noite.
Contraindicações
- História de reação de hipersensibilidade à sinvastatina ou a qualquer componente da formulação;
- Doença hepática aguda ou cirrose descompensada;
- Uso concomitante de inibidores fortes do CYP3A4, como antifúngicos azólicos seleccionados, antibióticos macrólidos selecionados e alguns inibidores da protease utilizados para tratamento de HIV e do vírus da hepatite C, além da ciclosporina, danazol ou gemfibrozil.
Efeitos adversos da sinvastatina
Existem alguns efeitos clássicos ao fazer uso das estatinas. Os mais temidos são os efeitos hepáticos ou relacionados à degradação muscular.
As estatinas estão associadas ao aumento das transaminases séricas e hepatotoxicidade. Podem ocorrer aumentos assintomáticos transitórios ou persistentes das transaminases séricas com todas as estatinas até 3 vezes o valor de referência. O aumento da alanina aminotransferase (ALT) é tipicamente maior do que o aumento da aspartato aminotransferase (AST).
#Ponto importante: A hepatotoxicidade aguda, raramente apresentando-se como uma hepatite autoimune induzida por drogas , foi documentada.
Alguns fatores estão relacionados a maior risco de elevação das transaminases, como doses mais altas, medicação concomitante com interações medicamentosas de estatinas ou propriedades hepatotóxicas. Além disso, hepatite B crônica e consumo de álcool são fatores de risco independentes para elevação de aminotransferase hepática associada a estatinas em pacientes com 80 anos de idade ou mais.
Em relação aos efeitos musculares, as estatinas estão associadas a vários efeitos relacionados aos músculos mialgia, rabdomiólise (CK >40 vezes o valor de referência) frequentemente com insuficiência renal aguda secundária à mioglobinúria e miopatia necrosante imunomediada (CK elevado mais a presença de anticorpos contra HMG-CoA).
Muitas vezes se apresenta dentro de alguns meses após o início da terapia, com maior risco no primeiro ano de uso, quando a dose da estatina é aumentada ou quando se introduz um medicamento interativo. Os sintomas musculares geralmente aparecem mais frequentemente quando os pacientes são reexpostos à mesma estatina.
Outros fatores de risco para alterações musculares incluem aumento da dose (exceto miopatia necrosante imunomediada), adição de um medicamento de interação, pacientes idosos, hipotireoidismo, doença muscular preexistente, insuficiência renal, especialmente com sinvastatina 80 mg/dia, baixo IMC, exercício extenuante e cirurgia.
Características farmacológicas da sinvastatina
Farmacodinâmica do Principal Nome Comercial
A sinvastatina, assim como as outras estatinas, são inibidores competitivos da 3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A (HMG-CoA) redutase, a etapa limitante da taxa na biossíntese do colesterol. Eles ocupam uma porção do sítio de ligação da HMG CoA, bloqueando o acesso deste substrato ao sítio ativo da enzima.
Além da capacidade dos inibidores da HMG-CoA redutase de diminuir os níveis de proteína C reativa de alta sensibilidade, eles também possuem propriedades pleiotrópicas, incluindo função endotelial melhorada, inflamação reduzida no local da placa coronária, inibição da agregação plaquetária, e efeitos anticoagulantes
A sinvastatina reduz o LDL-C na dose de 20 a 40 mg/dia em 35% a 41%. Além disso, tem propriedades modestas de aumento do colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL), 5 a 15%. As concentrações de triglicerídeos caem entre 10 a 30%, dependendo da dose utilizada.
Farmacocinética
A sinvastatina é bem absorvida em humanos e passa por ampla extração hepática de primeira passagem, por isso abiodisponibilidade da sua substância ativa para circulação sistêmica é de apenas 5% após uma dose oral de sinvastatina. Os principais metabólitos da sinvastatina presentes no plasma humano são o β-hidroxiácido e quatro metabólitos ativos adicionais.
Em jejum, o perfil plasmático dos inibidores total e ativo não foi afetado quando a sinvastatina foi administrada imediatamente antes de uma refeição-teste. A sinvastatina e o beta-hidroxiácido ligam-se às proteínas plasmáticas humanas (95%).
É metabolizada principalmente pelo fígado, sendo sua forma inativa que é rapidamente hidrolisada in vivo para o β-hidroxiácido, um potente inibidor da HMG-CoA redutase. A extração no fígado depende do fluxo sanguíneo hepático. O fígado é o principal local de ação, com excreção posterior dos equivalentes do fármaco na bile.
Sua meia-vida média é de 1,9 horas. Após uma dose oral de sinvastatina radioativa em humanos, 13% da radioatividade foi excretada na urina e 60% nas fezes em 96 horas. A quantidade recuperada nas fezes representa os equivalentes do fármaco absorvido excretados na bile, assim como o fármaco não absorvido.
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Referências bibliográficas:
- Précoma DB, Oliveira GMM, Simão AF, Dutra OP, Coelho OR, Izar MCO, Póvoa RMS, et al. Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq. Bras. Cardiol. 2019;113(4):787-891.
- Sinvastatina: drug informativo. Uptodate.
- Crédito da imagem em destaque: Pexels.