Olá, meu Doutor e minha Doutora! Imagine um paciente diabético que frequentemente visita seu consultório com uma ferida que resiste a todos os tratamentos convencionais. Nesse cenário, a câmara hiperbárica pode ser a chave para a cura.
Vem com o Estratégia MED conhecer todo o mecanismo por trás das câmaras hiperbáricas e suas indicações. Ao final, veremos como esse tema pode ser cobrado nas provas!
“Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar.”
Josué 1.9
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O que é a Câmara Hiperbárica
A câmara hiperbárica é um dispositivo utilizado para a terapia de oxigenação hiperbárica, também conhecida como oxigenoterapia hiperbárica. Ela é projetada para fornecer oxigênio a pressões atmosféricas muito elevadas para o tratamento de diversas condições.
A primeira câmara hiperbárica conhecida foi construída e operada por um britânico chamado Reverendo Dr. Henshaw na década de 1660. Em 1928, o Dr. Orville Cunningham construiu o “Hospital da Bola de Aço”, uma estrutura de 6 andares de altura e 64 metros de diâmetro usada como promessa para tratar uma infinidade de doenças naquela época.
Atualmente possuímos câmaras hiperbáricas mais modernas, que podem acomodar vários pacientes simultaneamente (câmaras multiplace) ou que comportam somente um paciente (câmaras monoplace).
Mecanismo de ação da Câmara Hiperbárica
Para entendermos o mecanismo de ação das câmaras hiperbáricas, devemos compreender a física por trás delas:
- Aumento da oferta de oxigênio: a Lei de Henry afirma que a solubilidade de um gás em um líquido aumenta com o aumento da pressão do gás sobre o líquido. Na câmara hiperbárica, o paciente respira oxigênio a 100%, enquanto é submetido a uma pressão 2 a 3 vezes maior a pressão atmosférica ao nível do mar, fazendo com que mais oxigênio seja transportado pelo sangue (20 vezes mais), permitindo que esse oxigênio produza uma série de efeitos terapêuticos.
- Redução dos tamanhos das bolhas de gás: a lei de Boyle afirma que a medida que a pressão aumenta, o volume da bolha diminui. Esse conceito é útil para tratamento da embolia gasosa, por exemplo.
- Antagonismo do monóxido de carbono: sabemos que o monóxido de carbono possui uma afinidade de 200 a 250 vezes maior que a do oxigênio de ligar-se à hemoglobina. A câmara hiperbárica ajuda a eliminar a carboxihemoglobina (COHb) mais rapidamente, com a meia-vida diminuindo para 15 a 30 minutos, aumentando a capacidade do sangue de transportar oxigênio aos tecidos.
- Melhora da cicatrização de feridas: a câmara hiperbárica ativa vários mecanismos que auxiliam na cicatrização de feridas, principalmente feridas que não cicatrizam. Os principais mecanismos são a angiogênese, a proliferação fibroblástica, a síntese de colágeno e o aumento da atividade bactericida dos neutrófilos.
Indicações da Câmara Hiperbárica
Acompanhe a seguir as principais indicações da câmara hiperbárica que seguem o raciocínio abordado no mecanismo de ação das câmaras hiperbáricas:
- Embolia gasosa;
- Intoxicação por monóxido de carbono;
- Doença da descompressão;
- Mionecrose clostridial;
- Lesão por esmagamento e outras formas de isquemia traumática;
- Cicatrização aprimorada de feridas problemáticas, incluindo feridas diabéticas;
- Anemia grave;
- Abscesso cerebral actinomicótico;
- Infecções necrotizantes dos tecidos moles;
- Osteomielite refratária;
- Necrose por radiação de tecidos moles e osso; e
- Enxertos e retalhos de pele comprometidos.
Contraindicações da Câmara Hiperbárica
A única contraindicação absoluta à oxigenoterapia hiperbárica é o pneumotórax não tratado. As contraindicações relativas incluem:
- doença pulmonar obstrutiva;
- infecções respiratórias ou sinusais superiores;
- bolhas pulmonares assintomáticas na radiografia de tórax;
- cirurgia torácica ou de ouvido recente;
- febre não controlada; e
- uso de doxorrubicina.
Complicações da Câmara Hiperbárica
A maioria dos efeitos colaterais é leve e reversível, e uma pequena minoria pode apresentar efeitos colaterais graves. As principais complicações incluem:
- barotrauma da orelha média (mais comum, com incidência de 2%);
- barotrauma sinusal;
- miopia reversível;
- barotrauma pulmonar;
- toxicidade pulmonar por oxigênio;
- convulsões (raras); e
- doença da descompressão.
Cai na Prova
Acompanhe comigo essa questão sobre câmara hiperbárica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), disponível no Banco de Questões do Estratégia MED:
A oxigenoterapia hiperbárica é uma terapia complementar usada no manejo de feridas hipóxicas e, assim como a maioria dos tratamentos usados na prática médica, possui complicações e contraindicações, como:
A. toxicidade hepática por oxigênio e uso de dissulfiram.
B. pneumotórax e uso de doxorrubicina.
C. miopia transitória e uso de diazepam.
D. barotrauma do ouvido interno e uso de bleomicina.
Comentário EMED: Como vimos, pneumotórax não tratado é a única contraindicação absoluta da oxigenoterapia hiperbárica, sendo também uma das possíveis complicações. O uso de doxorrubicina é uma das contraindicações. Portanto, alternativa B.
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