Resumo de Luz de Wood: uso, indicações, interpretação e mais!
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Resumo de Luz de Wood: uso, indicações, interpretação e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A Luz de Wood é um recurso diagnóstico que utiliza radiação ultravioleta para detectar alterações invisíveis a olho nu na pele e em outros tecidos. Seu uso é comum na dermatologia para identificação de infecções, distúrbios de pigmentação e até neoplasias cutâneas. Embora tenha sido menos utilizada nos últimos anos, continua sendo uma ferramenta complementar de grande valor na prática médica.

Determinadas infecções fúngicas, como a tinea capitis, podem ser identificadas pela fluorescência azul-esverdeada sob a luz de Wood, facilitando o diagnóstico diferencial.

O que é a luz de Wood

A Luz de Wood, ou lâmpada de Wood, é um dispositivo que emite radiação ultravioleta de onda longa (entre 320 e 400 nm) e é amplamente utilizada na dermatologia e em outras áreas médicas para auxiliar no diagnóstico de diversas condições cutâneas. Seu princípio de funcionamento baseia-se na fluorescência, ou seja, a capacidade de certos materiais, incluindo microrganismos e substâncias presentes na pele, de emitir luz visível quando expostos à radiação ultravioleta.

Criada pelo físico Robert W. Wood em 1903, essa lâmpada permite identificar lesões de pele, infecções fúngicas e bacterianas, distúrbios de pigmentação e até algumas condições metabólicas, como as porfirias. Seu uso é considerado simples, seguro e eficaz, tornando-se uma ferramenta complementar na avaliação clínica de diversas doenças dermatológicas.

Funcionamento da luz de Wood  

A Luz de Wood opera emitindo radiação ultravioleta de onda longa (320-400 nm), que, ao incidir sobre a pele, interage com diferentes substâncias presentes nos tecidos, gerando fluorescência. Esse fenômeno ocorre porque alguns compostos biológicos, como melanina, colágeno e metabólitos de microrganismos, absorvem a radiação UV e emitem luz em comprimentos de onda visíveis, resultando em colorações características.

Em condições normais, a pele saudável não exibe fluorescência evidente, apenas um tom azulado discreto. No entanto, diversas patologias apresentam padrões fluorescentes específicos, o que auxilia na identificação de infecções, distúrbios pigmentares e até neoplasias cutâneas.

Indicações 

Infecções fúngicas e bacterianas 

A lâmpada de Wood é especialmente útil para identificar algumas infecções dermatológicas, pois muitos microrganismos e seus metabólitos apresentam fluorescência específica. Exemplos incluem: 

  • Tinea capitis: algumas espécies do gênero Microsporum fluorescem em azul-esverdeado. 
  • Pitiríase versicolor: lesões causadas por Malassezia furfur exibem fluorescência amarelo-prateada. 
  • Eritrasma: infecção bacteriana por Corynebacterium minutissimum, que se destaca com fluorescência vermelho-coral. 
  • Pseudomonas aeruginosa: infecções por essa bactéria podem ser detectadas pela fluorescência esverdeada sob a luz UV.

Distúrbios pigmentares 

A Luz de Wood também auxilia na avaliação de doenças que envolvem alterações na pigmentação cutânea, ajudando a delimitar as lesões e identificar áreas não visíveis a olho nu: 

  • Vitiligo: apresenta fluorescência azul-brilhante, facilitando a visualização de lesões pouco perceptíveis. 
  • Melasma: pode exibir fluorescência marrom-escura, auxiliando na distinção entre formas superficiais e profundas. 
  • Hipomelanose macular progressiva: revela folículos pilosos com fluorescência vermelho-coral, contribuindo para o diagnóstico.

Diagnóstico de porfirias 

As porfirias, um grupo de doenças metabólicas, podem ser identificadas pela Luz de Wood, pois a urina de pacientes afetados pode apresentar fluorescência vermelho-coral devido ao acúmulo de porfirinas.

Urina de paciente com porfiria cutânea tarda. Surg Cosmet Dermatol

Exames oftalmológicos e outros usos 

A Luz de Wood também pode ser utilizada por oftalmologistas na identificação de abrasões da córnea, quando associada ao uso de colírios de fluoresceína. Além disso, pode ser empregada em avaliações cosméticas para detectar danos na pele causados pelo sol e sinais precoces de envelhecimento cutâneo.

Como é realizado o exame com a Luz de Wood  

Preparação do paciente 

Antes da realização do exame, é essencial que a pele do paciente esteja livre de substâncias que possam interferir na fluorescência. O uso de maquiagens, cremes, desodorantes e medicamentos tópicos deve ser evitado, pois alguns desses produtos podem reagir com a luz ultravioleta e gerar resultados falso-positivos. Além disso, recomenda-se que a área a ser examinada não seja lavada imediatamente antes do procedimento, pois resíduos de água e sabonetes podem alterar a visualização das fluorescências.

Ambiente escuro para melhor avaliação 

Para que o exame seja eficaz, a sala onde ele será realizado deve estar completamente escura, eliminando qualquer interferência de luz ambiente. Isso permite que a fluorescência das lesões seja mais visível e facilite a interpretação dos achados clínicos. A ausência de luz natural ou artificial ajuda a destacar melhor as cores produzidas pela interação da radiação ultravioleta com a pele.

Aquecimento e posicionamento da lâmpada 

A lâmpada de Wood deve ser ligada por pelo menos um minuto antes do exame, garantindo a estabilização da emissão de luz ultravioleta. O profissional deve manter a lâmpada a uma distância de 10 a 12 cm da pele do paciente, garantindo uma iluminação uniforme da área examinada. Caso a lâmpada seja posicionada muito próxima, pode haver distorção na fluorescência observada; se for mantida muito distante, a intensidade da luz pode ser insuficiente para uma análise precisa.

Observação da pele e interpretação das cores 

Com a lâmpada posicionada corretamente, o profissional observa a pele do paciente em busca de fluorescências anormais que possam indicar infecções, distúrbios de pigmentação ou outras condições dermatológicas. Diferentes patologias exibem fluorescências específicas sob a luz de Wood. Algumas das principais colorações observadas incluem: 

  • Vitiligo: fluorescência azul-brilhante, facilitando a visualização de lesões pouco perceptíveis a olho nu. 
  • Tinea capitis causada por Microsporum canis: fluorescência azul-esverdeada nas áreas afetadas. 
Tinea capitis provocada por Microsporum canis. Surg Cosmet Dermatol
  • Pitiríase versicolor causada por Malassezia furfur: fluorescência amarelo-prateada nas lesões ativas. 
  • Eritrasma causado por Corynebacterium minutissimum: fluorescência vermelho-coral, útil na diferenciação com outras lesões eritêmato-descamativas. 
  • Infecção por Pseudomonas aeruginosa: fluorescência verde-intensa, indicando colonização bacteriana.

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Referências Bibliográficas 

  1. VEASEY, J. V.; MIGUEL, B. A. F.; BEDRIKOW, R. Lâmpada de Wood na dermatologia: aplicações na prática diária. Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 9, n. 4, p. 328-330, 2017. 
  1. SOBRINHO, F. A.; LIMA, B. M.; RODRIGUES DE BRITO, L. M.; GALVÃO, L. O.; REIS, C. M. S. Aplicabilidade da lâmpada de Wood. Brasília Médica, v. 59, p. 1-3, 2022. 
  1. AL ABOUD, D. M.; GOSSMAN, W. Wood’s Light. StatPearls Publishing, 2023.
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