Resumo sobre Transfusão Sanguínea: tipos, indicações e mais!

Resumo sobre Transfusão Sanguínea: tipos, indicações e mais!

E aí, doc! Vamos explorar mais um tema essencial? Hoje o foco é a transfusão sanguínea, um procedimento vital que permite a reposição de componentes sanguíneos, como hemácias, plaquetas e plasma.

O Estratégia MED está aqui para simplificar esse tema e ajudar você a aprofundar seus conhecimentos, fortalecendo sua prática clínica com segurança e precisão.

Vamos nessa!

Tipos de Transfusão Sanguínea

As transfusões sanguíneas são procedimentos terapêuticos essenciais na medicina, utilizadas para restaurar ou manter funções vitais, como o transporte de oxigênio e a coagulação sanguínea. 

Existem diferentes tipos de transfusões, que podem ser classificadas tanto pela urgência do procedimento quanto pelo tipo de hemocomponente utilizado. A escolha adequada do tipo de transfusão é fundamental para garantir a eficácia do tratamento e minimizar possíveis riscos, como reações adversas ou complicações imunológicas.

Classificação por Urgência

  • Programada: agendada para um dia e horário específicos. É indicada para pacientes que precisam de transfusões regulares, como aqueles com anemia crônica.
  • Não urgente: deve ser realizada dentro de 24 horas após a prescrição. Usada quando há necessidade de correção de parâmetros laboratoriais sem risco imediato à vida.
  • Urgente: deve ocorrer dentro de 3 horas após a indicação médica. Normalmente usada em situações de sangramento ativo que não é imediatamente fatal.
  • Extrema urgência: transfusão imediata, onde qualquer atraso pode ser fatal. Nesses casos, não há tempo para testes de compatibilidade completa, e o paciente pode receber sangue O RhD negativo, principalmente crianças e mulheres em idade fértil.

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Tipos de Hemocomponentes

  • Concentrado de Hemácias (CH): utilizado para aumentar a capacidade de transporte de oxigênio. Indicado em casos de anemia severa, hemorragias ou pacientes críticos que precisam de reposição de massa eritrocitária.
  • Concentrado de Plaquetas (CP): indicado para pacientes com trombocitopenia (baixa contagem de plaquetas) ou disfunção plaquetária, especialmente em situações de sangramento ativo ou para procedimentos cirúrgicos.
  • Plasma Fresco Congelado (PFC): utilizado para repor fatores de coagulação em pacientes com distúrbios de coagulação, como coagulopatia intravascular disseminada (CIVD) ou sangramento maciço.
  • Crioprecipitado (CRIO): rico em fibrinogênio, Fator VIII, Fator XIII e Fator de von Willebrand. Utilizado em situações de hipofibrinogenemia e deficiência de Fator VIII.

Transfusão autóloga

Quando o paciente recebe seu próprio sangue, coletado previamente. Indicada em cirurgias eletivas para minimizar o uso de sangue alogênico (de doador).

Outros tipos especiais

  • Hemocomponentes irradiados: usados para prevenir a doença enxerto contra hospedeiro (DECH) em pacientes imunocomprometidos.
  • Hemocomponentes desleucocitados: filtrados para reduzir o risco de reações febris e aloimunização por leucócitos.
  • Hemocomponentes lavados: indicados para pacientes com histórico de reações alérgicas graves a transfusões, removendo proteínas plasmáticas que causam reações.

Principais indicações para Transfusão Sanguínea

Cada tipo de transfusão deve ser cuidadosamente avaliado pelo médico, levando em consideração a condição clínica, os resultados laboratoriais e os riscos envolvidos, como reações transfusionais e transmissões infecciosas. A decisão é baseada não apenas em parâmetros como a hemoglobina, mas também em fatores clínicos como idade, comorbidades e sintomas do paciente.

Concentrado de Hemácias (CH)

Este tipo de transfusão é indicado principalmente para corrigir anemia grave e melhorar a capacidade de transporte de oxigênio do sangue. As situações comuns que requerem transfusão de concentrado de hemácias incluem:

  • Anemia severa: indicado quando os níveis de hemoglobina (Hb) estão abaixo de 5 g/dL, independentemente da presença de sinais de hipóxia ou fatores de risco cardiovascular.
  • Hemoglobina entre 6 e 8 g/dL: a transfusão é recomendada em pacientes que apresentam sinais de comprometimento cardiovascular, como taquicardia, hipotensão, ou sintomas de hipóxia, especialmente em indivíduos com histórico de doença cardíaca ou pulmonar.
  • Hemorragia aguda: em casos de sangramento ativo, a transfusão é indicada quando a perda de sangue supera 30% da volemia (aproximadamente 1.500 mL). Os critérios para a administração incluem sinais de choque hipovolêmico, como pressão arterial baixa e aumento da frequência cardíaca.
  • Pacientes críticos ou em cirurgias: em situações como grandes cirurgias ou traumatismos, a transfusão é utilizada para manter níveis de Hb entre 7 e 10 g/dL, dependendo da condição clínica do paciente.
  • Doenças cardíacas: manter níveis de Hb acima de 9-10 g/dL é indicado em pacientes com doenças cardíacas isquêmicas, especialmente se apresentarem sintomas de angina ou insuficiência cardíaca.

Concentrado de Plaquetas (CP)

A transfusão de concentrado de plaquetas é recomendada para corrigir plaquetopenias (baixa contagem de plaquetas) ou disfunções plaquetárias, principalmente em pacientes com risco aumentado de sangramento:

  • Sangramento ativo com trombocitopenia: indicado para pacientes com contagem de plaquetas inferior a 50.000/mm³, especialmente em casos de sangramento no sistema nervoso central ou ocular, onde é necessário manter a contagem acima de 100.000/mm³.
  • Procedimentos invasivos: para pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos, como punção lombar, biópsias ou cirurgias de grande porte, recomenda-se manter a contagem de plaquetas acima de 50.000/mm³.
  • Plaquetopenia por falência medular: utilizada profilaticamente em pacientes submetidos a quimioterapia ou transplante de medula óssea, especialmente quando a contagem de plaquetas está abaixo de 10.000/mm³ para prevenir sangramentos espontâneos.
  • Doenças hematológicas: indicado em pacientes com leucemias ou outras doenças que afetam a medula óssea, aumentando o risco de sangramentos.

Plasma Fresco Congelado (PFC)

O PFC é utilizado para corrigir deficiências de fatores de coagulação, sendo indicado em:

  • Coagulopatias: pacientes com distúrbios hemorrágicos, como a coagulação intravascular disseminada (CIVD), doença hepática grave ou deficiência de fatores de coagulação.
  • Transfusões maciças: quando há necessidade de reposição rápida de fatores de coagulação devido à perda significativa de sangue, como em cirurgias de grande porte ou traumas graves.
  • Deficiência de vitamina K: para tratar ou prevenir sangramentos em pacientes com deficiência adquirida de fatores dependentes de vitamina K (ex.: pacientes em uso de anticoagulantes orais, como varfarina).

Crioprecipitado

Este hemocomponente é rico em fibrinogênio, fator VIII, fator XIII e fator de von Willebrand, sendo indicado para:

  • Hipofibrinogenemia: utilizado em pacientes com níveis baixos de fibrinogênio (<100 mg/dL) devido a condições como CIVD, hemorragias massivas ou certas doenças hepáticas.
  • Doença de von Willebrand: pode ser usado em situações onde o fator de von Willebrand está ausente ou em níveis muito baixos, especialmente quando há risco de sangramento.
  • Deficiência de fator XIII: indicada para prevenir ou tratar hemorragias em pacientes com deficiência congênita deste fator.

Transfusão Autóloga

  • Cirurgias eletivas: Quando o paciente doa seu próprio sangue antes de um procedimento cirúrgico programado, reduzindo o risco de reações transfusionais e transmissão de doenças infecciosas.

Processo da Transfusão de Sangue

Inicialmente, a transfusão deve ser prescrita por um médico, baseado em uma avaliação criteriosa que considera tanto os critérios clínicos quanto os resultados laboratoriais. Antes de proceder, é essencial que o paciente ou seus responsáveis sejam informados sobre os benefícios e riscos, obtendo o consentimento informado.

Para assegurar a compatibilidade, é necessário coletar uma amostra de sangue do paciente para realizar testes pré-transfusionais, como tipagem sanguínea (ABO e Rh), pesquisa de anticorpos irregulares e prova de compatibilidade (crossmatch). Esses testes ajudam a prevenir reações adversas, garantindo que o sangue transfundido seja compatível com o do paciente.

Após a realização dos testes, o médico preenche uma requisição detalhada dos hemocomponentes necessários, como concentrado de hemácias, plaquetas ou plasma, dependendo da necessidade clínica. Esses hemocomponentes são preparados e transportados em maletas térmicas para manter sua qualidade até a administração.

A administração da transfusão deve ocorrer com monitoramento contínuo do paciente, especialmente nos primeiros minutos, que são críticos para a detecção de possíveis reações adversas. Cada tipo de hemocomponente tem um tempo específico para infusão: concentrado de hemácias deve ser administrado em até 4 horas, enquanto plaquetas e plasma em até 1 hora, e crioprecipitado em até 30 minutos.

Durante o procedimento, é fundamental acompanhar os sinais vitais do paciente, como pressão arterial, temperatura e frequência cardíaca, para identificar rapidamente qualquer reação adversa. Após a transfusão, todas as informações relevantes devem ser registradas no prontuário do paciente, e ele deve continuar sob observação para detectar possíveis reações tardias.

Cuidados pós transfusão

Após a transfusão de sangue, é crucial monitorar o paciente para detectar possíveis reações adversas. Nos primeiros 30 a 60 minutos, deve-se acompanhar os sinais vitais, como temperatura, pressão arterial e frequência cardíaca, para identificar rapidamente sintomas como febre, calafrios ou dificuldade respiratória, que podem indicar uma reação transfusional.

Mesmo após o término da transfusão, o paciente deve ser observado por algumas horas para reações tardias, como febre ou icterícia. Exames adicionais, como hemograma e avaliação de níveis de hemoglobina, podem ser realizados para verificar a eficácia do procedimento e identificar complicações.

Além disso, o paciente deve ser mantido bem hidratado e orientado a evitar atividades físicas intensas por pelo menos 24 horas. Qualquer reação adversa deve ser notificada ao serviço de hemoterapia para uma investigação adequada, garantindo a segurança em transfusões futuras.

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Referências

Manual de transfusão sanguínea para médicos. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (2017).

Manual de vigilância sanitária para o transporte de sangue e componentes no âmbito da hemoterapia

Jeffrey L Carson, MDSteven Kleinman, MD. Indications and hemoglobin thresholds for RBC transfusion in adults. UpToDate,2024. Disponível em: UpToDate

Steven Kleinman, MD. Practical aspects of red blood cell transfusion in adults: Storage, processing, modifications, and infusion. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate

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