Você já deve saber que Aleitamento Materno é um dos temas mais cobrados no bloco de Pediatria nas provas de residência médica e revalidação, mas, para mandar bem, é necessário praticar! Além de entender sua importância, as técnicas de amamentação, bem como os tipos de leite e suas características, é fundamental saber como são as questões que abordam o tema. Então, se você quer praticar o que vem sendo cobrado sobre o conteúdo, siga no texto!
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Conceito de Aleitamento Materno
O aleitamento materno é extremamente importante tanto para a mãe quanto para o bebê, e deve ser exclusivo até o 6° mês de vida e mantido até os 2 anos ou mais. Mas, a princípio, é importante que você saiba algumas denominações adotadas pela Organização Mundial da Saúde.
- Aleitamento materno exclusivo: bebê recebe somente leite materno da mama ou ordenhado, sem outros alimentos líquidos ou sólidos.
- Aleitamento materno predominante: recebe leite materno e água (ou bebidas à base de água, como sucos de frutas), sem receber outro tipo de leite.
- Aleitamento materno: recebe leite materno independente de receber outros alimentos.
- Aleitamento materno complementado: recebe leite materno associado a qualquer alimento sólido ou semissólido.
- Aleitamento materno misto ou parcial: leite materno associado a outros tipos de leite.
Também é importante entender que a manutenção de produção de leite depende da própria sucção do bebê e do esvaziamento da mama, uma vez que boa parte do leite é produzido no momento da amamentação sob estímulo do hormônio prolactina. A ocitocina tem ação no reflexo de ejeção do leite, sendo liberada no estímulo da sucção.
Por isso, a amamentação é indicada nos primeiros meses em livre demanda, amamentando a criança sem restrições de horários ou tempo de duração da mamada, tanto pela produção do leite quanto pelos benefícios da amamentação.
Se preferir, confira o resumo antes de resolver as questões: ResuMED de Aleitamento materno: componentes, comparações, importância e muito mais!
Como o tema possui extrema prevalência nas provas de Residência Médica e do Revalida, o Portal de Notícias do Estratégia MED trouxe 5 questões sobre Aleitamento Materno que já caíram nas provas para ajudar, na prática, a sua preparação para as próximas seleções.
Secretaria de Saúde do Distrito Federal – SES-DF (2024)
No dia primeiro de agosto, é comemorado o Dia Mundial da Amamentação. Sabe-se que essa prática oferece inúmeros benefícios para o crescimento e o desenvolvimento da criança, além de fortalecer o vínculo mãe-bebê. Entretanto, existem algumas contraindicações a essa prática. Assinale a alternativa que corresponde a uma condição materna considerada contraindicação absoluta à amamentação.
A) Hanseníase não tratada
B) Uso de antidepressivos
C) Tuberculose pulmonar ativa sem tratamento
D) Infecção pelo HTLV
Resolução: São raras as situações que consistem em contra-indicações ao aleitamento materno:
✓ Mães infectadas pelo HIV.
✓ Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2.
✓ Criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose.
✓ Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são considerados contra indicados de forma absoluta, outros relativos.
− antineoplásicos; radiofármacos (pelo menos durante a meia-vida deles);
− Amiodarona (pode causar hipotireoidismo no bebê);
− Raros imunossupressores (como a ciclofosfamida);
− Raros antimicrobianos (como linezolida e ganciclovir);
− Tamoxifeno;
− Lítio; e
− Ergotaminas
Assim, correta a letra D. A infecção pelo HTLV1 e 2 consiste em contraindicação ao aleitamento materno.
Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais – IPSEMG (2024)
Assinale a alternativa incorreta sobre a ordenha e a conservação do leite humano.
A) O leite humano cru pode permanecer por até 7 dias na geladeira.
B) A coleta e o armazenamento do leite humano em recipientes de polietileno levam ao risco de contaminação bacteriana e propiciam a perda lipídica.
C) A ordenha pode ser realizada manualmente ou por meio de bombas manuais ou elétricas.
D) O armazenamento correto do leite humano evita o crescimento bacteriano e mantém intactos seus componentes nutricionais imunológicos.
Resolução: A volta ao trabalho é um obstáculo importante para a amamentação e pode resultar no desmame precoce, caso as orientações apropriadas não forem dadas para a lactante.
A ordenha do leite e armazenamento apropriados, podem garantir a manutenção do aleitamento materno nessa situação.
Observe algumas recomendações importantes:
-Amamentar com frequência quando estiver em casa, inclusive à noite. A prolactina, hormônio responsável pela produção de leite, é liberada em maior quantidade à noite. Então, amamentar neste período ajuda a manter a produção.
-Evitar mamadeiras e outros bicos. É recomendado oferecer leite materno por meio de xícara, copinho ou colher.
-Esvaziar frequentemente as mamas, por meio de ordenhador, durante as horas de trabalho e guardar o leite em refrigerador ou congelador. Levar para casa em recipientes apropriados. Lembrar que, para manter a amamentação, é essencial esvaziar as mamas, extraindo o leite em intervalos regulares. Lembrar que quanto mais leite é retirado, mais leite será produzido nessa fase.
Quanto ao tempo de armazenamento, observe:
O leite materno ordenhado em temperatura ambiente deve ser consumido o mais rápido possível. Especialistas sugerem que não passe de 1 a
2 horas (considerando-se todo o processo, do início da ordenha até a administração do leite).
O leite materno ordenhado armazenado em geladeira deve ser consumido em até 12 horas.
O leite materno ordenhado congelado no freezer deve ser consumido em até 15 dias.
Após descongelado, o leite materno ordenhado pode ser mantido em geladeira e consumido em até 12 horas.
Caso não seja consumido, após esse período ele não pode ser novamente congelado, devendo ser descartado.
Assim, incorreta a letra A, nosso gabarito. O leite humano que será consumido em temperatura ambiente deve ser utilizado o mais rapidamente possível.
Secretaria de Estado de Saúde do Governo do Estado de Goiás – SES-GO (2024)
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam que
A) Os lactentes não amamentados de 6 a 11 meses de idade recebam leite de vaca.
B) As crianças não amamentadas de 12 a 23 meses de idade recebam fórmulas infantis.
C) A introdução de alimentos complementares à amamentação ocorra a partir dos 9 meses.
D) a dieta complementar inicial do lactente seja de um grupo alimentar isolado por vez.
Resolução: Essa questão cobra conhecimentos a respeito da oferta de leite para lactentes que não dispõem do leite materno.
Classicamente, tem se recomendado as fórmulas infantis para esse propósito, pois são modificadas com o intuito de mimetizar algumas das vantajosas características do leite materno.
Contudo, recentemente, a OMS publicou a seguinte recomendação para lactentes não amamentados de 6 a 11 meses:
fórmulas infantis à base de leite de vaca são recomendadas e leite de vaca não modificado pode ser oferecido.
Em documento científico . a Sociedade Brasileira publicou as recomendações da OMS a esse respeito, mas salientou que:
O Guia Alimentar do Ministério da Saúde e a Recomendação do Sistema de Saúde e Sociedade de Pediatria Canadense sugerem as fórmulas infantis como uma opção para lactentes não amamentados até que completem 9 meses.
A Academia Americana de Pediatria, Sociedade Europeia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2018) recomendam que o uso das fórmulas infantis seja mantido até 12 meses de idade.
Assim, correta a letra A (COM RESSALVAS) porque a Sociedade Brasileira de Pediatria não recomenda o leite de vaca nessa idade, sendo recomendadas as fórmulas. Quanto à OMS, o que se extrai dos guidelines é que fórmulas infantis à base de leite de vaca são recomendadas e leite de vaca não modificado pode ser oferecido.
Conclui-se que oferecer leite de vaca não é uma recomendação em si, mas uma opção à fórmula, de acordo com a OMS.
Revalida da Universidade Federal de Mato Grosso – Revalida UFMT (2023)
M.J.A., 24 anos, primigesta, caixa de supermercado, fez seu pré-natal na UESF e foi encaminhada para a maternidade que atende essa região de saúde. Ela deu à luz via vaginal a um RN a termo, AIG, sexo feminino, peso: 3kg, Comprimento: 48cm, PC: 34cm e Apgar de 9 e 10. Após os cuidados à RN, foi colocada em contato pele a pele com a mãe por 1 hora, quando sugou o seio materno. Ambas foram encaminhadas para o alojamento conjunto. No dia seguinte, a mãe estava com dificuldade de amamentação, ingurgitamento mamário, os mamilos estavam muito doloridos e machucados com fissuras. Qual a principal causa da dor e da lesão mamilar?
A) RN com Freio lingual excessivamente curto
B) Posicionamento e pega inadequados
C) Mamilos maternos curtos, planos ou invertidos
D) Interrupção inadequada da sucção ao retirar do seio
Resolução: Temos nessa questão uma lactante com problemas de amamentação tais como ingurgitamento mamário e traumas mamilares. Uma crítica que se faz a esse enunciado é que a apojadura ocorre somente entre o terceiro e o quinto dia de vida do RN e estamos no segundo dia.
Mas, de qualquer forma, é muito importante sabermos que a maior parte dos problemas relacionados à amamentação decorre de técnica e posicionamento inadequados, observe os sinais de técnica correta:
POSICIONAMENTO:
• Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo
• Corpo do bebê próximo ao da mãe
• Bebê com cabeça e tronco alinhados
• Bebê bem apoiado
PEGA:
• Mais aréola visível acima da boca do bebê
• Boca bem aberta
• Lábio inferior virado para fora
• Queixo tocando a mama e nariz na altura do mamilo
O ingurgitamento mamário decorre da estase láctea que determina edema e aumento de vascularização da mama, causando dores para a mãe e dificuldades para o RN fazer a pega correta pois os mamilos ficam muito endurecidos e edemaciados. Nessa situação, devemos orientar a mãe a realizar uma ordenha manual antes da mamada, usar analgésicos, crioterapia e suportes adequados para as mamas.
Os traumas mamilares ou fissuras também são causados principalmente pela pega inadequada. Nessa situação, devemos orientar:
-Início da mamada pela mama menos afetada
-Uso de diferentes posições para amamentar, variando os pontos de pressão
-Prevenção do atrito da área machucada com a roupa
-Uso de analgésicos / anti-inflamatórios
Então, correta a B, porque indicou as principais causas dos problemas relacionados à amamentação.
Hospital Militar de Área de São Paulo – HMASP (2023)
Sobre a composição do leite materno é correto afirmar, EXCETO:
A) Possui alta concentração de ferro
B) Possui baixa concentração de Vitamina K
C) Possui baixa concentração de Vitamina D
D) O colostro contém mais proteínas que o leite maduro
E) O colostro contém menos lipídios que o leite maduro
Resolução: A principal proteína presente no leite materno é a lactoalbumina. No leite de vaca é a caseína, de difícil digestão para os humanos.
O leite humano apresenta níveis elevados de ácidos graxos essenciais (linoleico e alfalinolênico) e de ácidos graxos de cadeia longa (ômega 3 e ômega 6) que desempenham um importante papel na formação e maturação do sistema nervoso central e visual (da retina) do lactente.
O leite humano também contém lipase, que auxilia na digestão dos lipídios. Ela pode estimular a produção de lipase pelo bebê e tem um efeito protetor contra alguns microrganismos, como a Giardia lamblia.
O principal carboidrato presente no leite humano é a lactose (um dissacarídeo). A lactose do leite materno tem funções importantes, deixa as fezes mais amolecidas e o pH intestinal mais ácido, aumentando a absorção de cálcio e gerando um ambiente menos propício para proliferação de patógenos.
O leite de vaca, por sua vez, tem menos lactose do que o humano.
O ferro no leite humano tem baixa concentração, mas apresenta uma boa biodisponibilidade, sendo bem absorvido.
Em crianças que são amamentadas, as fontes de vitamina D
são os estoques pré-natais e a exposição à luz solar, sendo pequena a contribuição do leite humano, isso reforça a necessidade da suplementação dessa vitamina em lactentes.
A vitamina K é escassa no leite humano e deve ser administrada ao nascimento como medida preventiva da doença hemorrágica do recém nascido
O leite materno possui componentes probióticos e prebióticos. Entre os probióticos há bactérias não patogênicas, como diferentes tipos de Lactobacillus (como o Lactobacillus bifidus e o Lactobacillus reuteri). Entre os prebióticos, podemos destacar uma grande quantidade de oligossacarídeos específicos, que
servem de “alimento” para bactérias não patogênicas, propiciando um ambiente menos favorável a bactérias patogênicas.
Assim, incorreta A (gabarito da questão), o leite materno tem baixa concentração de ferro, mas sua biodisponibilidade é alta.
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