5 questões sobre Atenção Primária à Saúde que já caíram nas provas

5 questões sobre Atenção Primária à Saúde que já caíram nas provas

A Atenção Primária à Saúde é um dos temas mais cobrados no bloco de Medicina de Família e Comunidade ou Medicina Preventiva, sendo interessante revisar seus conhecimentos sobre os fundamentos da atenção primária, estratégias educacionais em medicina preventiva e sua aplicação prática. Confira agora algumas questões selecionadas para você dar um gás na sua preparação para as provas de residência médica e revalidação de diplomas em medicina! 

Conceito de Atenção Primária à Saúde

A Atenção Primária à Saúde (APS), base da medicina contemporânea, desempenha um papel fundamental hoje. Através dela, abordagens de medicina preventiva e saúde comunitária são integradas ao cotidiano clínico, proporcionando uma visão abrangente sobre os determinantes de saúde e estratégias de intervenção precoce. Altamente valorizada por sua proximidade com a comunidade, a APS potencializa a prática médica ao incorporar o cuidado continuado e coordenado, essencial para enfrentar desafios crônicos e agudos na saúde pública.

A atenção primária à saúde (APS) representa a base do sistema de saúde em muitos países, incluindo no Brasil, onde se configura como estratégica para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Este nível de atenção destaca-se não apenas por sua capacidade de oferecer tratamentos preventivos e curativos, mas também por ser um ponto crucial na formação médica.

Centrada no atendimento integrado e acessível, a APS oferece uma porta de entrada aos usuários do sistema de saúde. Ela opera com base em princípios como a universalidade, a equidade e a integralidade, garantindo que todos recebam cuidados sem preconceitos ou restrições. Essa abordagem holística é fundamental durante a formação médica, pois ensina futuros médicos a entenderem e a atenderem às necessidades da população de maneira eficaz e empática.

Se preferir, confira o resumo antes de resolver as questões: Atenção Primária à Saúde: fundamentos, estratégias e mais
Veja também: Atualização no financiamento da APS e seus impactos na Medicina Preventiva

Como o tema possui extrema prevalência nas provas de Residência Médica, o Portal de Notícias do Estratégia MED trouxe 5 questões sobre Atenção Primária à Saúde que já caíram nas provas para ajudar, na prática, a sua preparação para as próximas seleções.

Hospital Vila Verde (2024)

Considerando um paciente que, devido à sua hipertensão crônica, frequenta a mesma Unidade de Saúde durante vários anos, o princípio das diretrizes do SUS mais evidenciado por essa continuidade de cuidado é:

A) Resolutividade.

B) Longitudinalidade.

C) Hierarquização.

D) Territorialização.

Confira a resolução

Resolução: GABARITO: ALTERNATIVA B

Estrategistas, questão interessante e que aborda um tema recorrente nas provas de Residência Médica: os PRINCÍPIOS e DIRETRIZES DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.

Vamos revisar os principais e apontar qual melhor se encaixa na situação descrita.

Princípios Doutrinários – são definidos três, de acordo com a Lei 8080/90:

# Universalidade: a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, que não deve medir esforços para assegurá-lo. Desse modo, todos os cidadãos devem ter acesso às ações e serviços de saúde, independentemente de sexo, raça, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais.

# Equidade: o objetivo desse princípio é diminuir desigualdades, exatamente ao reconhecer sua existência. Apesar de todas as pessoas possuírem direito aos serviços, os usuários do sistema não são iguais e, portanto, apresentam demandas distintas. Em outras palavras, equidade significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a necessidade é maior.

# Integralidade: os sujeitos devem ser vistos como um todo e deve se objetivar atender, na medida do possível, a todas as suas necessidades. Para isso, é importante buscar um cuidado completo e integrado, incluindo a promoção da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento, reabilitação e, quando possível a cura.

Princípios Organizativos – os principais estão listados abaixo:

# Regionalização e Hierarquização: os serviços de saúde que compõem o SUS devem ser organizados em níveis crescentes de complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios epidemiológicos, e com definição e conhecimento da população a ser atendida. A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos. Já a hierarquização, deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos disponíveis numa dada região.

# Descentralização: princípio que preconiza a distribuição de poderes, responsabilidades e atribuições entre os três entes federados, Governo, Estados e Municípios. No campo da saúde, a descentralização busca atender melhor à população através da prestação de serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, as responsabilidades pela saúde deve ser descentralizada até os municípios, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função. Para que valha o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade.

# Participação Popular/controle social: a sociedade deve estar inserida no dia-a-dia do sistema, apresentando papel importante no norte das decisões nele tomadas. Assim, através dos Conselhos e das Conferências de Saúde, órgãos que visam formular estratégias, controlar e avaliar a execução da política de saúde, a participação da população no SUS pode ser efetivada. 

Compreendidos os principais princípios e diretrizes do SUS, avaliemos a situação trazida pelo examinador.

Perceba que é dito que o um determinado paciente com uma doença crônica frequenta a mesma Unidade de Saúde durante vários anos, sendo ali, então, acompanhado e tendo forte vínculo com a equipe de saúde, que funciona como uma fonte contínua de cuidados para esse sujeito.

Isso nos aponta o ideário da LONGITUDINALIDADE, que pode ser assim definido:

“a longitudinalidade pressupõem que os cuidados em saúde devem ser prestados de forma contínua ao longo do tempo. Por meio da criação de vínculo com o usuário, a equipe de saúde passa a ser sua fonte de cuidados através dos diversos ciclos da vida, estando ele doente ou não”.

Agora repare uma coisa Corujas: em algum momento citamos a longitudinalidade como um PRINCÍPIO OU DIRETRIZ DO SUS?

A resposta é não!

O motivo é simples: a priori, se pegarmos as bases normativas do SUS, não veremos a longitudinalidade sendo determinada como um PRINCÍPIO ou DIRETRIZ do SUS, mas sim como um ATRIBUTO ESSENCIAL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS).

Logo, perceba que a banca meteu os pés pelas mãos e fez uma conceituação relativamente errada acerca do que é, do ponto de vista legal, a longitudinalidade.

Porém, apesar dessa ressalva quanto ao comando da questão, é inegável que a melhor resposta reside exatamente na alternativa B.

Então, sem entrar em muitos conflitos com o exercício, vamos ficar, de fato, com a letra B.

Hospital Santa Lúcia – HSL (2024)

Acerca da Medicina de Família e Comunidade (MFC) e da Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil e no mundo e suas tecnologias, julgue: 

A coordenação do cuidado é tão essencial para a APS que se pode dizer que a falha nesse atributo tende a prejudicar a integralidade, esvaziar a longitunidalidade e tornar o primeiro contato uma função puramente administrativa.

C) Certo.

E) Errado.

Confira a resolução

Resolução: GABARITO: CERTO. 

Estrategista, 

Para responder essa questão, o candidato precisa conhecer os atributos da APS. Então, vamos lá!

De forma geral, existem 04 atributos essenciais e 03 atributos derivados. Primeiro, vamos descrever os atributos essenciais, que também são chamados de nucleares: 

1. Longitudinalidade: a APS será responsável por acompanhar o paciente (ou a comunidade) ao longo do tempo (Gusso et al, 2019). Portanto, tanto a unidade básica de saúde como a equipe de Saúde da Família serão pontos de referência para aquele indivíduo ou para a população.  

2. Coordenação do cuidado: Coordenar o cuidado nada mais é do que organizar o cuidado daquele paciente, reunindo na APS todas as informações do tratamento, mesmo que o tratamento seja compartilhado em outros níveis de saúde. 

Por exemplo, suponha que o Sr. Davi faça o seu acompanhamento em uma UBS, mas também foi encaminhado para o cardiologista e o nefrologista em ambulatórios da atenção secundária. A equipe de Saúde da Família será a responsável por organizar o cuidado dele, verificando quais foram as condutas estabelecidas nos ambulatórios citados. 

E se o cardiologista e o nefrologista prescreveram medicações diferentes ou conflitantes (por exemplo, se o cardiologista prescreveu losartana, enquanto o nefrologista, captopril), cabe ao médico de família e comunidade entrar em contato com esses profissionais e avisar sobre o conflito, estabelecendo assim (em conjunto com eles, claro), uma nova conduta (Gusso et al, 2019). 

3. Integralidade: Significa ofertar serviços de diferentes naturezas para suprir todas as necessidades de saúde do paciente ou da comunidade. Por exemplo, como temos uma APS integral, é possível encontrarmos (em uma mesma unidade) serviços de imunização, assistência terapêutica, de saúde bucal, de curativos feitos pela enfermagem, e assim por diante. A integralidade também pode ser vista como “olhar o paciente como um todo”, isto é, ter um olhar além da doença, avaliando também o seu contexto biopsicossocial (Gusso et al, 2019). 

4. Acesso ou primeiro contato: É a capacidade que a APS tem de absorver quem procura atendimento, permitindo assim que o indivíduo “entre” no SUS, já que ela é a porta principal do sistema. É por meio do acesso que conseguimos garantir o princípio da Universalidade. 

Por exemplo, as unidades não podem ter agendas fechadas ou pedir para o paciente retornar “daqui a 6 meses, apenas quando a agenda abrir”. Elas devem ser capazes de absorver a demanda. Para isso, recomenda-se que elas estabeleçam um acolhimento com classificação de risco, onde os casos mais urgentes serão atendidos ao longo do dia, sendo “encaixados” entre os casos agendados (é por isso que orientamos que a agenda seja organizada de forma a já deixar previamente alguns horários livres, justamente para as demandas espontâneas sejam encaixadas ao longo do dia). 

Se após a classificação de risco chegarmos à conclusão de que aquele paciente que compareceu por demanda espontânea não apresenta qualquer urgência, e que pode ser atendido de forma eletiva, conversaremos com ele e faremos a liberação com uma data de consulta. Ou seja, ele pode até não ser atendido naquele dia, mas pelo menos ele sairá da unidade com uma data de retorno para a consulta agendada. Isso é diferente de dizer que a agenda está fechada, deixando-o sem qualquer previsão de quando ele conseguiria atendimento (isso sim seria fechar o acesso) (Gusso et al, 2019). 

É importante frisar que, apesar de a territorialização ser uma diretriz da APS brasileira, ela não é motivo para impedir o atendimento de um indivíduo quando ele não residir na região. Por exemplo, se um paciente der entrada na UBS passando mal, é nossa obrigação ética atendê-lo, ainda que ele não tenha cadastro, sob pena de negligência médica. 

E os atributos derivados? Ora, temos 3: competência cultural, orientação familiar e orientação comunitária. Vamos defini-los rapidamente:  

1. Competência cultural: É a capacidade de entender hábitos e costumes do paciente ou da comunidade, agregando-os como pontos fortes do cuidado em saúde. 

2. Orientação familiar: É entender como as relações familiares atuam no processo de adoecimento e como podem interferir no cuidado em saúde (Gusso et al., 2019). 

3. Orientação comunitária: É compreender a estrutura da comunidade, como quais equipamentos sociais existem na região (igrejas, shoppings, associações de moradores, entre outros), e o que poderia ser utilizado no planejamento em saúde, além de compreender a epidemiologia local (Gusso et al., 2019). 

Voltando para a questão, vamos julgar a sentença trazida pelo examinador: 

“A coordenação do cuidado é tão essencial para a APS que se pode dizer que a falha nesse atributo tende a prejudicar a integralidade, esvaziar a longitudinalidade e tornar o primeiro contato uma função puramente administrativa”.

A frase está correta. De fato, sem a coordenação do cuidado, sem integrarmos as informações do tratamento do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde, realmente fica difícil manter o acompanhamento longitudinal, entender se o cuidado está sendo integral e acaba que a APS funcionará como pontos de urgência e emergência, onde o paciente chega, é atendido e vai embora sem a garantia de continuidade do cuidado (é isso que ele quer dizer com “primeiro contato” como função administrativa). 

Portanto, a frase está correta. 

Secretaria de Saúde do Distrito Federal – SES DF (2024)

De acordo com a Portaria no 2.436/2017, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), assinale a alternativa correspondente a atribuição específica do médico.

A) Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsabilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito.

B) Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe, identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades.

C) Realizar o cuidado integral à saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito da unidade básica de saúde, e, quando necessário, no domicílio e nos demais espaços comunitários.

D) Realizar ações de atenção à saúde conforme a necessidade de saúde da população local, bem como aquelas previstas nas prioridades, nos protocolos, e nas diretrizes clínicas e terapêuticas.

Confira a resolução

Resolução: GABARITO: ALTERNATIVA A

Estrategistas, não tem jeito!

As bancas insistem em cobrar essa modelagem de questão, que acaba prejudicando muito o raciocínio dos candidatos, pois aborda um tema congelado e presente exclusivamente no texto da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) de 2017: as atribuições dos profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (APS).

Dessa vez, a bola de vez foi o médico.

Vamos colocar aqui, na íntegra, todas as atribuições consideradas específicas desse profissional de saúde de acordo com o texto da PNAB de 2017.

“São atribuições específicas do Médico no contexto da Atenção Primária à Saúde:

I – Realizar a atenção à saúde às pessoas e famílias sob sua responsabilidade;

II – Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações entre outros); em conformidade com protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito Federal), observadas as disposições legais da profissão;

III – Realizar estratificação de risco e elaborar plano de cuidados para as pessoas que possuem condições crônicas no território, junto aos demais membros da equipe;

IV – Encaminhar, quando necessário, usuários a outros pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo sob sua responsabilidade o acompanhamento do plano terapêutico prescrito;

V – Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a responsabilização pelo acompanhamento da pessoa;

VI – Planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS e ACE em conjunto com os outros membros da equipe; e

VII – Exercer outras atribuições que sejam de responsabilidade na sua área de atuação”.

Perceba que a banca apontou exatamente o item IV no texto da alternativa A.

Essa é uma das atribuições específicas do médico.

Logo, esse será o nosso gabarito!

Referência Bibliográfica:

1. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017 – Política Nacional de Atenção Básica (PNAB). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html.

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – SCMSP (2024)

A Análise da Situação de Saúde (ASIS) é uma ferramenta caracterizada por um conjunto de processos contínuos e estratégicos, de análise e síntese, que permitem descrever, explicar e avaliar a tríade saúde-doença-atenção em uma população e contexto definidos, tendo em conta os seus determinantes sociais, com a finalidade principal de criar evidências válidas e oportunas para informar a decisão em saúde pública. Considerando a importância dessa ferramenta, assinale a alternativa que apresenta corretamente o passo a passo para elaboração de uma ASIS.

A) Sistematização de indicadores de saúde (demográficos, sociais e epidemiológicos) – Identificação dos problemas de saúde – Definição dos problemas prioritários – Construção da rede explicativa dos problemas priorizados – Validação da ASIS pelos atores envolvidos.

B) Identificação dos problemas de saúde – Definição dos problemas prioritários – Sistematização de indicadores de saúde (demográficos, sociais e epidemiológicos) – Construção da rede explicativa dos problemas priorizados – Validação da ASIS pelos atores envolvidos.

C) Sistematização de indicadores de saúde (demográficos, sociais e epidemiológicos) – Validação da ASIS pelos atores envolvidos – Identificação dos problemas de saúde – Construção da rede explicativa dos problemas – Definição dos problemas prioritários.

D) Construção da rede explicativa dos problemas priorizados – Validação da ASIS pelos atores envolvidos – Sistematização de indicadores de saúde (demográficos, sociais e epidemiológicos) – Identificação dos problemas de saúde – Definição dos problemas prioritários.

E) Validação da ASIS pelos atores envolvidos – Identificação dos problemas de saúde – Definição dos problemas prioritários – Sistematização de indicadores de saúde (demográficos, sociais e epidemiológicos) – Construção da rede explicativa dos problemas priorizados.

Confira a resolução

Resolução: GABARITO: ALTERNATIVA A

Estrategistas, mais uma questão copiada e colada a partir do texto de Carmen Teixeira, intitulado “Planejamento em Saúde”.

Nele, são discutidos os preceitos básicos do planejamento em saúde, sendo postulados itens relativos à importância de realizá-lo antes de implementar qualquer medida em saúde, bem como realizá-lo.

Essa autora advoga que uma das etapas do planejamento em saúde é a chamada ANÁLISE DA SITUAÇÃO DE SAÚDE (ASIS), que deveria ser estudada em cinco passos a saber:

1) Primeiro passo: identificação das necessidades de saúde de uma população alvo tendo por base a sistematização de indicadores de saúde (demográficos, sociais e epidemiológicos).

2) Segundo passo: identificação dos problemas propriamente ditos e que influenciarão no fornecimento dos cuidados em saúde às necessidades da população estabelecidos no primeiro passo. Aqui deve ser produzida uma lista de problemas.

3) Terceiro passo: da lista de problemas produzidas no segundo passo, será estabelecida uma seleção de prioridades através de critérios como urgência e relevância do problema e factibilidade e viabilidade das intervenções propostas para sanar o problema.

4) Quarto passo: construção da rede explicativa dos problemas priorizados.

5) Quinto passo: apresentação dos resultados dos passos anteriores ao conjunto de atores envolvidos no processo e consequente validação da ASIS por esse sujeitos.

Perceba que o examinador quer exatamente a sequência correta desses cinco passos, o que está apontado exatamente na alternativa A, gabarito da questão.

Referência Bibliográfica:

1. Carmen Fontes Teixeira. Planejamento em saúde : conceitos, métodos e experiência. Salvador: EDUFBA, 2010. 161 p. Disponível: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/6719/1/Teixeira%2C%20Carmen.%20Livro%20Planejamento%20em%20saude.pdf.

Revalida INEP (2023)

Uma paciente com 40 anos comparece à consulta médica no posto de saúde contando que, em razão de suas várias queixas de insônia e dificuldades para dormir, já havia sido orientada sobre higiene do sono, tendo obtido melhora parcial, e que, há um mês e meio, havia se consultado com a enfermeira dessa unidade, que iniciou um tratamento semanal de aplicação de auriculoterapia. Refere ainda que começou, há 3 semanas, a tomar tintura de mulungu, uma planta de que dispõe em sua casa e de que sua família sempre se utiliza, de geração em geração, para ansiedade e insônia. No momento, a paciente relata ter obtido uma resposta muito boa a esse tratamento, mas afirma que a consulta se deve à preocupação com 1 episódio de insônia que teve há 1 semana.

Nesse caso, assinale a opção que apresenta a conduta médica adequada.

A) Orientar a suspensão da tintura de mulungu, devido ao risco de intoxicação por uma planta sem evidência científica robusta.

B) Prescrever zolpidem 10 mg para o controle da insônia e encaminhar a paciente para o psiquiatra, se não houver melhora.

C) Manter o uso da tintura de mulungu e o tratamento da auriculoterapia, e pedir à paciente que retorne se houver piora ou novos sintomas.

D) Orientar a enfermeira informando que a prática de auriculoterapia e de acupuntura devem ser realizadas exclusivamente em centros especializados.

Confira a resolução

Resolução: GABARITO: ALTERNATIVA C

Estrategistas, essa questão do Revalida cobra a conduta médica em uma típica situação da prática clínica na Atenção Primária à Saúde (APS).

Estamos diante de uma paciente portadora de um quadro de insônia, até então refratário às medidas não farmacológicas. Porém, com a introdução da prática da auriculoterapia e do uso de um fitoterápico, houve melhora substancial do sintoma, sendo relatado apenas um “escape” de insônia pela mulher após a instituição dessas duas medidas.

O que a banca quer saber?

Ela quer que você, Estrategista, entenda que a posição do médico deve ser ampla nessa situação, certificando-se dos possíveis riscos e benefícios, mas também dando importância à outros recursos que fogem da medicina tradicional ocidental e que, cada vez mais, tem comprovado sua relevância no contexto clínico do dia-a-dia, ainda que muitas vezes não existam fortes evidências científicas de benefício.

Trata-se de entender que o processo de saúde-doença é mais complexo do que imaginamos e que as crenças e conhecimentos dos pacientes são sim relevantes e influenciam os resultados dos tratamentos.

Dessa forma, se estamos diante de medidas que foram capazes de melhorar o quadro da paciente, por que não mantê-las?

Assim, o médico deverá mostrar-se atento à situação, avaliando riscos e benefícios e, se julgar, em conjunto com a paciente, que os benefícios superam os riscos, não há motivos para interromper as práticas já instituídas. Além disso, ao reafirmá-las, o médico assume uma postura de valorização e respeito à um importante atributo da APS, que é a competência cultural,  que determina que, para que consiga atuar de forma mais efetiva, os profissionais inseridos na APS devem compreender e até certo ponto absorver as características diversas da população, tais como seus costumes, crenças e elementos culturais marcantes. Ao compreender essa base típica de informações, os profissionais de saúde poderão “falar a língua” da população, oferecendo cuidados em saúde mais adequados e integrados à realidade dos indivíduos.

Desse modo, ao perceber a importância cultural que a tinta de mulungu apresenta para a paciente e sua família no tratamento da insônia, e incorporá-la aos cuidados, o médico respeita esse atributo e caminha, junto da paciente, em direção à um cuidado compartilhado e, de fato, efetivo.

Assim, alternativa C correta: se a paciente está apresentando melhora com as medidas aplicadas, e não está exposta a nenhum risco aparente, levando em consideração o atributo derivado da competência cultural, estas podem ser mantidas e o retorno ficará na dependência do surgimento de novos sintomas ou da piora deles.

Referência Bibliográfica:

1. Gilbert, B., Alves, L. F., e Favoreto, R. F. Erythrina falcata, E. mulungu, E. speciosa, E. velutina, E. verna. In: Monografias de Plantas Medicinais Brasileiras e Aclimatadas: Volume II [online]. Rio de Janeiro: Abifisa; Editora FIOCRUZ, 2022, pp. 121-144.

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