ResuMED de anafilaxia: diagnóstico, tratamento e mais!

ResuMED de anafilaxia: diagnóstico, tratamento e mais!

As reações alérgicas são um tema importantíssimo para estudo quando estamos falando de imunologia tanto na clínica médica quanto na pediatria. Essas respostas do nosso organismo, frente a alguns gatilhos, podem ser muito leves ou serem bastante graves!

Dessa forma, os processos seletivos cobrarão do candidato se ele sabe reconhecer os tipos de alergia que são mais graves e como manejá-las. Leia o texto a seguir e vamos adentrar esse mundo da anafilaxia, urticária e reações alérgicas!

Anafilaxia

A anafilaxia é definida como uma reação alérgica aguda grave ameaçadora à vida. Tal definição já nos remete a pensar que se trata de um evento com potencial elevado de gravidade, e é mesmo. Ela é deflagrada quando há uma descarga histaminérgica que ocorre como consequência de degranulação de mastócitos. 

Abordaremos mais a frente, mas se trata de uma reação de hipersensibilidade do tipo 1.

Critérios diagnósticos de anafilaxia

Os critérios diagnósticos de anafilaxia levam em consideração se há o conhecimento a respeito do alérgeno. Leve em conta que quanto mais certeza temos que o paciente é alérgico a uma substância, menos informação é necessária para fecharmos o diagnóstico. 

  • Alérgeno conhecido:
    – Sintomas cardiovasculares (como hipotensão): PAS < 90 mmHg ou PAD <60 mmHg.
    Lembre-se que o limite inferior de Pressão Arterial Sistólica em crianças menores de 2 anos é igual a 70 + (idade x 2).
  • Alérgeno provável:
    Necessitamos da presença de dois dos quatro critérios a seguir:
    – Sintomas cutâneos;
    – Sintomas respiratórios;
    – Sintomas gastrointestinais; e
    – Sintomas cardiovasculares.
  • Alérgeno desconhecido:
    Necessitamos de um sintoma obrigatório e um dos outros dois sintomas a seguir.
    – Sintomas cutâneos (sintoma obrigatório);
    – Sintomas respiratórios; e
    – Sintomas cardiovasculares. 

No ano de 2020 houve uma atualização nos critérios diagnósticos da anafilaxia segundo a World Allergy Organization, porém sem grande alteração no raciocínio do diagnóstico. 

Os principais alérgenos associados a reações anafiláticas são diversos, mas devemos lembrar de alguns mais importantes para nos fazer lembrar do diagnóstico na hora da prova. Listamos alguns: 

  • Leite de vaca;
  • Picada de formiga;
  • Amendoim;
  • Picada de abelha; e
  • Uso de anti-inflamatório não esteroidal.

Tratamento da anafilaxia

Esse tema a seguir se trata de um dos mais importantes quando o assunto é anafilaxia. A grande maioria das questões irão abordar como realizar o tratamento já que deve ser imediato, a fim de evitar um choque anafilático grave. 

  • Adrenalina (1:1000) 0,01 mg/kg IM no músculo vasto lateral:
    Dominando a frase acima, você irá acertar 90% das questões no tema. O choque anafilático se configura como um choque distributivo, no qual há elevadíssima vasodilatação e, como consequência, o edema de vias aéreas e alças intestinais. Essa vasodilatação excessiva gera uma hipotensão grave e ameaçadora à vida. Dessa forma, o melhor medicamento para reversão do quadro é um vasoconstritor potente como a adrenalina pura com uma ótima farmacocinética quando administrada no intramuscular.
  • Condutas adjuvantes:
    Trata-se de condutas importantes que evitam recorrência de sintomas da anafilaxia e auxiliam no manejo do quadro. Porém, não sendo fundamentais como a adrenalina. São elas:
    – Corticoterapia;
    – Observação hospitalar por pelo menos 8 horas pela reação bifásica;
    – Anti histamínico anti-H1;
    – Anti histamínico anti-H2;
    – Broncodilatadores Beta-2-adrenérgicos se dispneia ou sibilos;
    – Elevação de membros;
    – Expansão volêmica com soluções cristaloides;
    – Glucagon IM (principalmente em pacientes que usam beta bloqueadores); e
    – Epinefrina EV se caso refratário a medidas iniciais.

Urticária e angioedema

A urticária e o angioedema são reações alérgicas que acometem apenas o tecido em região de mucosas e pele. 

As principais características da urticária são lesões com: 

  • Placas edematosas;
  • Pruriginosas; e
  • Caráter fugaz e efêmero.

Explorando a fisiopatologia, devemos lembrar que, em geral, ambas se tratam de edemas na derme de caráter histaminérgico decorrente da degranulação de mastócitos. 

Há outros tipos de reações alérgicas que geram lesões semelhantes, mas iremos explorá-los em outros textos. 

As principais etiologias são: 

  • Infecções virais;
  • Uso de medicamentos; e 
  • Reação alérgica a alguns alimentos. 

O diagnóstico dessas entidades é eminentemente clínico. A avaliação das lesões, seja pessoalmente ou em foto, associado a uma boa anamnese, já permite a realização do diagnóstico com excelente precisão. 

Tratamento da urticária

O tratamento da urticária consiste basicamente em controle sintomático do edema e do prurido. Tendo em vista o componente fisiopatológico no qual há elevada concentração de histamina, em nosso tratamento iremos priorizar o uso de medicamentos da classe dos anti-histamínicos, principalmente anti H1.

  • Anti-histamínicos de segunda geração anti H1.
  • Cursos breves de corticoterapia para pacientes refratários. 

Se estivermos diante de um quadro de urticária crônica – aquela que dura mais de 6 semanas – é aconselhável o encaminhamento a um alergista. Nesses quadros, podemos nos valer de medicamentos mais sofisticados como anti leucotrienos ou anticorpos monoclonais para controle sintomático. 

Angioedema hereditário

O angioedema hereditário é um subtipo de angioedema não histaminérgico. Trata-se de uma doença genética autossômica dominante na qual há redução do inibidor da C1 esterase. Dessa forma, na via do complemento há um elevado estímulo inflamatório aos menores insultos. 

Os principais gatilhos para levar a esse tipo de edema de caráter bradicininérgico são o trauma ou uso de medicamentos da classe dos inibidores da enzima conversora de angiotensina (iECA). 

O tratamento em caso de crises agudas é realizado por intermédio do uso do icatibanto – inibidor purificado da C1 esterase. Para o tratamento a longo prazo devemos recorrer a um imunologista. 

Reações de hipersensibilidade

Como dito acima, iremos pincelar a respeito dos tipos de reação de hipersensibilidade. Essa é uma forma didática de entender os diversos e distintos mecanismos pelo qual nosso organismo deflagra reações alérgicas. 

  • Reação de hipersensibilidade tipo 1:
    – Tipo imediata.
    – Mediada por IgE.
    – Quadro clínico de asma, atopia, anafilaxia.
  • Reação de hipersensibilidade tipo 2:
    – Tipo mediada por anticorpos.
    – Mediada por IgG ou IgM.
    – Quadro clínico de anemia hemolítica autoimune, Eritroblastose fetal, Síndrome de Goodpasture.
  • Reação de hipersensibilidade tipo 3:
    – Tipo mediada por imunocomplexos.
    – Mediada por IgG e complemento.
    – Quadro clínico de doença do soro, nefrite lúpica, reação de Arthus.
  • Reação de hipersensibilidade tipo 4:
    – Tipo tardia.
    – Mediada por células T e macrófagos.
    – Quadro clínico de rejeição de transplante, tuberculose, dermatite de contato.

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Referências bibliográficas

Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia

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