ResuMED de coqueluche – agentes etiológicos, transmissão, diagnóstico, tratamento e muito mais!

ResuMED de coqueluche – agentes etiológicos, transmissão, diagnóstico, tratamento e muito mais!

Como vai, futuro Residente? A coqueluche é um tema muito abordado nas provas de Residência Médica, principalmente seus diagnósticos diferenciais, tratamento e quadro clínico, além de ser uma doença muito frequente, principalmente em jovens. Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo para você com tudo o que precisa! Quer saber mais? Continue a leitura. Bons estudos!

Introdução

Também conhecida como “tosse comprida”, a coqueluche é uma doença infecciosa aguda imunoprevenível altamente relacionada à taxa de morbimortalidade em lactentes jovens. 

Transmissão e agentes etiológicos

A coqueluche possui como característica a evolução em surtos, portanto entender sua transmissão é fundamental. Seu principal agente etiológico é a Bordetella pertussis, uma bactéria tipo bacilo gram-negativo, aeróbia, encapsulada, que produz adesinas e toxinas que lesam o trato respiratório e causam depressão do sistema imune do paciente, predispondo-o a infecções secundárias. 

É uma doença de notificação compulsória e sua transmissão ocorre pelo ar. O período de incubação da bactéria é de 5 a 10 dias e a transmissão pode ocorrer desde o quinto dia após a exposição até a terceira semana após o início da tosse paroxística. Após o início do tratamento, o paciente ainda pode transmitir a doença por até 5 dias. 

Fisiopatologia

De modo geral, a bactéria causadora da coqueluche produz adesinas que permitem sua adesão aos cílios do trato respiratório, além de produzir toxinas que paralisam e destroem as células epiteliais do trato, prejudicando a produção de secreções e microorganismos. As toxinas também entram na corrente sanguínea, induzindo a hiperinsulinemia e alterações típicas no hemograma, como a  leucocitose e a linfocitose. 

Fatores de risco e quadro clínico

A coqueluche possui manifestações clínicas diferentes, dependendo da idade do paciente. Adultos e adolescentes geralmente apresentam quadros atípicos, com tosse, coriza e sem os “clássicos”. 

Alguns fatores de risco são conhecidos por se relacionarem às manifestações crônicas da forma grave da coqueluche, são eles:

  • Lactentes menores de 6 meses, principalmente abaixo de 3 meses;
  • Presença de hiperleucocitose;
  • Hipertensão pulmonar;
  • Prematuridade;
  • Doenças crônicas: cardíacas, pulmonares e neurológicas. 

Fases

Cada fase da coqueluche possui uma manifestação clínica diferente, veja:

Fase catarral: 

  • Duração: 1 a 2 semanas;
  • Sintomas: leves, como quaisquer infecções de vias aéreas superiores (febre baixa, tosse seca, coriza e pode haver mal-estar discreto);
  • Transmissão: maior taxa de transmissão;
  • *Ao final, a tosse seca se intensifica e passa a ocorrer em surtos, cada vez mais frequentes e intensos.

Fase paroxística:

  • Duração: 2 a 6 semanas;
  • Sintomas: geralmente é afebril, com surtos súbitos de tosse seca de duração inferior a  45 segundos (curtas), seguida de dificuldade de respirar. Isso faz com que o paciente force a inspiração, causando um “guincho respiratório”, característico da coqueluche. Em crianças maiores, pode haver sensação de asfixia e saliência dos olhos. Protusão da língua, salivação, vômitos, também podem estar presentes.
  • Exame físico: taquipneia momentânea nos acessos de tosse, cianose episódica, petéquias na face e hemorragias conjuntivais. É possível identificar roncos na ausculta pulmonar. 

Fase de convalescença:

  • Duração: 2 a 6 semanas;
  • Sintomas: volta a “tosse normal”, que pode durar até 3 meses, mas se o paciente apresentar um quadro de infecção de vias aéreas superiores, a tosse paroxística pode reaparecer;
  • É a fase de recuperação. 

Diagnóstico

O diagnóstico da coqueluche é feito tanto pela anamnese bem estruturada quanto com os exames complementares, como radiografia de tórax e hemograma.

Na radiografia é possível observar infiltrados peri-hilares, devido aos infiltrados pulmonares, já no hemograma estão presentes alterações laboratoriais desencadeadas pela toxinas pertussis, como a leucocitose com linfocitose, que se intensifica na fase paroxística. 

Seu padrão-ouro, especificamente, é uma cultura para identificação da B. pertussis, em material coletado da nasofaringe, e deve ser feita em coletas na fase aguda, antes do tratamento antibiótico ou, no máximo, em até 3 dias após seu início. 

No Brasil, testes sorológicos não são adequados para o diagnóstico da coqueluche, pois poderiam encontrar resultados positivos devido à vacinação. Além disso, a sorologia geralmente sofre positivação somente 2 semanas após o início do quadro.

Diagnósticos diferenciais

Por ter sintomas respiratórios, a coqueluche pode ser confundida com outras patologias do trato respiratório. Por isso, é importante que você saiba seus principais diagnósticos diferenciais, com destaque para a bronquiolite viral aguda.

A bronquiolite viral aguda é causada pelo vírus sincicial respiratório ou outros vírus. Acomete lactente de forma aguda, com coriza, espirros e febre baixa que piora após 4 a 6 dias e evolui com sibilância e sinais de hiperinsuflação pulmonar. Não há guincho nem acessos de tosse e seu hemograma não possui alterações, somente padrão viral. 

Outros diagnósticos possíveis são pneumonia afebril do lactente, síndrome gripal, infecções das vias aéreas superiores, pneumonia bacteriana (típica), pneumonias atípicas, laringite viral e crupe bacteriano. No material completo do Estratégia MED, você tem acesso às principais características de cada um dos diagnósticos possíveis em relação à coqueluche, não deixe de conferir!

Tratamento

Dependendo da gravidade do quadro e da idade do paciente, pode ser necessária internação hospitalar, caso haja as seguintes indicações:

  • Lactentes menores de 3 meses;
  • Fatores de risco como prematuridade, doenças cardíacas, neurológicas e pulmonares;
  • Desconforto respiratório grave;
  • Evidência de pneumonia;
  • Incapacidade de se alimentar;
  • Apneia ou cianose;
  • Convulsões.

O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível com macrolídeos para reduzir a intensidade dos sintomas e a transmissibilidade, podendo utilizar eritromicina, azitromicina ou claritromicina. 

É importante um tratamento efetivo pois a coqueluche pode evoluir com algumas complicações, como: infecções secundárias, complicações respiratórias, desidratação, complicações neurológicas, pertussis maligna e sinais de desequilíbrio hemodinâmico. 

Prevenção e vigilância epidemiológica

A vacinação DTP protege contra coqueluche, mas para isso são necessárias 3 doses no primeiro ano de vida com reforço aos 15 meses e aos 4 anos. Toda gestante deve ser vacinada após a 20ª semana de gestação, pois ocorre a passagem de anticorpos para o bebê, tornando-o protegido nos primeiros seis meses de vida. 

Em casos suspeitos, com situação epidêmica ou endêmica, todos os comunicantes (comum ou vulnerável) menores de 7 anos que estejam com calendário vacinal incompleto ou desconhecido devem ser vacinados.

A profilaxia é realizada de maneira igual ao tratamento, com as mesmas medicações nas mesmas doses, e é recomendada em comunicantes nos seguintes perfis:

  • Menores de 1 ano: todos;
  • 1 a 7 anos: não vacinados, vacinação desconhecida ou incompleta;
  • Maiores de 7 anos: que tiveram contato com o caso índice no período de 21 dias antes dos sintomas do caso até 3 semanas após ter iniciado a fase paroxística, ou que tiveram contato com comunicante vulnerável no mesmo domicílio;
  • Profissionais da saúde: que trabalham com crianças. 

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