ResuMED de cuidados neonatais: cuidados, exames, mais!

ResuMED de cuidados neonatais: cuidados, exames, mais!

Como vai, futuro Residente? Na área de Pediatria, o período neonatal é muito cobrado! Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo abordando os primeiros dias do bebê, como proporcionar um ambiente tranquilo e seguro para seu nascimento, quais os sinais de alerta que devemos buscar no exame do RN, sua classificação e os testes de triagem do período neonatal. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!

Cuidados antes e durante o nascimento

A princípio, é de extrema importância que o pediatra conheça a história materna, não só gestacional como a pessoal, pois um pré-natal bem-feito, realizado por um médico informado, diminui o risco de morbidade e mortalidade do período neonatal. 

O nascimento é um momento muito delicado e cada intervenção deve ser feita rapidamente. Por isso, a sala de parto deve sempre estar preparada adequadamente com as seguintes providências:

  • Deve fornecer tranquilidade e privacidade à gestante.
  • O ambiente deve ser climatizado entre 23° e 26°C, para garantir normotermia à mãe e ao bebê. 
  • A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda a presença de pelo menos um pediatra capacitado para realizar eventual reanimação neonatal, mas esse número pode variar de acordo com risco gestacional ou partos gemelares. 
  • A equipe de apoio deve ser treinada e atuar de forma coordenada em caso de intercorrência, sendo importante nomear um líder que conduzirá a equipe na hipótese de intervenção.
  • O material para reanimação deve estar preparado, mesmo que os riscos sejam baixos.

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Recepção do neonato com boa vitalidade

Para recepcionar o bebê, o pediatra deve estar presente no momento do nascimento e avaliar cada passo, do parto até a alta hospitalar do recém-nascido (RN). Assim, ao nascimento, o pediatra deve fazer 3 perguntas que definem a vitalidade do RN:

  • 1. O RN é de termo?
  • 2. O RN respira ou chora?
  • 3. O RN tem bom tônus?

A partir dessas perguntas podemos definir o índice de vitalidade, em que temos 3 respostas possíveis:

  • 1. RN’s maiores de 34 semanas com boa vitalidade: 
    • Se todas as respostas forem sim → colocar o RN em contato pele a pele com a mãe; secar e retirar campos úmidos; clampear tardiamente o cordão; e iniciar a amamentação precoce.
  • 2. RN’s menores de 34 semanas com boa vitalidade:
    • 1. SIM 
    • 2 e 3. NÃO → Nesse caso, deve-se: colocar o RN em contato pele a pele com a mãe; secar e retirar campos úmidos; clampear tardiamente o cordão; e levar à mesa de reanimação neonatal.

Aqui no portal do Estratégia MED você encontra um resumo exclusivo sobre Reanimação Neonatal com todos os pontos importantes para a sua prova. Não deixe de conferir!

  • 3. RN com pouca vitalidade:
    • Todas as respostas forem não → clampear o cordão imediatamente e iniciar a reanimação neonatal.

Contato pele a pele

Deve ser proporcionado sempre que possível, tanto em partos normais quanto cesarianas, colocando o RN despido em contato com o tórax da mãe, também despida. O RN também deve ser secado e devem ser retirados os campos úmidos para evitar a perda de calor. 

Não há duração específica, mas recomenda-se que seja de ao menos 1 hora, para manter a normotermia e iniciar a amamentação. 

Clampeamento tardio do cordão

Em RN’s com boa vitalidade e maiores de 34 semanas, devemos aguardar de 1 a 3 minutos para clampear o cordão umbilical, pois isso permite que o RN receba o sangue existente na placenta, o que aumentará suas reservas de ferro e diminuirá a chance de anemia nos primeiros meses de vida (3 – 6 meses). 

Amamentação na primeira hora de vida

A amamentação deve ser incentivada ainda na sala de parto, na primeira hora de vida, pois traz vantagens para a mãe e para o bebê, como a diminuição do sangramento materno, aumento do vínculo afetivo e a apojadura do colostro. 

Cuidados pós-natais

Os cuidados pós-natais se iniciam já na sala de parto com os procedimentos que citamos até aqui. Agora vamos dar continuidade aos cuidados,

Vacinas

Ao nascer, o RN recebe duas vacinas:

  • BCG: em dose única. Para todos os RN ‘s maiores de 2.000 gramas. Filhos de mães com tuberculose bacilífera não devem ser vacinados ao nascimento.
  • Hepatite B: independentemente da idade gestacional e do peso.

Vitamina K

É uma vitamina essencial para a coagulação sanguínea. Como ela tem pouca passagem placentária e por meio do leite materno, todo neonato tem, em potencial, deficiência dessa vitamina. Por isso, deve receber a profilaxia intramuscular óssea na coxa, independentemente da idade gestacional e do peso ao nascer. 

A doença causada pela deficiência de vitamina L é a doença hemorrágica do recém-nascido, uma doença caracterizada por sangramento no período neonatal. Pode ser classificada pelo tempo do início dos sintomas, em precoce, clássica e tardia.

Classificação do recém-nascido

Após o nascimento, o bebê é classificado de acordo com a idade gestacional, peso e a relação peso x idade gestacional.

Idade gestacional:

  • Pré-termo: extremo (< 27 semanas e 6 dias), muito pré-termo (28 a 31 semanas e 6 dias), tardio (34 a 36 semanas).
  • Termo: de 37 a 41 semanas. 
  • Pós termo: 42 ou mais semanas.

Peso:

  • Extremo baixo peso: < 1.000g.
  • Muito baixo peso: 1.499g a 1.000g.
  • Baixo peso: < 2.500g até 1.500g.
  • Macrossômico: 4.000g ou mais. 

Idade x peso:

  • Pequeno para idade gestacional: percentil < 10.
  • Adequado para a idade gestacional: percentil entre 10 e 90. 
  • Grande para a idade gestacional: percentil > 90.

As alterações de crescimento podem se modificar de maneiras diferentes, dependendo da causa e da época da gestação. Para isso, há uma classificação de bebês com restrição de crescimento que caem nas provas de Residência Médica:

  • Proporcionados/simétricos: todos os parâmetros (peso, perímetro cefálico e comprimento) são menores que o percentil 10 para a idade gestacional.
  • Desproporcionados/simétricos: o peso está abaixo do percentil 10 para a idade gestacional; o perímetro cefálico e comprimento estão normais. 

Exame físico

O exame físico no recém-nascido é realizado em 3 momentos.

1. Na sala de parto: é realizado um primeiro exame físico, com os seguintes objetivos:

  • Realizar o boletim de Apgar;
  • Identificar possíveis alterações grosseiras que necessitem de intervenções rápidas, como uma gastrosquise;
  • Avaliar se há presença de alguma anomalia congênita, como malformações;
  •  Procurar danos causados pelo parto (tocotraumas), como fratura de clavícula;
  • Analisar se há sinal de desconforto respiratório; 
  • Avaliar se há alguma condição que o impeça de ir para o alojamento conjunto e que exija cuidados neonatais intensivos; e
  • Estimar a idade gestacional pelo método Capurro.

Confira o material completo do Estratégia MED para entender melhor o boletim de Apgar e o método de Capurro.

2. Em alojamento conjunto: é realizado um primeiro exame físico minucioso, antes das primeiras 24 horas de vida do bebê. 

  • Deve ser feito em ambiente calmo e bem iluminado, sempre na presença dos pais, permitindo o esclarecimento de eventuais dúvidas. 

Nesse momento, devemos buscar no exame físico possíveis alterações de crânio e pele no RN, sendo a mais cobrada em provas o eritema tóxico neonatal, uma erupção eritematosa benigna, autolimitada e idiopática, que surgem entre 24 e 72 horas de vida e desaparecem de 1 a 2 semanas. Outras lesões de pele também podem ocorrer, confira no nosso material completo!

Sobre as lesões de crânio, as 3 mais comuns são:

  • Bossa serossanguínea: extravasamento do sangue acima dos ossos do crânio, causando edema amolecido, sinal de cacifo positivo e estende-se através das linhas de sutura. É benigna e desaparece em dias. 
  • Céfalo-hematoma: coleção subperiosteal de sangue.
  • Hemorragias subgaleais: coleções de sangue entre a aponeurose que cobre o couro cabeludo e o periósteo. 

3. Exame físico de alta: a alta deve ocorrer, preferencialmente após 48 horas de vida, se o RN estiver ou com icterícia dentro de um nível sem necessidade de fototerapia, com eliminações presentes, controle de temperatura e mamando bem. 

Testes de triagem neonatais

Todos os RN ‘s devem realizar os testes de triagem neonatal, sendo eles: Teste do Pezinho, Teste de Coraçãozinho, Teste do Olhinho, Teste da Orelhinha e Teste da Linguinha.

Teste do pezinho

O teste deve ser realizado entre 3° e 5° dia de vida, e é possível identificar algumas doenças como fenilcetonúria, doença falciforme, fibrose cística, entre outras. Em caso positivo para qualquer uma delas, o RN deve ser investigado para confirmação diagnóstica.

Teste do coraçãozinho

Busca diagnosticar cardiopatias congênitas críticas, dependentes do canal arterial e necessitam de intervenção cirúrgica no primeiro ano de vida. Deve ser realizado em todos os RN ‘s com mais de 34 semanas de idade gestacional, entre 24 e 48 horas de vida, antes do fechamento do canal arterial. 

Se o resultado for alterado, é recomendado repetir o exame em 1 hora, caso permaneça positivo, é indicado ecocardiograma em até 24 horas.

Teste do olhinho

Realizado com um oftalmoscópio em todos os bebês antes da alta para observar a presença do retorno do reflexo vermelho retiniano.

Teste da linguinha

Consiste em examinar o frênulo lingual do RN e avaliar a anquiloglossia.

Teste da orelhinha

Deve ser realizado entre 24 e 48 horas, ainda na maternidade, realizado com emissões otoacústicas evocadas no recém-nascido para identificar o potencial auditivo do bebê.

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