Muito provavelmente nas primeiras aulas da faculdade de medicina você aprendeu sobre a anatomia do sistema locomotor. E lá na bancada estavam diversos ossos e você era obrigado a decorar diversas estruturas! Saber toda essa anatomia é importante, mas os ossos não se resumem só a isso. São órgãos além de locomotores com elevada função metabólica! Leia o texto a seguir e vamos explorar sobre o metabolismo ósseo.
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Metabolismo ósseo e o remodelamento
Além de sua função estrutural, devemos destacar a função metabólica dos ossos. Nesse contexto devemos enfatizar que são nos ossos que estão armazenados 99% do cálcio e 85% do fosfato do corpo. Além disso, eles são fundamentais como tampão em situações de distúrbios ácido-base.
Osteoclastos no metabolismo ósseo
Os osteoclastos são células ósseas responsáveis pela reabsorção óssea. Ela é ativada quando já ligação do RANK e RANKL.
Na realidade, os osteoclastos são oriundos de precursores hematopoiéticos monocíticas e, dessa forma, apresenta grande semelhança com as células da imunidade inata.
Quando essas células denominadas pré-osteoclastos sofrem ativação na ligação do RANKL no receptor RANK há a fusão de diversos osteoclastos e a formação de uma grande célula multinucleada que apresenta como função a fagocitose de outras células.
Tal processo de fagocitose é ativado por marcadores celulares de senescência das células mais velhas que são induzidas à apoptose.
Osteoblastos no metabolismo ósseo
Já os osteoblastos são células responsáveis pela construção da matriz óssea. Dessa forma, o osteoclasto destrói e o osteblasto constrói.
Nesse processo, o osteoblasto é estimulado pela destruição de células ao seu redor e pode se transformar em osteócitos ou em células lineares.
É a relação e comunicação entre todas essas células que permite o controle fino de destruição e construção da matriz óssea. Diversos fatores externos influenciam nesse processo, entre eles podemos citar: calcemia, fosfatemia, acidemia, paratormônio, vitamina D e medicamentos.
Dessa forma, esse processo rico e complexo é o ponto de partida para a construção do osso.
Massa óssea durante a vida
Esse processo explicado acima de construção óssea é iniciado desde a vida intra-uterina. O pico de massa óssea é atingido quando temos entre 20 a 30 anos e é nesse período que eles chegam ao seu máximo de qualidade. Após esse momento da vida, há uma queda de qualidade e da composição óssea, em geral.
Tanto no sexo masculino quanto no sexo feminino essa perda de qualidade óssea pode ser explicada por diversos fatores, entre eles podemos citar:
- Queda no nível de esteroides sexuais (testosterona, estrogênio);
- Queda no nível de hormônio do crescimento (GH);
- Redução de reserva de colesterol na pele; e
- Aumento dos níveis de PTH, em resposta a queda natural de vitamina D.
Assim como todas as características que nos compõem como humanos, há fatores modificáveis e fatores não modificáveis no metabolismo ósseo. Aqueles que não conseguimos mudar estão relacionados à genética. Já aqueles pelos quais somos responsáveis dizem muito sobre nossa alimentação e atividade física. Hábitos já consagrados como saudáveis auxiliam na formação óssea saudável. Dessa forma, comer alimentos ricos em vitamina D e atividade física de impacto são fatores protetores ao desenvolvimento de osteoporose.
Endocrinologia no metabolismo ósseo
O metabolismo mineral ósseo é consequência e resultado da ação de diversos íons e hormônios que atuam de forma mútua para regular a formação e destruição óssea de forma fisiológica. Os principais fatores que influenciam todo esse processo são:
- Cálcio;
- PTH;
- Vitamina D;
- Calcitonina;
- Fosfato e FGF23; e
- Magnésio.
Cálcio no metabolismo ósseo
O cálcio é um dos íons mais importantes do corpo humano. Ele é indispensável para fenômenos de sinalização neuronal, coagulação sanguínea, sinalização intracelular e na formação óssea. Como já dito, 99% do cálcio está armazenado nos ossos.
Quando formos observar os valores séricos de cálcio devemos ficar atentos com dois fatores que influenciam o cálcio iônico, mas por vezes não o cálcio total.
Primeiramente, a albumina, proteína de ligação, na qual grande parte de cálcio está ligada.
Segundo, o pH. Situações de acidemia elevam os níveis de calcemia bem como a alcalemia o reduzem.
PTH no metabolismo ósseo
O PTH, paratormônio, é o hormônio produzido pelas paratireoides, responsável pelo ajuste fino do cálcio. Níveis de hipocalcemia geram aumento do PTH, que por sua vez irá resultar em:
- Maior reabsorção óssea
- Hipocalciúria e hiperfosfatúria
- Aumento de vitamina D ativa para maior absorção de cálcio intestinal
Em suma, ações visando aumentar a concentração de cálcio sérica.
Vitamina D no metabolismo ósseo
A vitamina D está intimamente relacionada com o metabolismo do cálcio e, por consequência, associada com o metabolismo ósseo. Suas principais funções são aumentar a absorção de cálcio intestinal e maior reabsorção tubular de cálcio nos túbulos renais. Além disso, também funciona como inibidor da secreção de PTH atuando como feedback negativo do possível aumento da calcemia.
Calcitonina no metabolismo ósseo
A calcitonina é um hormônio produzido pelas células C parafoliculares da tireóide e tem como principal função a redução do nível sérico de cálcio. Atua como antagonista do PTH (paratormônio). Age principalmente por aumento da excreção renal de Ca++ e inibir a reabsorção óssea.
Fosfato e FGF23
O fosfato, assim como o cálcio, é um íon de suma importância no entendimento do metabolismo mineral ósseo. E como já vimos, o aumento de vitamina D induz aumento de fósforo pela reabsorção intestinal; e o aumento de PTH induz a redução da fosfatemia por maior fosfatúria.
Além desses dois hormônios, um terceiro integrante participa na regulação fina do fósforo: o FGF23.
Produzido pelos osteócitos e osteoblastos, ele apresenta função de redução do nível de fosfato com mecanismos de redução da vitamina e aumento da fosfatúria.
Magnésio
O magnésio, assim como o cálcio, se apresenta em quase sua totalidade estocado nos ossos. Trata-se de um importante cátion responsável por ativação enzimática e regulação das ações celulares. Ao contrário dos outros íons, o magnésio não apresenta uma regulação hormonal rica, por isso, acaba ficando esquecido. Contudo, devemos sempre lembrar que seus níveis séricos são fundamentais para o funcionamento do corpo humano de forma adequada.
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