Resumo de intestino delgado: anatomia, fisiologia e mais!

Resumo de intestino delgado: anatomia, fisiologia e mais!

O intestino delgado é a porção mais longa do trato gastrointestinal (TGI) e onde ocorre a maior parte da digestão e absorção de nutrientes, sendo uma função de extrema importância para manutenção de nossa vitalidade. Por este motivo, confira os principais aspectos referentes a este órgão que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica! 

Anatomia do intestino delgado

O intestino delgado é uma estrutura tubular oca com um comprimento médio de 3 a 5 metros que permite a quebra e absorção de nutrientes importantes permitindo que o corpo funcione em seu desempenho máximo. O intestino delgado se estende do piloro do estômago até a junção ileocecal e é subdividido em três seções: duodeno, jejuno e íleo. 

  • Duodeno: É a primeira porção do intestino e a seção mais curta, medindo em média de 20 cm a 25 cm de comprimento. É limitada pelo piloro do estômago e funde-se distalmente ao início do jejuno. O duodeno apresenta uma porção retroperitoneal, justamente onde envolve o pâncreas, em forma de “C”. 
Duodeno em “C” abraçando o pâncreas. Crédito: Wikipedia
  • Jejuno: É a segunda parte do intestino delgado e passa pelo quadrante superior direito. Com aproximadamente 2,5 metros de comprimento, contém placas circulares e vilosidades para absorver os produtos da digestão. O plexo mioentérico aciona as paredes intestinais do jejuno para sofrer segmentação, agitando o alimento para frente e para trás e misturando-o com os sucos digestivos.
  • Íleo: é a porção final do intestino delgado , sendo que a válvula ileocecal separa o íleo do intestino grosso e termina na válvula ileocecal. Está localizado principalmente no quadrante inferior direito do abdome. O íleo é a seção mais longa e o mais fino, com paredes mais estreitas e menos vasos sanguíneos.  Absorve quaisquer nutrientes finais, sendo os principais produtos de absorção a vitamina B12 e os ácidos biliares. 
Intestino delgado. Crédito: PubMed

Em relação ao suprimento de sangue arterial, o duodeno é irrigado por ramos da artéria pancreaticoduodenal superior, que vem do tronco celíaco, e da artéria pancreaticoduodenal inferior, que vem da artéria mesentérica superior. 

O jejuno e o íleo recebem seu suprimento sanguíneo de uma rica rede de artérias que percorrem o mesentério e se originam da AMS. A multiplicidade de ramos arteriais que se dividem a partir da AMS são conhecidas como arcadas arteriais e dão origem aos vasos retos que levam o sangue ao jejuno e ao íleo, além de possuírem várias alças anastomóticas, protegendo essas porções do delgado de uma possível isquemia.  

Ramos da artéria mesentérica superior irrigando o intestino delgado e cólon. Crédito: Wikipedia.

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Histologia do intestino delgado

Do ponto de vista histológico, a parede do intestino delgado é dividida em camadas, sendo o lúmen revestido por uma mucosa e, mais externamente, revestido por uma serosa. 

  • Mucosa: A mucosa é a camada mais interna e contém as vilosidades intestinais, que são projeções alongadas formadas pelo epitélio e lâmina própria, que ampliam sua superfície, aumentando assim a área disponível para absorção de nutrientes.  O epitélio é formado principalmente por células absortivas (enterócitos) e células caliciformes e se continua com o epitélio das criptas, que por sua vez contêm algumas células absortivas e células caliciformes. É dentro das criptas que ocorre a renovação e proliferação celular. 
  • Submucosa : consiste em uma camada de tecido conjuntivo contendo vasos sanguíneos, nervos e vasos linfáticos. Esta camada do intestino delgado é primariamente não especializada, exceto no duodeno, onde contém as glândulas de Brunner secretoras de muco. 
  • Muscularis: O muscularis consiste em duas camadas de músculo liso, sendo uma camada longitudinal externa fina que encurta e alonga o intestino e uma camada circular interna mais espessa de músculo liso, que causa constrição. Entre essas duas camadas de músculo liso está o plexo mioentérico (Auerbach) do sistema nervoso entérico, que serve como regulador neuronal do movimento intestinal. 
  • Serosa: A serosa é a camada mais externa do intestino delgado e consiste em mesotélio e epitélio, que circunda o jejuno e o íleo, e a superfície anterior do duodeno. A face posterior do duodeno é retroperitoneal e não coberta por serosa. As células epiteliais no intestino delgado têm uma rápida taxa de renovação, com células que duram apenas 3 a 5 dias. A camada mais externa do intestino delgado que consiste em epitélio e mesotélio.
Camadas histológicas da parede do intestino delgado. Crédito: ATLAS DE HISTOLOGIA UFG 

Fisiologia da digestão e absorção de alimentos pelo intestino delgado

A principal função do intestino delgado é decompor os alimentos, absorver nutrientes, extrair água e mover os alimentos ao longo do trato gastrointestinal. 

Carboidratos

Geralmente ingerimos carboidratos da dieta como polissacarídeos (ex., amido) ou dissacarídeos (ex., lactose, sacarose ou maltose). Os enterócitos só absorvem esses carboidratos na forma de monossacarídeos, como glicose, frutose e galactose, por isso devem passar por um processo de digestão intensa para que ocorra a quebra desses carboidratos complexos. 

Essa digestão acontece através da amilase, enzima encontrada na saliva e no pâncreas. A alfa-amilase está localizada na boca e inicia a digestão dos carboidratos, enquanto a amilase pancreática é a principal responsável pela hidrólise dos amidos. Juntamente com a amilase, a borda em escova do intestino delgado contém enzimas que digerem carboidratos, incluindo maltase, isomaltase, sacarase, beta-galactosidase e o complexo trealase. 

Quando alcançam a forma de monossacarídeos, esses carboidratos são então absorvidos na membrana apical dos enterócitos via transportadores mediados por carreadores SGLT1 e GLUT5. Glicose e galactose usam SGLT1 (alimentado por sódio), enquanto GLUT5 transporta frutose. 

Proteínas

Dentro de uma lógica parecida, as proteínas são ingeridas em forma de polímeros ou oligômeros (ex. dipeptídeos, tripeptídeos e tetrapeptídeos), para então serem digeridos em forma de monômeros, que são os aminoácidos. 

A digestão das proteínas em aminoácidos ocorre pela quebra de ligações peptídicas através da hidrólise por enzimas proteolíticas, que se inicia no estômago através da enzima proteolítica pepsina. Embora a pepsina ajude a digestão no estômago, ela não é totalmente necessária para a digestão de proteínas e deve ter um ambiente com pH de 1 a 3 para funcionar adequadamente. A pepsina não é encontrada no intestino delgado, pois os fluidos pancreáticos fazem com que o duodeno seja um ambiente mais básico.

O pâncreas secreta no duodeno através do suco pancreático as proteases tripsina, quimotripsina, elastase e carboxipeptidase A e B, que são liberadas quando o duodeno libera colecistocinina (CCK) na presença de proteínas inicialmente em suas formas inativadas. A enteropeptidase (também chamada de enteroquinase) as transforma em formas ativas. 

Uma vez que a tripsina é ativada, ela acelera a digestão de proteínas, que produz aminoácidos livres, dipeptídeos, tripeptídeos e oligopeptídeos. A absorção de aminoácidos livres envolve muitas proteínas de transporte ativas e facilitadas mediadas por carreadores. Alguns dipeptídeos e tripeptídeos também conseguem ser absorvidos no intestino delgado, via transportador Pept-1, que requer um gradiente de íons de hidrogênio. 

Gordura

A gordura é ingerida em forma de triglicerídeos e necessita ser hidrolisada em diglicerídeos e ácidos graxos livres para absorção. Essa digestão lipídica também começa antes do duodeno, incluindo a digestão através de lipases lingual, gástrica e pancreática. No duodeno, a emulsificação é essencial na digestão da gordura, pois quebra os glóbulos de gordura em gotículas menores, aumentando a área de superfície para as lipases pancreáticas. 

Absorção de lipídios foi inicialmente pensado para ser um processo passivo, mas a descoberta de proteínas de ligação de ácidos graxos suporta um curso ativo. Os ácidos graxos são realocados para o retículo endoplasmático dos enterócitos e reformados. Os ácidos graxos livres são mais comumente absorvidos no jejuno do intestino delgado. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Collins JT, Nguyen A, Badireddy M. Anatomy, Abdomen and Pelvis, Small Intestine. [Updated 2022 Aug 8]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK459366/
  • Fish EM, Burns B. Physiology, Small Bowel. [Updated 2022 Oct 14]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK532263/
  • JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 13ª edição. Rio de Janeiro – RJ: Guanabara Koogan, 2017.
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay
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