Resumo sobre a atualização no protocolo do teste do coraçãozinho: novas indicações, fluxograma e muito mais!

Definição 

O teste de triagem neonatal para cardiopatia congênita (teste do coraçãozinho), realizado a partir da oximetria de pulso de forma rotineira em recém-nascidos com idade gestacional maior que 34 semanas. A triagem neonatal para cardiopatia foi incorporada à portaria SCTIE/MS n°20, 10 de junho de 2014. 

As cardiopatias congênitas (CC) são defeitos anatômicos no coração ou grandes vasos gerados durante a embriogênese. Dentre elas, coarctação de aorta, transposição de grandes vasos, atresia pulmonar e síndrome hipoplasia do coração esquerdo.

Nas cardiopatias graves, acontece uma mistura entre o sangue da circulação sistêmica e pulmonar, o que leva a uma diminuição da saturação periférica de oxigênio. Dessa forma, há hipóxia mesmo antes da cianose ser expressa, explicando a realização da oximetria de pulso como método de rastreio de CC graves.

Por que realizar o teste do coraçãozinho?

A cardiopatia congênita é o tipo de malformação congênita mais comum em RNs e ocorre em até 1 % deles. É responsável por até 10% dos óbitos infantis e gera elevado custo médico com aumento nos dias de internação dos nossos RNs.  

Segundo a sociedade brasileira de pediatria (SBP), 1 a 2 de cada 1.000 nascidos vivos apresentam cardiopatia congênita crítica. Infelizmente, antigamente acreditava-se que até 30% destes saem do hospital sem o diagnóstico. 

Antes da era da cirurgia cardíaca pouco mais de 30% das crianças com cardiopatias congênitas graves conseguiam sobreviver até a vida adulta. Isso só foi possível pelo aprimoramento nas técnicas cirúrgicas abertas e endovasculares e melhorias nas unidades de terapia intensiva neonatal e pediátrica. 

#Ponto importante: um dos aspectos obrigatórios para aplicação de testes de rastreamento é ter tratamento disponível para as doenças pesquisadas. 

Nos países que implementaram a prática de rastreamento e tratamento de cardiopatia congênita, tiveram queda significativa das mortes por cardiopatias, com expectativa que até 85% destes recém-natos sobrevivam à vida adulta. 

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Quais doenças são diagnosticadas no teste do pezinho? 

O principal objetivo é diagnosticar as cardiopatias congênitas críticas, aquelas que necessitam de tratamento cirúrgico ou de cateterismo no primeiro ano de vida. Elas representam 25% das cardiopatias congênitas.  

Dentre elas, as mais comuns são as cardiopatias canal dependentes. O canal arterial é o ponto de comunicação entre a circulação pulmonar e sistêmica no período fetal e fecha, na maioria dos recém-nascidos, até 72 horas após o nascimento. 

São divididas de acordo com as causas em três grupos:

  • Fluxo dependente do canal arterial, Ex: atresia pulmonar e similares
  • Fluxo sistêmico dependente do canal arterial, Ex: Síndrome da hipoplasia do coração esquerdo e coarctação de aorta crítica) 
  • Com circulação em paralelo, Ex: Transposição das grandes artérias e similares. 

Outras cardiopatias críticas triadas pelo teste do coraçãozinho incluem tetralogia de Fallot, drenagem anômala das veias pulmonares, atresia tricúspide, truncus arteriosus, duplas via de saída do ventrículo direito, anomalia de Ebstein, interrupção de arco aórtico e ventrículo direito único. 

Acurácia do teste do coraçãozinho?

A aferição da oximetria de pulso de forma rotineira foi levantada no intuito de diminuir o número de RNs sem diagnóstico. Tem se mostrado um instrumento de elevada especificidade (99%) e moderada sensibilidade (75%). 

#Ponto importante: Existe uma taxa considerável de falso positivo devido a permanência do canal arterial/forame oval comum nas primeiras 48 horas de vida. 

Triagem 

Antes da atualização, o teste deveria ser aplicado em RNs maiores de 34 semanas e a triagem pela aferição da oximetria de pulso deveria ser realizada entre 24-48h de vida do RN, por profissional de saúde integrante da equipe neonatal. 

Deve ser feito a medida da oximetria de pulso no membro superior direito (pré-ductal) e em algum dos membros inferiores (pós-ductal). O teste era considerado positivo de saturação de O2 <95% ou uma diferença entre as duas medidas >3%. 

Se o teste fosse considerado positivo, repetia-se o exame em uma hora. 

O que mudou na atualização do fluxograma do teste do coraçãozinho? 

O fluxograma descrito acima era bem simplificado. A nova atualização tornou mais complexa a forma de triagem de cardiopatias congênitas. O motivo para tal alteração está na tentativa de diminuir os resultados falso-positivos. 

A primeira mudança está no público rastreado, agora recém-nascidos com mais de 35 semanas.

Eles diminuíram o valor de corte de SatO2 de 95% para 89% para considerar um teste positivo. Além disso, agora existe a possibilidade do teste ser considerado duvidoso, que não existia no fluxograma antigo. 

Um grupo intermediário foi criado com valores de corte de SatO2 entre 90 e 94% OU diferença entre as medidas >4%. É justamente os recém-nascidos que se encaixam nesse grupo na primeira oximetria de pulso que tem o teste considerado duvidoso e devem ser reavaliados com 1 hora. Se mantiver os parâmetros, um terceiro teste deve ser feita em 01 hora. 

Se no terceiro teste mantiver satO2 entre 90 e 94% ou diferença entre as medidas >4%, o teste é considerado positivo. Se em algum desses testes adicionais a satO2 ficar menor que 89% o teste já é considerado positivo. Se der SatO2 > 95% e diferença <4%, o teste é considerado negativo, como vemos no fluxograma da atualização 2022. 

Fluxograma teste do coraçãozinho. Crédito: SBP, 2022. 

Confira o vídeo da professora Helena Schetinger sobre a atualização no nosso canal do YouTube.

Conclusões sobre a atualização

O tratado já foi lançado desatualizado e apresenta um fluxo bem mais complexo. O intuito é diminuir o número de falsos positivos e, ao mesmo tempo, não retardar o diagnóstico dos recém-nascidos com cardiopatia congênita. 

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Veja também:

Referências bibliográficas: 

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