Brasil terá 635 mil médicos até o fim do ano; confira os principais dados da Demografia Médica 2025
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Brasil terá 635 mil médicos até o fim do ano; confira os principais dados da Demografia Médica 2025

Atualmente, o país tem 2,98 profissionais para cada mil habitantes

Coordenada pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foi divulgada hoje (30) a Demografia Médica 2025. O estudo, atualmente em sua 8ª edição, traz um levantamento atualizado sobre a formação e atuação profissional de médicos no país. O documento revela que o Brasil, de acordo com a projeção oficial, atingirá a marca de 653.945 médicos até o final de 2025.

O levantamento aponta um aumento expressivo no número de médicos em território brasileiro. Em cinco anos, foram acrescidos 116,5 mil novos médicos no país. Atualmente, o Brasil conta com 2,98 profissionais para cada mil habitantes, o que representa um crescimento notável, considerando que, na Demografia Médica 2024, eram 575.930 médicos ativos e uma proporção de 2,81 profissionais por mil habitantes.

Ainda, de acordo com a Demografia Médica 2025, a maior concentração de médicos por habitantes está no Distrito Federal, com 6,28 médicos para cada 1.000 habitantes, enquanto a menor proporção é registrada no Maranhão, com 1,27.

Vale reforçar que os dados obtidos através da Demografia Médica, realizada em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Ministério da Saúde, subsidiam o planejamento de políticas públicas de assistência à saúde, bem como o desenvolvimento profissional e a formação médica. Siga no texto e confira os principais dados do último estudo!

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Distribuição pelo território brasileiro

Seguindo a tendência dos últimos anos, embora o número de profissionais tenha aumentado, a distribuição de médicos pelo país ainda é desigual. De acordo com a Demografia Médica 2025, a Região Sudeste lidera em número de médicos no país, com 334.105 profissionais e razão de 3,77 por 1.000 habitantes. Na sequência estão o Centro-Oeste, com 58.705 médicos (3,44), e o Sul, com 103.028 profissionais (3,31). O Nordeste reúne 126.402 médicos, com razão de 2,21, e o Norte registra os menores números: 31.706 médicos e 1,70 por 1.000 habitantes.

As cinco capitais com maior número de médicos por 1.000 habitantes são, respectivamente:

  1. Vitória (ES) – 18,52;
  2. Porto Alegre (RS) – 11,81;
  3. Florianópolis (SC) – 10,48;
  4. Belo Horizonte (MG) – 9,98; e
  5. Recife (PE) – 9,72.

Apesar da cidade de São Paulo concentrar o maior número absoluto de médicos do país – 80.834, ocupa apenas a 12ª posição na razão de profissionais por 1.000 habitantes, com uma relação de 6,80. No outro extremo, Macapá (AP) apresenta o menor número total de médicos e também a menor proporção de profissionais por 1.000 habitantes, sendo 1.080 profissionais e 2,22 para cada mil habitantes.

Confira a seguir a distribuição de médicos pelos estados brasileiros:

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Brasil com médicos cada vez mais jovens

A idade média dos médicos no Brasil vem caindo nos últimos anos, reflexo, entre outros fatores, da expansão acelerada de cursos de Medicina. Em 2009, a média era de 45,5 anos, com um desvio padrão de 13,4 anos, indicando uma distribuição relativamente equilibrada entre médicos jovens e mais experientes.

Em 2024, a média caiu para 44,8 anos, mas com um desvio padrão maior (15,7 anos), evidenciando a entrada expressiva de médicos mais jovens e uma maior dispersão etária. A projeção para 2035 aponta que a média deve recuar para 40,8 anos, com desvio padrão de 14,0 anos, sinalizando uma concentração crescente em faixas etárias mais jovens.

De acordo com o estudo, essa mudança geracional impacta não só o perfil etário, mas também as escolhas de especialidades, os modelos de vínculo e remuneração, as jornadas de trabalho, o uso de tecnologias e a conciliação entre vida pessoal e profissional. Além disso, a Demografia Médica pede mais investimentos em qualificação e educação continuada para atender a esse novo perfil de médicos generalistas que chega ao mercado.

Explosão de cursos de Medicina e mudanças no perfil dos estudantes

Nos últimos dez anos, o número de escolas médicas no Brasil saltou de 252 para 448, ofertando atualmente 48.491 vagas, sendo 79,3% em instituições privadas, aumento que impactou diretamente a concorrência nos vestibulares de Medicina. Em 2014, eram 46,51 candidatos por vaga, número que caiu para 18,81 em 2023.

A disputa, no entanto, ainda é desigual entre os setores. Nos cursos públicos de Medicina, a concorrência chega a 68,50 candidatos por vaga, enquanto nos privados o índice é de 7,17.

O estudo também revela que 1 em cada 10 alunos de Medicina é cotista. Já sobre o perfil médio dos estudantes de Medicina, considerando do 1º ao 6º ano, levantamento traça que:

  • 61,8% são mulheres;
  • 60,9% têm até 24 anos;
  • 68,6% se autodeclaram brancos; e
  • 66% cursaram o ensino médio em escola privada.

Como está a residência médica?

Em 2024, o Brasil contava com 47,7 mil médicos residentes, o que corresponde a cerca de 8% do total de médicos no país. Do total, 58,2% eram mulheres e 62,8% se formaram em escolas privadas. A maioria dos residentes (54,3%) estava concentrada na Região Sudeste.

Além disso, mais da metade – 54,8% – dos médicos residentes está distribuída em apenas seis das 55 especialidades ofertadas:

  • Clínica Médica (13,6%);
  • Pediatria (10,5%);
  • Cirurgia Geral (9,0%);
  • Ginecologia e Obstetrícia (8,6%);
  • Anestesiologia (6,6%); e
  • Medicina de Família e Comunidade (6,5%).

Por outro lado, os programas com menor número de residentes em 2024 foram: Angiologia (3 residentes), Medicina do Tráfego (4), Homeopatia (9), Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (13) e Acupuntura (19) — evidenciando quais são as especialidades com menor procura e oferta no cenário nacional.

O levantamento reforça a concentração regional e de áreas de atuação na residência médica brasileira, apontando desafios na distribuição de especialistas e cobertura assistencial em diversas regiões e especialidades do país.

A concentração de médicos residentes também se reflete nas instituições formadoras. Em 2024, entre as 957 instituições que mantinham pelo menos uma vaga de residência médica ocupada, apenas 91 delas reuniam metade dos residentes do país. Além disso, cerca de 300 instituições — um terço do total — eram responsáveis por 80% das vagas disponíveis, evidenciando a forte centralização da oferta de residência em um número restrito de centros formadores.

Dentre as 10 instituições com o maior número de residentes no último ano — 7.072 ao total, apenas uma está localizada fora do estado de São Paulo:

UFInstituiçãoNº de Médicos Residentes
SPFaculdade de Medicina da USP – USP-SP1.525
SPUniversidade Federal de São Paulo – UNIFESP905
SPHospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto USP – USP-RP808
SPFaculdade de Ciências Médicas da UNICAMP637
SPIrmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – SCMSP621
SPFaculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP603
SPHospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira – IAMSPE560
RSHospital das Clínicas de Porto Alegre – HCPA510
SPFaculdade de Medicina de Botucatu – UNESP470
SPFaculdade de Medicina do ABC – FMABC433

Especialistas x Generalistas

Ainda, segundo o levantamento, 59,1% dos profissionais (353.287) possuem ao menos um título de especialista, enquanto os generalistas — aqueles sem especialização registrada — correspondem a 40,9% (244.141). A distribuição, no entanto, expõe desigualdades não apenas entre áreas de atuação, mas também em relação ao perfil de gênero dos profissionais.

Homens ainda predominam em 35 das 55 especialidades médicas reconhecidas. As maiores concentrações masculinas estão em Urologia (96,5%) e Ortopedia e Traumatologia (92,0%). Em contrapartida, as mulheres lideram com ampla vantagem em Dermatologia (80,6%) e Pediatria (76,8%), especialidades que historicamente atraem maior presença feminina.

O estudo também destaca que mais da metade dos títulos de especialista (50,6%) está concentrada em apenas sete áreas:

  • Clínica Médica (12,4%);
  • Pediatria (10,0%);
  • Cirurgia Geral (7,8%);
  • Ginecologia e Obstetrícia (7,4%);
  • Anestesiologia (4,7%);
  • Cardiologia (4,3%); e
  • Ortopedia e Traumatologia (4,0%).

Projeção para o futuro da Medicina

A projeção para a próxima década indica que o Brasil superará a marca de 1,15 milhão de médicos, com a maioria feminina já a partir de 2025. Além disso, espera-se uma redução na média de idade dos profissionais, refletindo a influxo de médicos mais jovens. No entanto, a distribuição desigual de médicos pelo território brasileiro deve persistir, com algumas regiões ainda enfrentando desafios para equilibrar a oferta de profissionais de saúde.

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Matéria em colaboração de Ana Carolina Damasceno

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