O Projeto UTIs Brasileiras, conduzido pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), tem monitorado mais de 50% das admissões de adultos em UTIs no país, revelando dados significativos sobre a saúde intensiva no Brasil. Entre as descobertas, está a alta taxa de sobrevivência: quase nove em cada dez brasileiros que passam por uma unidade de terapia intensiva conseguem alta. De acordo com os dados mais recentes, a taxa de sobrevivência nesses ambientes chega a 84%. Confira mais dados abaixo!
Principais causas de internação
A sepse, popularmente conhecida como infecção generalizada, continua sendo a principal causa de internação não cirúrgica em UTIs brasileiras, com quase um terço dos pacientes sendo internados devido a complicações infecciosas graves. A sepse é uma resposta inflamatória sistêmica a uma infecção que pode levar rapidamente à falência de múltiplos órgãos e à morte quando não tratada prontamente.
Entre as cirurgias eletivas, as ortopédicas são a principal causa de internação em UTIs, representando 14,7% dos casos, seguidas por procedimentos invasivos cardíacos e endovasculares (10%). Nas cirurgias de urgência, as ortopédicas também lideram, com 15,2% das internações, seguidas por cirurgias abdominais (12,6%).
Perfil dos pacientes internados
Os dados da Amib mostram um perfil equilibrado entre pacientes adultos de UTIs, com homens e mulheres representando aproximadamente metade das internações ao longo dos anos. A idade média dos pacientes internados é 63 anos, com uma concentração significativa de internações entre idosos.
As comorbidades mais frequentes entre pacientes internados em UTIs incluem hipertensão arterial (66,6%) e diabetes (33,9%). Outras comorbidades significativas são tumores sólidos, insuficiência renal crônica e insuficiência cardíaca. Confira o gráfico abaixo:
Taxa de mortalidade hospitalar
Embora a taxa de mortalidade nas UTIs brasileiras tenha sido registrada em 16%, o estudo evidencia algumas desigualdades regionais. A Região Nordeste, por exemplo, apresenta a maior taxa de mortalidade hospitalar (24,5%), seguida pelo Sudeste (23,2%), enquanto o Sul possui a menor taxa (14,7%). Além disso, os hospitais públicos têm taxas de mortalidade mais elevadas (27%) quando comparados aos hospitais privados (11%). Confira a comparação em retrospectiva desde o início da pesquisa até o ano atual no gráfico abaixo:
A pandemia de COVID-19 também teve um impacto significativo, aumentando a mortalidade para aproximadamente 35% em 2020, seguida por uma diminuição nos anos subsequentes.
Projeto UTIs Brasileiras
O Projeto UTIs Brasileiras é uma iniciativa da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) em parceria com a Epimed Solutions. A plataforma de dados clínicos e epidemiológicos incorpora informações para orientar políticas de saúde e estratégias de cuidado aos pacientes críticos. Atualmente, é a maior plataforma epidemiológica de UTIs do mundo, reunindo dados de 722 hospitais, 1.643 UTIs e 22,6 mil leitos.
Desde seu lançamento em 2010, o projeto monitorou quase 5 milhões de admissões em todo o país. Até o fim de 2024, estima-se que mais de 1 milhão de novas admissões serão registradas. Confira abaixo a quantidade de hospitais, UTIs e leitos por região que fazem parte do projeto:
Centro-Oeste | Nordente | Norte | Sudeste | Sul | Brasil | |
---|---|---|---|---|---|---|
Hospitais | 97 | 149 | 42 | 361 | 73 | 722 |
UTIs | 209 | 355 | 81 | 874 | 124 | 1643 |
Leitos | 3155 | 4534 | 982 | 12305 | 1723 | 22699 |
Sobre a Amib
A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib) foi fundada em 11 de dezembro de 1980 e é a entidade que representa e coordena os profissionais de Medicina Intensiva no Brasil. A Amib trabalha para fortalecer a especialidade, promover a educação continuada, incentivar a pesquisa e estabelecer padrões de cuidado para melhorar o atendimento aos pacientes críticos em unidades de terapia intensiva (UTIs) em todo o país.
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