Resumo de neurofibromatose tipo 1: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de neurofibromatose tipo 1: diagnóstico, tratamento e mais!

A neurofibromatose é um dos distúrbios genéticos mais comuns, sendo o tipo 1 a forma mais comum de apresentação. Por este motivo, confira os principais aspectos referentes a este distúrbio genético, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à neurofibromatose tipo 1.

  • A neurofibromatose tipo 1 representa cerca de 96% de todos os casos de neurofibromatose. 
  • É causada por variantes patogênicas no gene NF1 , localizado no cromossomo 17q11.2.
  • As alterações da doença parecem seguir uma sequência típica de aparecimento, inicialmente com surgimento das máculas café-com-leite e sardas axilares ou inguinais, seguidos por hamartomas da íris (nódulos de Lisch ) e tumores benignos, os neurofibromas. 
  • O diagnóstico é clínico e o tratamento visa a detecção precoce e o tratamento sintomático das complicações à medida que ocorrem. 

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Definição da doença

A neurofibromatose é uma doença neurocutânea caracterizada por tumores no sistema nervoso e na pele. As neurofibromatoses tipos 1 e 2 são as mais comuns e são entidades distintas. 

A neurofibromatose tipo 1 (NF1), também conhecida como doença de von Recklinghausen, representa cerca de 96% de todos os casos de neurofibromatose e é uma doença autossômica dominante e que apresenta-se com neurofibromas, máculas café com leite, sardas e gliomas ópticos. 

Epidemiologia e fisiopatologia de neurofibromatose 1 

A NF1 é uma doença genética autossômica dominante com prevalência da NF1 é de 1 a cada 2600 a 3.000 nascimentos. Aproximadamente metade dos casos são de herança, principalmente em cromossomos derivados do pai, não havendo distinção de incidência entre os sexos. 

A neurofibromatose tipo 1 é causada por variantes patogênicas no gene NF1 , localizado no cromossomo 17q11.2. Este gene codifica a neurofibromina, uma proteína supressora tumoral que atua nas vias RAS/MAPK e mTOR. 

Manifestações clínicas da neurofibromatose

As alterações da doença parecem seguir uma sequência típica de aparecimento, inicialmente com surgimento das máculas café-com-leite e sardas axilares ou inguinais, seguidos por hamartomas da íris (nódulos de Lisch ) e tumores benignos, os neurofibromas. 

Um achado marcante da doença são as máculas café-com-leite são máculas uniformemente hiperpigmentadas e planas que aparecem durante o primeiro ano após o nascimento e geralmente aumentam em número durante a idade pré-escolar. 

As sardas, também chamadas de efélides, são menores em tamanho do que as máculas café-com-leite, aparecem mais tarde e geralmente ocorrem em aglomerados nas dobras cutâneas, como axilas e região inguinal.

Crédito:  Associação Mineira de Apoio às Pessoas com Neurofibromatoses (AMANF).

Os nódulos de Lisch são hamartomas da íris elevada e de cor bege, que não afetam a visão, e representam um achado específico para NF1. 

Os neurofibromas são as formas mais comuns de tumores benignos, podendo ser cutâneas, mais comuns, além das formas plexiforme e nodulares. Os tumores dérmicos são tumores moles em forma de cúpula, mas também podem se apresentar como pedunculados, nodulares ou semelhantes a placas, geralmente aparecem pouco antes ou durante a adolescência. 

Os neurofibromas plexiformes geralmente estão presentes desde o nascimento e são derivados das bainhas nervosas, associados ao supercrescimento da pele e tecidos moles. Existe um risco de 8% a 13% de neurofibromas plexiformes se desenvolverem em tumores malignos da bainha do nervo periférico. 

Neurofibromas e máculas café com leite em paciente com neurofibromatose 1 (NF1). Crédito: Uptodate
Neurofibroma plexiforme com hipertrofia tecidual em paciente com neurofibromatose 1. Crédito: Uptodate

Os gliomas são o tipo de tumor maligno predominante de neoplasias intracranianas, ocorrem em aproximadamente 15% das crianças aos seis anos de idade. Tumores menos comuns incluem sarcomas, tumores glômicos, malignidades hematológicas e câncer de mama. As displasias ósseas, se presentes, geralmente aparecem durante o primeiro ano do paciente após o nascimento. 

Outros achados relacionados a esta doença incluem alterações neurológicas, como déficits cognitivos, dificuldades de aprendizado, dores de cabeça, convulsões, atrasos no desenvolvimento e macrocefalia. 

#Ponto importante: A hipertensão é um achado frequente em adultos e pode se desenvolver durante a infância. 

Diagnóstico de neurofibromatose 1

O diagnóstico de NF1 é baseado na presença de sinais clínicos característicos, sendo o teste genético não é necessário para fazer o diagnóstico, mas pode ser útil para confirmar o diagnóstico para crianças que não atendem aos critérios diagnósticos ou apenas demonstram máculas café com leite e sardas axilares. 

Dos critérios abaixo, deve ser atendido dois para diagnóstico de neurofibromatose tipo 1, baseado nas manifestações clínicas já descritas acima:

  1. Seis ou mais manchas café com leite, maiores que 5 mm na pré-puberdade e maiores que 15 mm na pós-puberdade
  2. Dois ou mais neurofibromas ou um ou mais neurofibroma plexiforme
  3. Sardas axilares ou na virilha
  4. Glioma óptico
  5. Dois ou mais nódulos de Lisch
  6. Displasia esfenoidal, displasia ou adelgaçamento do córtex de osso longo
  7. Parente de primeiro grau com neurofibromatose tipo 1

Tratamento de neurofibromatose 1

O tratamento é baseado no manejo das manifestações associadas e visam a detecção precoce e o tratamento sintomático das complicações à medida que ocorrem. As manchas café com leite e neurofibromas são benignos e não requerem tratamento, sendo a excisão cirúrgica realizada em lesões sintomáticas, mas pode ocorrer recorrência. 

Pelo potencial maligno dos neurofibromas plexiformes, na suspeita de evolução para malignidade, como dor por mais de um mês, novos déficits neurológicos, mudança do neurofibroma de mole para duro ou rápido aumento de tamanho, devem ser tratadas geralmente com ampla excisão local. No entanto, o imatinibe,  um inibidor da proteína quinase quinase (MEK) ativado por mitogénio, demonstrou diminuir o tamanho do neurofibroma plexiforme e pode ser tentado.

O monitoramento de quaisquer alterações neurológicas ou oftalmológicas devem ser motivo de encaminhamento ao neurologista e oftalmologista, pois podem ser devidas ao desenvolvimento do tumor. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Korf, Bruce R; Lobbous, Mina; Metrock;  Laura K. Neurofibromatosis type 1 (NF1): Pathogenesis, clinical features, and diagnosis. Uptodate
  • Le C, Bedocs PM. Neurofibromatose. [Atualizado em 9 de abril de 2022]. In: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK459329/
  • Mançano AD. Neurofibromatosis type 1. Radiol Bras [Internet]. 2022Jan;55(Radiol Bras, 2022 55(1)). Available from: https://doi.org/10.1590/0100-3984.2022.55.1e2
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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