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Visão geral
O Rivotril, nome comercial do Clonazepam, é uma droga da classe dos ansiolíticos, ele é muito usado em situações psiquiátricas e neurológicas, quando bem indicado é importantíssimo porém, infelizmente, é comum seu uso sem indicação, gerando abuso da substância e até dependência.
Indicações e dosagem do Rivotril
As indicações são diversas, sendo as principais as a seguir:
- Ansiedade;
- Mioclonia;
- O transtorno comportamental do sono REM;
- Epilepsia refratária;
- Discinesia tardia; e
- Vertigem aguda.
As dosagens variam numa faixa de 0,5 mg até 4mg por dia, tudo sendo progredido de acordo com a tolerância do paciente juntamente com o manejo de colaterais e eficácia da medicação.
Contraindicações
As principais contraindicações são:
- Hipersensibilidade a medicação, ou a qualquer um dos componentes da apresentação medicamentosa;
- Pacientes com insuficiência respiratória grave; e
- Pacientes com hepatopatia não devem usar pois a medicação pode deflagrar a encefalopatia hepática.
Efeitos adversos do Rivotril
Vários são os efeitos adversos da medicação, os principais deles são:
- Amnésia retrógrada ou anterógrada;
- Síndrome de abstinência ao se retirar a medicação;
- Ataxia;
- Problemas comportamentais;
- Tontura;
- Sonolência;
- Dismenorreia; e
- Mialgia.
Características farmacológicas do Rivotril
Farmacodinâmica do Principal Nome Comercial
O clonazepam assim como sua classe de benzodiazepínicos age como modulador alostérico positivo, agindo no receptor GABA a, aumentando seu efeito, isso gera um influxo de cloreto para a célula, com isso hiperpolarizando-a. Dessa forma a célula fica menos apta a após um estímulo excitatório disparar uma resposta. Assim “baixando” a capacidade do cérebro de responder a estímulos de maneira global.
Farmacocinética
- Início da ação: 20 a 40 minutos;
- Duração: no máximo 12 horas;
- Metabolização hepática;
- Tempo até concentração de pico é de 1 a 4 horas; e
- Excreção urinária.
Paciente adulto
A recomendação é que seja tomada a medicação antes de dormir à noite, pois assim há a redução na sonolência. Também reduzir a dose ou evitar a medicação em pacientes com desordens respiratórias ou usuários crônicos de opióides.
Paciente pediátrico
Para o paciente pediátrico a dosagem deve ser feita pelo peso, sendo o corte 30Kg, até o corte deve-se usar de 0.01 até 0.03 mg/kg divididos em 2 a 3 doses.
Paciente idoso
Sempre iniciar em mais baixa dose e ir progredindo aos poucos, pois o risco é maior.
Gestantes
O fármaco atravessa a placenta, ainda não existem evidências sólidas dos efeitos no neonato, mas pode causar prematuridade além de baixo peso ao nascer. Inclusive ocorrendo em alguns casos a síndrome de abstinência no recém-nascido. Além disso, a medicação também é encontrada no leite materno.
Advertências e precauções do Rivotril
Deve-se ter precaução ao ingerir tais medicações e realizar atividades como dirigir, cozinhar. Também deve-se evitar o uso em pacientes depressivos com o risco de aumentar os sintomas de hipotimia além de prejudicar o paciente que já se encontra com ideações suicidas. Contraindicado em pacientes com glaucoma de ângulo fechado. Pode causar hiper secreção de saliva.
Interações medicamentosas do Rivotril
A medicação de maneira geral não se dá bem com outras substâncias que deprimem o sistema nervoso central.
Sobredosagem ou intoxicação
Mesmo em altas doses a medicação dificilmente causa morte, deve-se na maioria dos casos oferecer suporte ao paciente com vigilância principalmente da parte respiratória. Caso haja certeza que a intoxicação ocorreu há no máximo 2 horas atrás pode-se fazer a lavagem com carvão ativado. Em caso de depressão profunda do sistema nervoso central considerar o uso do antídoto FLumazenil.
Hora de praticar
Nem sempre é de maneira direta que vemos esse tipo de conhecimento aparecendo nas provas, mas de qualquer forma é muito relevante para conquistar a sua vaga.
2020 ES – HOSPITAL RIO DOCE DE LINHARES – HRD
Um homem de 45 anos é levado ao pronto atendimento pelos familiares com o relato de ter apresentado um episódio de hematêmese. É portador de cirrose hepática e possui varizes de esôfago. Faz uso diário de furosemida, espironolactona, propranolol e clonazepam há 1 semana. Ao exame físico, apresenta-se letárgico, com fala arrastada, desorientado no tempo e no espaço; as mucosas estão coradas, ictéricas e hidratadas. Os dados vitais são PA: 120 X 70mmHg, FC: 61bpm, FR: 13ipm, SpO₂ em ar ambiente 98%. Apresenta aranhas vasculares no tronco. O exame neurológico revela força muscular simétrica e normal; há mioclonias nos membros superiores ao ficarem estendidos. O restante do exame físico não apresenta anormalidades. Exames de laboratório: hemoglobina 13,9g/dL; leucócitos 5.560/mm³; neutrófilos segmentados 4.310/mm³; plaquetas 102.000/mm³; proteína C reativa 3mg/L; creatinina 0,5mg/dL; ureia 12mg/dL; bilirrubina total 1,5mg/dL; bilirrubina direta 0,9mg/dL; bilirrubina indireta 0,6mg/dL; potássio 2,6mEq/L; sódio 131mEq/L. Considerando o caso descrito, assinale a alternativa que apresenta uma condição que NÃO deve ter desencadeado a encefalopatia nesse paciente.
- A) Hemorragia digestiva;
- B) Hipocalemia;
- C) Uso do clonazepam;
- D) Uso do propranolol.
Lembrando que nosso fármaco em questão pode sim deflagrar a encefalopatia em pacientes já hepatopatas. Portanto gabarito: Letra D.
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Referências bibliográficas:
- Brody’s human pharmacology : molecular to clinical / [edited by] Lynn Wecker with David A. Taylor, Robert James Theobald, Jr. Other titles: Human pharmacology Description: Sixth edition. | Philadelphia, PA : Elsevier, Inc., [2019];
- https://www.uptodate.com/contents/clonazepam-drug-information?search=benzodiazep%C3%ADnicos&selectedTitle=1~145&usage_type=panel&display_rank=1&kp_tab=drug_general&source=panel_search_result#F153347 (acessado em 15/10/2022).
- https://www.pexels.com/photo/pile-of-white-spilled-pills-5699514/ (acessado em 18/10/22)
Autor(es), orientador(es), revisor(es)
- Autores: Rafael Franco Ignácio, graduando de medicina.