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Definição
O tecido epitelial (TE) é um dos quatro tipos básicos de tecidos que compõem o organismo humano, junto com o conjuntivo, muscular e nervoso. O termo tecido epitelial foi introduzido pelo anatomista holandês Ruysch no século XVIII, caracterizado pela justaposição das células que revestem superfícies e que secretam moléculas, tendo pouca matriz extracelular (MEC).
Componentes do tecido epitelial
Outra característica importante do TE, que ocorre devido a pouca quantidade de MEC, é a ausência de vascularização própria, dependendo, desta forma, da presença do tecido conjuntivo em sua proximidade. Desta forma, todos os nutrientes, gases e substâncias necessárias para manutenção das células epiteliais dependem do tecido conjuntivo.
A célula epitelial
As células epiteliais são poliédricas o que dá a ela um aspecto tridimensional. A forma das células epiteliais varia muito, desde células colunares altas até células pavimentosas ou achatadas, com todas as formas intermediárias entre essas duas. A forma dos núcleos geralmente acompanha a forma das células. Por exemplo, células cubóides costumam ter núcleos esféricos e células pavimentosas têm núcleos achatados.
Possuem um citoplasma abundante, relacionado com a intensa atividade bioquímica para exercer suas funções de revestimento, lubrificação e absorção, a depender do local. Além disso, realiza vários processos metabólicos como síntese e secreção de moléculas.
#Ponto importante: Uma característica importante é a sua grande capacidade de replicação mitótica, sendo continuamente renovada.
Junções intercelulares
Elas possuem junções celulares, que associado a presença de pouca matriz extracelular, são bem justapostas. Existem alguns tipos de junções com funções diferentes:
- Junções de ancoragem ou adesão: Ex., desmossomos e hemidesmossomos.
- Junções de oclusão: serve não só como locais de adesão, mas eventualmente também como vedantes.
- Junções gap (junções comunicantes): Moléculas de sinalização como AMP e GMP cíclicos, íons e alguns hormônios podem atravessar essas junções, pois elas permitem a passagem de de moléculas com massa molecular de até cerca de 1.500 Da.
Lâmina e membranas basais
Entre as células epiteliais e o tecido conjuntivo subjacente há uma delgada lâmina de moléculas chamada lâmina basal, compostos principalmente por colágeno tipo IV, as glicoproteínas laminina e entactina e proteoglicanos.
Geralmente associada à porção inferior da lâmina basal, há uma camada de fibras reticulares (colágeno do tipo III), a lâmina reticular, que é secretada pelo tecido conjuntivo subjacente. A lâmina basal e a lâmina reticular compõem a membrana basal.
As lâminas basais têm várias funções além da adesão entre o epitélio e o tecido conjuntivo. Ela serve como barreira de filtração seletiva para as substâncias que se movimentam entre esses dois tecidos, regula a proliferação e a diferenciação celular pelo fato de se ligarem a fatores de crescimento.
Projeções celulares
A superfície livre de muitos tipos de células epiteliais apresenta modificações com a função de aumentar sua superfície ou mover partículas. Os microvilos são evaginações digitiformes da superfície apical, com 50 a 100nm de diâmetro e 1 a 3m de comprimento que aumentam a superfície de absorção, ocorrendo em células absortivas, como as do intestino e as do túbulo renal.
Outra modificação que aumenta a sua área de superfície da célula são os estereocílios, prolongamentos longos e imóveis, que, na verdade, são microvilos longos e ramificados.
Os cílios são projeções da superfície apical maiores que os microvilos, cerca de 250nm de diâmetro e 5 a 10m de comprimento, fazendo com que o material na superfície das células seja transportado, como ocorre na traqueia. Já o flagelo é uma estrutura semelhante à do cílio, mas é mais longo (cerca de 55 m) e único na célula. É responsável pela motilidade dos espermatozoides.
Funções do tecido epitelial
Os epitélios são classificados, segundo a sua função, em epitélio de revestimento e epitélio glandular (secretor). Os de revestimento ajudam na proteção, absorção de íons e moléculas (rins e intestino), percepção de estímulos (ex., neuroepitélio olfatório e o gustativo.
Elas revestem tanto as superfícies internas ou externas de órgãos, como também o corpo quase inteiro, através das mucosas e pele. Uma vez que as células epiteliais revestem todas as superfícies externas e internas, tudo oque entra ou deixa o corpo deve atravessar um folheto epitelial.
A secreção também é uma importante função do tecido epitelial, principalmente através de células epiteliais que se reúnem para constituir estruturas especializadas em secreção, as glândulas. Algumas células epiteliais, como as células mioepiteliais, são capazes de realizar contração.
Tecido epitelial de revestimento
O tecido epitelial de revestimento pode ser descrito como o tecido que reveste as cavidades internas e as superfícies externas do organismo. O epitélio de revestimento é classificado segundo a forma das células e o número de camadas celulares. A morfologia das células são divididas em:
- Pavimentosas: células achatadas (grande largura e pequena altura) e com núcleos também achatados
- Cúbicas: altura e largura semelhantes com núcleo arredondado e centralizado na célula
- Colunares (cilíndricas ou prismáticas): células alongadas (pequena largura e grande altura), apresentando o núcleo também alongado acompanhando a forma da célula.
Considerando-se o número de camadas, os epitélios de revestimento podem ser simples, como uma única camada epitelial, ou estratificados, duas ou mais camadas. Por exemplo, se as células de um epitélio simples forem pavimentadas, ele é denominado epitélio simples pavimentoso.
Tecido epitelial glandular
O tecido epitelial glandular, também chamado de secretor, é derivado epitélio de revestimento, diferenciando-se durante o desenvolvimento embrionário, tendo como função a produção e secreção de substâncias variadas para o meio externo ou superfície de órgãos ou ainda de hormônios lançados na corrente sanguínea.
As glândulas exócrinas lançam a secreção para a superfície do órgão ao qual aquela glândula está associada, exercendo suas funções neste local, como ocorre com as glândulas sudoríparas e sebáceas da pele, glândulas gástricas do estômago ou glândulas uterinas do útero.
As glândulas endócrinas não tem associação com um epitélio de revestimento e sua secreção será lançada na corrente sanguínea, exercendo sua ação em outros órgãos distantes do local de produção. As secreções das glândulas endócrinas são chamadas de hormônios, que podem ser proteínas, esteróides ou derivados de aminoácidos.
Veja também:
- Câncer de Pele: o que é, tipos e muito mais
- Resumo de carcinoma basocelular: manifestações clínicas, diagnóstico, tratamento e mais
Referências bibliográficas:
- DE ROBERTIS, E. M. F.; HIB, J. De Robertis Bases da Biologia celular e molecular. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. pp. 82-83
- Junqueira, Luiz Carlos Uchoa, 1920-2006. Histologia básica I L.C.Junqueira e José Carneiro. – [12.ed]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
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