A residência médica de Oftalmologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) é uma das mais concorridas do país, atraindo candidatos de todas as regiões. Conhecido pelo alto volume cirúrgico, pela variedade de casos e pela estrutura de ponta, o programa forma especialistas completos, capazes de atuar tanto na Oftalmologia geral quanto em subespecialidades.
Para entender melhor a estrutura e as particularidades da residência médica em Oftalmologia do HGF, conversamos com o Dr. Leonardo Albuquerque, ex-residente do serviço e que está atualmente cursando fellowship de Retina e Vítreo na instituição. Siga no texto e confira como foi sua experiência durante e após os anos de residência!
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Estrutura do hospital
O HGF é o maior hospital do Ceará e um dos mais importantes do Brasil. Embora seja referência nacional em Neurologia, também se destaca na Oftalmologia, contando com equipamentos de primeira linha, comparáveis aos melhores serviços particulares. O ambulatório conta com salas de atendimento, além de espaços dedicados a exames como ultrassonografia, tomografia de coerência óptica e retinografia.
O centro cirúrgico funciona praticamente todos os dias, de manhã e à tarde, e em alguns dias com duas salas simultâneas, graças à disponibilidade de dois microscópios cirúrgicos. A infraestrutura contempla praticamente todas as áreas da Oftalmologia: catarata, córnea, retina, estrabismo, oftalmopediatria e visão subnormal, com procedimentos que vão desde o básico até cirurgias de alta complexidade, como transplantes de córnea.
O hospital também mantém um Banco de Olhos ativo, responsável por captar, preparar e distribuir córneas para transplantes dentro e fora do HGF. Recentemente, houve um aumento expressivo no número desses procedimentos, com melhorias na captação e na disponibilidade de tecidos.
Rotina através dos anos
A residência dura três anos, com quatro vagas anuais. A integração entre os residentes de diferentes anos é próxima e colaborativa, o que facilita o aprendizado. Confira abaixo os principais pontos de cada ano do programa:
- R1: o foco está na base da Oftalmologia e no desenvolvimento de habilidades manuais iniciais, como manuseio do microscópio, suturas e pequenas cirurgias (pterígio, tumores palpebrais, injeções intravítreas). O R1 também assume parte da burocracia do serviço, como organização do mapa cirúrgico e acompanhamento de pacientes internados;
- R2: é o momento de evoluir tecnicamente, com cirurgias mais complexas, como a facectomia extracapsular em cataratas densas. É nesse período que muitos residentes consolidam sua paixão pela especialidade, ao vivenciar resultados imediatos e transformadores na vida dos pacientes; e
- R3: com menor carga burocrática, o residente atua em cirurgias mais complexas e em maior volume. Também pode assumir responsabilidades como plantões noturnos eventuais e maior participação no treinamento dos mais novos.
A hierarquia existe, mas é pautada pelo respeito e proximidade. Não há barreiras formais de comunicação com os chefes de serviço, que participam ativamente do ensino.
Carga horária e trabalho externo
A carga horária gira em torno de 60 horas semanais, mas com variações conforme o rodízio. Sempre há pelo menos um turno livre fixo na semana, o que permite que alguns residentes façam trabalhos externos, como plantões noturnos.
Os finais de semana costumam ser livres, exceto quando há pacientes internados sob responsabilidade do R1 ou cirurgias eletivas eventuais. O HGF não possui pronto-socorro de Oftalmologia, o que reduz a imprevisibilidade da rotina.
Parte teórica
A formação teórica é intensa. Há aulas diárias cobrindo todas as subáreas da Oftalmologia — catarata, retina, córnea, estrabismo, oftalmopediatria, entre outras — com cronogramas próprios. As aulas podem ser ministradas por staffs ou pelos próprios residentes, incentivando o estudo e a didática.
As avaliações internas acontecem de duas a três vezes por ano, com provas teóricas (muitas vezes iguais para todos os anos, reforçando a revisão de conteúdos) e, eventualmente, provas práticas. Esse sistema serve também como preparação para a prova de título, que, embora não seja obrigatória para quem conclui residência credenciada pelo MEC, funciona como um diferencial em concursos e seleções.
Produção científica e congressos
O serviço valoriza a produção científica. O trabalho de conclusão de residência pode ser apresentado como artigo científico e há incentivo para publicação e participação em congressos, como o Congresso Cearense de Oftalmologia. Os residentes também participam de concursos de imagens e de apresentações orais e pôsteres, mantendo-se atualizados com as novidades da especialidade.
Subespecialização e caminhos pós-residência
Embora seja possível atuar como oftalmologista geral ao concluir o programa, a tendência atual é seguir para uma subespecialização, com duração de um a dois anos, dependendo da área. No HGF, há fellows em áreas como retina e vítreo, córnea e transplantes, entre outros. Algumas áreas, como catarata, não têm fellowship formal, pois a formação do R3 já é considerada suficiente.
Pontos fortes e possíveis melhorias
O grande diferencial do HGF é o volume e a diversidade de casos, que expõem o residente a situações comuns e também a doenças raras, aumentando a segurança para atuar em qualquer cenário. A estrutura tecnológica é de ponta, com equipamentos de alto valor, muitos obtidos por doações internacionais.
O ponto que ainda pode melhorar é o espaço físico para o ambulatório, que por vezes fica sobrecarregado. Existe, porém, a perspectiva de expansão com novas salas.
Descubra mais sobre como é o programa de residência médica em Oftalmologia do HGF com o bate-papo “Vida de Residente” entre o Dr. Guilherme Cardoso e o Dr. Leonardo Albuquerque, que concluiu a sua formação na instituição.
Para ingressar na Residência no HGF, é necessário prestar a prova de residência médica do Enare. Clique no botão abaixo para saber mais sobre:
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