Iniciar a residência médica é um dos momentos mais transformadores na vida de qualquer médico recém-formado. As primeiras semanas, em especial, são intensas, marcadas por descobertas, inseguranças e adaptações. Para quem está chegando agora nesse universo, entender o que esperar pode ajudar a tornar esse processo menos assustador.
A professora Ana Luiza Viana, do Estratégia MED, conversou com a Dra. Polyana, médica formada pela Universidade do Estado do Pará e residente do primeiro ano de Neurologia na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), para entender como são as primeiras semanas da residência médica em uma especialidade clínica.
No bate-papo, elas abordaram os principais desafios da adaptação a uma nova instituição, a rotina intensa de atendimentos logo nos primeiros dias, além de compartilhar dicas práticas sobre acolhimento, saúde mental, estudos e convivência com a equipe. Uma conversa essencial para quem está prestes a iniciar essa fase tão marcante da vida médica. Confira!
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Desafios iniciais, adaptação e acolhimento
Logo nos primeiros dias, o residente se vê diante de uma realidade completamente nova: novo hospital, novos colegas, novos fluxos, sistemas e uma rotina bem diferente da que viveu na graduação. Essa fase de adaptação é desafiadora, especialmente para quem está em uma cidade nova e numa instituição desconhecida. Tudo parece estranho no começo e é normal se sentir um pouco perdido.
Uma estratégia que pode ajudar bastante nesse início são os encontros de acolhimento oferecidos por muitas instituições. Eles acontecem dias antes do início oficial da residência e são momentos importantes para entender melhor como será a rotina, quais plantões estarão envolvidos, como funcionam os sistemas, além de já começar a criar vínculo com os novos colegas.
Outro ponto que tranquiliza é saber que, geralmente, a maioria dos residentes está passando pela mesma situação. Em especialidades como Neurologia, por exemplo, é comum que muitos venham de fora da instituição, ou até de outros estados. Isso faz com que todos estejam em igualdade, construindo juntos esse novo começo.
Primeiros atendimentos, rotina intensa e aprendizado guiado
Do ponto de vista prático, o início da residência envolve bastante aprendizado técnico e operacional. Sistemas de prontuário eletrônico, organização de ambulatórios, rotinas de enfermaria — tudo é novidade. Mesmo assim, o residente já começa colocando a mão na massa desde os primeiros dias. Atendimentos ambulatoriais e plantões começam cedo, mas sempre com supervisão. Os residentes mais antigos e os chefes de equipe costumam ser muito acessíveis e compreensivos com quem está começando. Eles sabem que o começo é difícil e, por isso, ajudam a guiar esse processo com paciência.
É fundamental ter humildade nesse momento. Por mais que o residente tenha se dedicado intensamente ao longo dos anos de graduação e estudos para a prova, a residência é uma nova fase, com novos conhecimentos. Reconhecer que há muito a aprender, admitir quando não sabe algo e buscar ajuda são atitudes essenciais para um desenvolvimento sólido e saudável.
Cuidar de si também faz parte da residência
Além do desafio técnico, existe também o impacto emocional. Estar longe da família, construir uma nova rotina e lidar com responsabilidades crescentes podem ser fontes de estresse. Por isso, é importante manter hábitos que promovam bem-estar: fazer terapia, praticar atividade física, manter uma alimentação equilibrada e buscar momentos de lazer.
Outro cuidado importante é não se cobrar exageradamente nas primeiras semanas. Muitos chegam com a expectativa de manter o mesmo ritmo de estudos da época de preparação para as provas, mas isso nem sempre é viável. O cansaço físico e emocional do dia a dia acaba impactando a produtividade. Mais do que estudar longas horas, vale aproveitar ao máximo os aprendizados práticos durante os rodízios e plantões. A rotina intensa exige adaptação, e essa adaptação leva tempo.
Vale também reforçar que a residência é um espaço de formação, não de perfeição. Ninguém espera que o residente saiba tudo logo no início e o erro faz parte do aprendizado. O mais importante é manter-se aberto, disposto a aprender, cultivar boas relações com os colegas e buscar ajuda sempre que necessário.
Confie no processo
Para quem está iniciando essa jornada agora, o mais importante é ter paciência com o processo. Com o tempo, tudo começa a se encaixar. A rotina se torna mais familiar, o sistema mais fácil de usar, os espaços do hospital mais conhecidos e os vínculos com colegas e preceptores se fortalecem. Aos poucos, a residência deixa de ser um desafio assustador para se tornar uma fase intensa, rica e recompensadora.
Essa é uma etapa que exige entrega, mas também pode ser muito gratificante. Por isso, cuide da sua saúde física e mental, vá com humildade e disposição para aprender, e não se esqueça de aproveitar também a jornada — não apenas o destino final.
Confira neste bate-papo exclusivo entre a Profª Ana Luiza Viana, do Estratégia MED, e a Dra. Polyana, residente do primeiro ano de Neurologia na Unifesp, tudo sobre como é a adaptação nos primeiros dias da residência e muito mais!
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