Revoltante, desumano, inacreditável. Essas foram algumas das palavras utilizadas por participantes para descrever a segunda etapa Revalida 2021
Médicos estrangeiros e brasileiros que se graduaram em outro país, fazem a segunda etapa da edição 2017 do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira (Revalida).

Revoltante, desumano, inacreditável. Essas foram algumas das palavras utilizadas por participantes para descrever a segunda etapa Revalida 2021

No último final de semana, dias 18 e 19 de dezembro de 2021, ocorreu a segunda etapa Revalida Inep 2021. A prova foi constituída por dez estações de habilidades clínicas, cada uma com a duração de dez minutos para realizar as atividades pedidas pelo Chefe da Estação, segundo o edital. Contudo, o exame que deveria durar dois dias, foi estendido, já que os candidatos de Belo Horizonte, por exemplo, só começaram a realização da etapa às 5 horas da manhã do dia 20 de dezembro.

Como consequência dos acontecimentos, os candidatos, fiscais e atores, presentes nos dias de realização das provas, estão se manifestando pelas redes sociais. A abertura dos portões para o segundo período do exame aconteceu às 16h e o início das provas deveria ser às 17h, mas não foi o ocorrido. Em Belo Horizonte, foram mais de 12 horas de espera para realizar a prova. O mesmo ocorreu em Porto Alegre, onde, segundo relatos, os atores das estações chegaram a abandonar o local da prova por conta do horário excedido

Por isso, o Estratégia MED separou mais relatos sobre o “Revalida: a experiência de Round Six na faculdade de medicina”, como disse um tweet de 19 de dezembro de 2021. Para entender melhor como foi a experiência de quem passou horas para a realização do exame, acompanhe o texto.

Antes de tudo, a revalidanda Thamyres Souza Areia questiona: “gostaria de fazer uma pergunta, para você que é médico. Você se submeteria a fazer uma prova às 3 horas da manhã depois de ficar trancado em um ambiente cheio, quente e que a gente ainda tem uma pandemia acontecendo?”. Esse foi o cenário que centenas de revalidandos ao longo do país tiveram que enfrentar nos dias 18, 19 e também 20 de dezembro, já que a prova se estendeu.

Além de terem seu desempenho na prova comprometido e serem afetados fisicamente e psicologicamente, muitos candidatos tiveram problemas de não ter como voltar para casa. Maria Clara (nome fictício) desabafou em um comentário no Instagram: “eu estou arrasada… não consigo parar de chorar! Não consegui voltar para casa, sou de Rondônia e perdi o voo. Nem sei explicar o que estou sentindo”.

Os candidatos não foram os únicos prejudicados nesse exame, toda a equipe de aplicação, desde chefes de estação até pacientes simulados relataram as dificuldades passadas.

“Estamos exaustos, tristes, nos sentindo violados. Nós pacientes simulados, câmeras, chefes de estação estamos todos esgotados. Foi uma carga de trabalho de mais de 12 horas, tinham alguns pacientes que precisaram passar o dia convulsionando ou respirando profundamente como se estivessem passando mal, fazendo com que o corpo, em alguma hora, realmente começasse a responder daquela forma. Tive uma amiga com crise de vômito, outra que desmaiou e uma que dormiu enquanto era atendida, pois já não aguentava mais. Isso foi de uma crueldade sem tamanho, foi degradante, foi humilhante”, conta Luiza Souza (nome fictício).

Já em São Luís do Maranhão, os atores denunciaram a falta de remédios e atendimento: “(…) isso para uma prova que custa 3 mil reais e não tem o mínimo de suporte para que as pessoas façam e trabalhem nessa prova sem estar num nível degradante de exploração humana”.

Até mesmo o Teatro Mineiro, instituição de onde diversos atores foram contratados, se pronunciou diante da situação. Em sua denúncia, o Teatro alegou que a comida servida pela organização do evento estava azeda e muitos artistas passaram mal, sem contar a jornada de trabalho, que foi muito além do esperado. Além disso, ocorreram diversos outros problemas, como falta de ventilação, atendimento, falta de protocolos contra a Covid-19, entre outros.

As representações sobre como foi a 2ª etapa do Revalida 2021 foram de: “(…) nem o meu plantão mais longo foi tão ruim e tão humilhante quanto dia 18 e 19 de dezembro” até: “nunca mais eu trabalho com o Revalida na vida, foram 16 horas de tortura e humilhação”. Porém, é importante ressaltar que o problema dessa etapa não foi a prova, em seu vídeo, Thamyres conta que o conteúdo em si estava coeso e justo, o que não cumpriu com o esperado foi o descaso e desorganização da prova.

Você pode conferir mais relatos como esses abaixo:

Nessa matéria utilizamos nomes fictícios para assegurar a privacidade dos candidatos. Se você quiser saber mais sobre o assunto e receber em primeira mão as diversas atualizações do Revalida, continue acessando o Portal EMED.

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Texto produzido com colaboração de Beatriz Testa, Giullyana Aya e Erika Coelho

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