ResuMED de estruturas oculares: córnea e cristalino

ResuMED de estruturas oculares: córnea e cristalino

A oftalmologia é uma área rica e densa. Após nosso primeiro texto dando uma pincelada a respeito das principais estruturas oculares e sua fisiologia, iremos falar a respeito da córnea e cristalino. As patologias que englobam essas duas partes do olho estão entre as mais cobradas nas provas de residência! Leia a seguir e vamos explorar os temas da oftalmologia. 

Córnea

A córnea é a principal estrutura da túnica anterior do olho. Trata-se de região transparente anterior do bulbo, rica em colágeno e bastante resistente. A córnea apresenta cinco camadas se realizamos um corte transversal: 

  • Epitélio; 
  • Membrana limitante anterior (Bowman);
  • Estroma;
  • Membrana limitante posterior (Descemet); e
  • Endotélio. 

Por ser um tecido avascular, apresenta recuperação dificultosa. Entretanto, apresenta rica inervação pelas fibras do ramo oftálmico do nervo trigêmeo (V par craniano). 

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Ectasia corneana

As ectasias corneanas são patologias que cursam com afinamento e protusão da córnea. 

As principais doenças relacionadas ao tema são:  

  1. Ceratocone;
  2. Degeneração Marginal Pelúcida; e
  3. Ceratoblobo.

Ceratocone

O ceratocone é uma doença de característica progressiva, na qual a córnea assume um formato de cone por consequência do afilamento de seu estroma. Um dos principais fatores de risco é a história familiar. 

Apresenta associação com diversas patologias sistêmicas: 

  • Síndrome de Down.
  • Síndrome de Turner.
  • Síndrome de Ehlers-Danlos.
  • Síndrome de Marfan.
  • Osteogênese imperfeita.
  • Prolapso da valva mitral. 

O quadro clínico é caracterizado por perda progressiva de visão, o que leva a alterações de prescrição de óculos cada vez mais frequentes. Isso pode, em geral, levar a piora da qualidade de vida do paciente, porém, por serem alterações insidiosas, o diagnóstico pode demorar a ser realizado. 

Também podemos observar alguns sinais clínicos característicos como: 

  • Estrias de Vogt: linhas de tensão vertical na córnea;
  • Sinal de Munson: saliência da pálpebra inferior em infraversão;
  • Reflexo em tesoura: reflexo retinoscópico irregular; e 
  • Anel de Fleischer: depósito de ferro na base do cone.

O tratamento envolve o uso de óculos ou a realização de procedimentos que corrigem a visão do paciente. O mais importante é a orientação ao paciente de não esfregar os olhos de forma alguma. Esse tipo de atrito pode acarretar na piora e progressão da doença. 

Distrofias da córnea

As distrofias corneanas fazem parte de grupo de patologias, na qual de forma progressiva e bilateral evoluem com perda da transparência corneana. Em geral, são doenças não inflamatórias e determinadas geneticamente.

A principal distrofia a qual iremos enfatizar é a distrofia endotelial de Fuchs. Trata-se de uma doença que acomete o endotélio corneano, que como vimos anteriormente é a camada mais profunda da córnea. Ela evolui com edema estromal e progride em direção a superfície da córnea com formação de bolhas ou microbolhas. 

Seu principal sintoma é a visão borrada, pior ao acordar. O tratamento inclui, principalmente, evitar progressão da doença com colírios hiperosmóticos e colírios hipotensores. Em casos mais avançados podemos oferecer o transplante de córnea como ótima alternativa. 

Cristalino

O cristalino é uma lente transparente e biconvexa localizada atrás da pupila. Trata-se de um tecido avascular com um poder refrativo de aproximadamente +20 dioptrias. Podemos dividir histologicamente o cristalino em: cápsula, epitélio e fibras lenticulares. 

As principais patologias associadas ao cristalino são relacionadas a degeneração e perda de sua transparência. Dentre as causas de cegueira no mundo temos as cataratas como a principal. Iremos expor agora o diagnóstico e como manejar os tipos de catarata que mais caem nos processos seletivos de residência. 

Catarata senil

A catarata senil está associada ao envelhecimento e degeneração das fibras do cristalino. Por características intrínsecas, o cristalino não apresenta a capacidade de renovação e, dessa forma, vai se degenerando. Ao perder sua transparência e tornar-se cada vez mais opaco, há perda progressiva da visão. 

Os principais fatores de risco associados são: 

  1. Tabagismo; 
  2. Radiação ultravioleta; e
  3. Etilismo. 

Os sinais e sintomas relacionados com a catarata senil são: 

  • Borramento ou perda de visão; 
  • Percepção diminuída para cores; e 
  • Visão “nublada ou enevoada”.

Do ponto de vista anatômico, nós podemos dividir as cataratas a depender da localização da opacificação do cristalino: 

  1. Nuclear: o tipo mais comum. Associado a perda de visão para longe mais do que para perto.
  2. Cortical: tipo mais brando de catarata, associado a comprometimento de ofuscamento ou borramento.
  3. Subcapsular posterior: associada a perda de visão para perto do que para longe. Em geral, relacionado a pacientes com diabéticos e usuários de corticoide.

O tratamento da catarata senil é a correção cirúrgica. Trata-se de uma cirurgia de caráter eletivo e deve ser indicada quando a diminuição da visão incorre em perda de qualidade de vida. Na ocorrência de catarata bilateral, devemos realizar o procedimento em cada olho espaçado por algumas semanas. 

O procedimento cirúrgico consiste na remoção do cristalino doente e implantação de lente intraocular,  no mesmo tempo cirúrgico. 

Catarata congênita

A catarata congênita é a opacidade do cristalino que já está presente logo ao nascimento. Pode ocorrer de forma unilateral ou bilateral. Ela se constitui como a principal causa de deficiência visual da infância. 

A etiologia da catarata congênita é diversa, podendo ser: 

  • Idiopática: a mais comum. 
  • Hereditária: em geral, de caráter autossômica dominante.
  • Associada a alterações metabólicas sistêmica: galactosemia, Síndrome de Lowe e Doença de Fabry.
  • Associada a infecções intrauterinas: Rubéola congênita, Toxoplasmose, infecção por citomegalovírus e Varicela.

O diagnóstico e tratamento devem ser feitos rapidamente já que as consequências para aquele recém-nascido podem ser importantes! Por isso, temos instituído como parte de exames nas primeiras semanas de vida o teste do reflexo vermelho. 

Em caso de teste do reflexo vermelho alterado, devemos suspeitar como principal causa a catarata congênita. 

O tratamento, assim como nos adultos, consiste em procedimento cirúrgico com remoção do cristalino doente e implantação de lente intraocular. 

A cirurgia, entretanto, ocorre em dois tempos nas crianças. A retirada deve ser feita entre 4 a 6 semanas de vida e a colocação da lente após o segundo ano de vida. 

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Veja também:

Referências bibliográficas

Universidade Estadual de São Paulo (UNESP)

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