ResuMED de fisiologia da hipófise

ResuMED de fisiologia da hipófise

Quando vamos estudar endocrinologia, sempre estaremos estudando sistemas complexos e relações de feedback, nas quais há sempre participação do sistema nervoso central. No capítulo de hoje de resumos iremos explorar a fisiologia da hipófise: o órgão responsável por reger grande parte do nosso organismo e a produção de diversos hormônios! Venha conosco nessa viagem endocrinológica. 

Fisiologia da hipófise

A hipófise é um órgão localizado no sistema nervoso central dentro de uma estrutura óssea denominada sela túrcica, apresenta íntima relação com o quiasma óptico. 

Em realidade, a hipófise é a junção de dois órgãos que em sua função e origem embriológica são bastante diferentes: a adeno hipófise e a neuro hipófise.

Oriunda da ectoderme oral, a adeno hipófise é composta de diversas células distintas e com produção de diversos hormônios. Vamos citá-los e explicar suas vias específicas a seguir: 

  • Gonadotrofos: células responsáveis pela produção de FSH e LH (hormônio folículo estimulante e hormônio luteinizante, respectivamente).
    – Sua principal função está relacionada a estimular a produção de esteroides sexuais e da ovulação e espermatogênese.

  • Somatotrofos: células responsáveis pela produção de GH (hormônio do crescimento).
    – Sua principal função está relacionada ao estímulo da produção e formação de IGF1 no fígado. Acabam por também aumentar a resistência periférica à insulina e disponibilizam ácidos graxos para gliconeogênese.

  • Lactotrofos: células responsáveis pela produção de prolactina.
    – Sua principal função está relacionada à lactação e galactopoiese. Importante ressaltar que seu aumento acaba por inibir a libido. 

  • Tireotrofos: células responsáveis pela produção de TSH (hormônio tireoestimulante).
    – Sua principal função está relacionada ao estímulo por parte da tireoide em produzir T3 e T4, o hormônio tireoidiano em sua forma ativa.

  • Corticotrofos: células responsáveis pela produção de ACTH (hormônio adrenocorticotrófico).
    – Sua principal função está relacionada a estimular o córtex adrenal em produção de cortisol e esteroides sexuais). Em menor escala, ele acaba estimulando a produção de aldosterona, a qual está mais relacionada com o sistema renina-angiotensina-aldosterona. 

Por outro lado, oriunda da neuroectoderme nós temos a neuro hipófise que tem como principal função a produção e liberação de dois hormônios. Em realidade, tais hormônios são produzidos pelo hipotálamo e apresentam liberação pela neurohipófise. São eles:

  • Vasopressina (ADH): o hormônio antidiurético apresenta função em expressar genes nos ductos coletores a fim de aumentar a quantidade de aquaporinas, canais que reabsorvem água. Também apresenta ação periférica em vasos com função de vasoconstrição.

  • Ocitocina: hormônio relacionado à estimulação de contração de células musculares lisas no tecido mamário e tecido uterino. Dessa forma, funcionam como estimulantes da ejeção do leite e também acabam por estimular a contração uterina. 

Hipopituitarismo

O hipopituitarismo é a condição clínica, na qual há deficiência de pelo menos um dos hormônios produzidos e/ou secretados pela hipófise. No caso de situações patológicas em que há ausência de produção dos seis hormônios da hipófise anterior, denominamos pan-hipopituitarismo. 

Obviamente, a apresentação clínica irá estar intrinsecamente relacionada ao hormônio que estiver em quantidades deficitárias. Também devemos ressaltar que poucos desses hormônios tem ação própria, e são responsáveis por estimular a produção de outros hormônios em outros órgãos. Iremos comentar agora sobre os principais sinais e sintomas encontrados: 

  • Hipogonadismo hipogonadotrófico: baixo nível de FSH e LH juntamente a baixo estradiol e baixa testosterona.
    – Ocorrendo na puberdade: ausência de caracteres secundários e do estirão de crescimento juntamente a amenorreia primária e testículos com volume menor a 4ml.
    – Ocorrendo em adultos: falência ovariana primária e infertilidade, juntamente a diminuição da densidade mineral óssea.
  • Deficiência de hormônio do crescimento: diagnosticado com testes de estimulação do GH.
    – Ocorrendo na infância: baixa estatura.
    – Ocorrendo em adultos: perda de massa muscular e aumento do tecido adiposo, aumento de fraturas e aumento do risco cardiovascular.

  • Insuficiência adrenal secundária: baixo cortisol
    – O hipocortisolismo gera fraqueza, adinamia, mialgia, hipoglicemia e hipotensão.

  • Hipotireoidismo secundário: TSH baixo com T4 baixo
    – Os sintomas são semelhantes ao hipotireoidismo com fadiga, pele seca, anemia, derrames cavitários, hipertensão arterial diastólica. Não iremos encontrar bócio já que não há estimulação do TSH.

  • Deficiência de prolactina: incapacidade de amamentar após o parto com ausência de produção de leite.

  • Diabetes insipidus central: queda do ADH
    – A deficiência de ADH gera o quadro clínico de diabetes insipidus de origem central. O quadro clínico envolve poliúria com osmolaridade urinária é baixa. Em geral, encontramos hipernatremia associada. 

Etiologias de hipopituitarismo

Na população adulta, temos que as causas mais frequentes são relacionadas a lesões diretas da hipófise ou por efeito de massa. Citaremos algumas etiologias clássicas agora que podem cair no seu processo seletivo: 

  • Efeito de massa: neoplasias, macroadenomas hipofisários; 
  • Lesão cerebral: trauma, AVC, HSA;
  • Infarto: Síndrome de Sheehan, apoplexia hipofisária;
  • Autoimune: hipofisite;
  • Doenças infecciosas: bacterianas, virais ou fúngicas;
  • Uso de medicamentos: interferon alfa, ribavirina, inibidores de checkpoint
  • Doenças infiltrativas: sarcoidose, hemocromatose, Granulomatose de Wegener.

Macroadenoma hipofisário

Das causas de hipopituitarismo, a que mais irá cair na sua prova será o macroadenoma. Isso ocorre porque ele apresenta uma relação anatômica importante com o quiasma óptico e, em sua grande maioria, apresenta características específicas interessantes. 

O macroadenoma hipofisário pode ser funcionante ou não. Entretanto, muitos deles irão se apresentar clinicamente com hiperprolactinemia. Isso ocorre, pois há um estímulo negativo da dopamina na produção e secreção de prolactina. Com efeito de massa comprimindo esses neurônios dopaminérgicos, podemos ter quadros clínicos de aumento de prolactina. 

Outro fator interessante é sua relação com o quiasma óptico. 

Por efeito compressivo de massa, nós podemos observar quadros clínicos de hemianopsia bitemporal, que se caracteriza por perda da visão periférica de forma bilateral, pois essas vias ópticas passam pelo centro do quiasma. 

O tratamento desses macroadenomas também são fruto de discussão e questões. Nem sempre são cirúrgicos! Por vezes, a melhor opção é a introdução de um agonista dopaminérgico. O que faz sentido pela nossa explicação, já que a dopamina tem efeito antagonista na produção de prolactina. Os medicamentos de escolha são a bromocriptina e a cabergolina.

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Referências bibliográficas

Instituto de Ciências Biológicas – USP

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