Resumo de Maio Roxo: história, prevenção e mais!
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Resumo de Maio Roxo: história, prevenção e mais!

Olá, querido doutor e doutora! As Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, representam um desafio crescente para a saúde pública, especialmente entre jovens adultos. O Maio Roxo surge como uma campanha estratégica para ampliar o conhecimento, reduzir estigmas e promover o diagnóstico precoce. Este texto reúne informações sobre causas, sintomas, tratamento e direitos garantidos por lei. A conscientização é uma ferramenta poderosa para transformar o cuidado com essas condições crônicas.

As DIIs não têm cura, mas com tratamento adequado, é possível viver com qualidade e dignidade.

Conceito 

O Maio Roxo é uma campanha de saúde voltada para a conscientização das Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), com foco principal na doença de Crohn e na retocolite ulcerativa. Criada para dar visibilidade a essas condições muitas vezes silenciosas e subdiagnosticadas, a iniciativa busca informar a população, reduzir preconceitos e incentivar o diagnóstico precoce.

A escolha do mês de maio está alinhada ao Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal, celebrado em 19 de maio, enquanto o roxo foi adotado como cor-símbolo por representar solidariedade, empatia e dignidade frente aos desafios vividos pelos pacientes.

História do Maio roxo  

A origem do Maio Roxo está ligada a uma mobilização internacional voltada para ampliar o conhecimento sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs). A iniciativa ganhou força a partir da criação do World IBD Day, celebrado anualmente em 19 de maio, uma data promovida por organizações de pacientes ao redor do mundo, com apoio de entidades médicas e científicas.

No Brasil, o movimento foi incorporado ao calendário de campanhas de saúde pública como uma estratégia para quebrar o silêncio em torno das DIIs, que historicamente enfrentaram estigmas e diagnósticos tardios. A cor roxa foi escolhida por simbolizar a sensibilidade e o cuidado com o sofrimento invisível dessas condições, reforçando a importância do acolhimento e do suporte ao paciente.

Com o passar dos anos, o Maio Roxo passou a envolver ações institucionais, eventos comunitários, iluminação de monumentos e espaços públicos, além de uma presença crescente nas mídias digitais. A campanha tornou-se um marco para incentivar o diálogo sobre sintomas gastrointestinais, promover o acesso ao diagnóstico especializado e estimular políticas públicas que garantam tratamento contínuo e humanizado.

Estatísticas das DIIs 

As Doenças Inflamatórias Intestinais têm apresentado crescimento significativo em prevalência nas últimas décadas, especialmente em países em desenvolvimento, como o Brasil. Estimativas apontam que mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo convivem com algum tipo de DII, sendo as mais comuns a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

No cenário nacional, a média é de 100 casos a cada 100 mil habitantes, com uma maior concentração de diagnósticos nas regiões Sul e Sudeste. Além disso, há um aumento contínuo de novos casos, o que reflete tanto uma maior conscientização sobre os sintomas quanto o avanço na capacidade diagnóstica dos serviços de saúde.

Outro dado relevante é que as DIIs costumam surgir entre os 15 e 40 anos, impactando a população jovem e economicamente ativa. Contudo, há registros crescentes em faixas etárias mais avançadas, incluindo idosos acima dos 60 anos.

Em termos de impacto, pacientes com DIIs têm maior risco de hospitalizações, intervenções cirúrgicas e complicações nutricionais. Estudos também indicam um risco aumentado para câncer colorretal em casos crônicos não controlados.

Fatores de risco e causas associadas às DIIs 

As Doenças Inflamatórias Intestinais não têm uma causa única bem definida, mas são resultado de uma interação complexa entre predisposição genética, resposta imunológica alterada, fatores ambientais e disbiose intestinal. Essa interação contribui para um desequilíbrio no sistema imune da mucosa intestinal, levando ao processo inflamatório crônico característico das DIIs.

Predisposição genética

Pessoas com histórico familiar de doença de Crohn ou retocolite ulcerativa apresentam maior chance de desenvolver DIIs. Diversos genes já foram identificados como relacionados à regulação da barreira epitelial, reconhecimento de microrganismos e modulação da resposta inflamatória.

Disbiose e barreira intestinal

Alterações na composição da microbiota intestinal e aumento da permeabilidade da mucosa favorecem o contato de antígenos com o sistema imune, desencadeando respostas inflamatórias anômalas. Esse fenômeno contribui diretamente para a manutenção da inflamação nas DIIs.

Fatores ambientais

Diversos elementos do estilo de vida moderno estão associados ao aumento da incidência dessas doenças:

  • Tabagismo: aumenta o risco de doença de Crohn e piora sua evolução, embora possa ter efeito oposto na retocolite ulcerativa.
  • Dieta ocidentalizada: rica em ultraprocessados, açúcares e gorduras saturadas, pode influenciar negativamente a microbiota e o sistema imune.
  • Estresse crônico e distúrbios emocionais: podem atuar como desencadeadores ou agravantes das crises.
  • Uso prolongado de antibióticos e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs): altera a flora intestinal e pode favorecer o surgimento ou piora dos sintomas.
  • Infecções gastrointestinais prévias: em algumas pessoas geneticamente suscetíveis, podem agir como gatilhos iniciais da inflamação.

Diferenças entre doença de Crohn e retocolite ulcerativa

Localização das lesões no trato gastrointestinal

A doença de Crohn pode acometer qualquer parte do tubo digestivo, da cavidade oral até a região anal. Apesar dessa distribuição ampla, as áreas mais frequentemente atingidas são o íleo terminal e o cólon direito. Uma característica marcante é o padrão de lesões em salto, ou seja, áreas inflamadas intercaladas por segmentos preservados. Já a retocolite ulcerativa afeta exclusivamente o intestino grosso, iniciando-se no reto e podendo se estender de forma contínua em direção ao cólon proximal, sem áreas poupadas.

Profundidade da inflamação intestinal

A inflamação na doença de Crohn é transmural, atingindo todas as camadas da parede intestinal. Esse comportamento aumenta o risco de desenvolver estenoses, fístulas e abscessos, complicações comuns nesses pacientes. Em contraste, a retocolite ulcerativa envolve apenas a mucosa e a submucosa, o que limita a inflamação a superfícies mais superficiais, reduzindo a ocorrência de lesões fistulosas ou estenóticas.

Sintomas predominantes

A doença de Crohn geralmente se manifesta com dor abdominal em cólica, diarreia sem sangue, febre e perda de peso, podendo ocorrer também sintomas perianais, como fístulas e fissuras. Já a retocolite ulcerativa apresenta um quadro típico de diarreia com sangue e muco, associada a urgência evacuatória e dor no baixo ventre. A intensidade dos sintomas varia conforme a extensão e gravidade da inflamação.

Achados em exames endoscópicos e histológicos

Na endoscopia, a mucosa na doença de Crohn pode exibir um aspecto típico de “pedras de calçamento”, com úlceras profundas, edema e áreas de mucosa preservada. Microscopicamente, é possível encontrar granulomas não caseosos, achado sugestivo, embora não obrigatório. Por outro lado, na retocolite ulcerativa, a mucosa mostra-se eritematosa, friável, com ulcerações superficiais e padrão vascular apagado, refletindo uma inflamação contínua e difusa.

Condutas terapêuticas e evolução clínica

O tratamento de ambas envolve o uso de anti-inflamatórios, imunossupressores e, em casos refratários, agentes biológicos. No entanto, a doença de Crohn tende a apresentar um curso mais agressivo, com maior necessidade de intervenções cirúrgicas e recidivas frequentes. A retocolite ulcerativa, por sua vez, costuma ter um curso mais previsível, com boa resposta aos aminossalicilatos em casos leves e indicação de colectomia em situações graves ou refratárias.

Legislação e direitos do paciente com Doença Inflamatória Intestinal

Pessoas com doença de Crohn ou retocolite ulcerativa possuem garantias legais específicas que buscam assegurar o acesso ao diagnóstico, ao tratamento e à inclusão social. Entre os direitos mais relevantes está o fornecimento gratuito, via Sistema Único de Saúde (SUS), de medicamentos de alto custo, incluindo imunobiológicos e anti-inflamatórios específicos, além do acesso a exames como colonoscopia e enterorressonância. Pacientes que apresentam incapacidade laboral decorrente da doença podem ainda ter direito a auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, mediante avaliação pericial.

Um marco importante foi a Lei nº 15.138/2025, que criou a Política Nacional de Assistência, Conscientização e Orientação sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais, com abrangência nacional. Essa legislação estabelece ações como campanhas educativas permanentes, mutirões de colonoscopia em hospitais públicos, prioridade na realização de exames quando houver suspeita clínica, e programas de educação em saúde voltados a pacientes recém-diagnosticados. Também promove parcerias entre órgãos públicos, sociedade civil e setor privado para fortalecer a conscientização, nos moldes de campanhas como o Outubro Rosa e Novembro Azul.

Além disso, pacientes com DII têm o direito de receber acompanhamento multidisciplinar, acesso a práticas integrativas (como yoga e meditação) e, em alguns casos, redução de jornada de trabalho ou flexibilidade escolar, quando a doença impacta diretamente sua rotina. A criação da campanha Maio Roxo, também formalizada por essa lei, reforça o compromisso do Estado com a visibilidade e a proteção dos direitos dessa população.

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Referências Bibliográficas 

  1. FIOTEC – Bio-Manguinhos. Maio Roxo alerta para diagnóstico precoce das doenças inflamatórias intestinais. Fiocruz, 2023.
  1. SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL. Maio Roxo promove conscientização e visibilidade das doenças inflamatórias intestinais. Brasília: Agência Saúde-DF, 2024.
  1. ASSOCIAÇÃO DE GASTROENTEROLOGIA DO RIO DE JANEIRO. Maio Roxo: mês de conscientização das Doenças Inflamatórias Intestinais. Rio de Janeiro, 2025.
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