Resumo de Sinais Vitais: semiologia, valores de referência e mais!
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Resumo de Sinais Vitais: semiologia, valores de referência e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A avaliação dos sinais vitais é um dos primeiros passos no exame físico de qualquer paciente e fornece informações importantes sobre seu estado clínico geral. Esses parâmetros incluem a pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória, temperatura corporal e saturação de oxigênio, cada um refletindo aspectos do funcionamento dos sistemas cardiovascular, respiratório e termorregulatório. Este texto abordará o conceito, a semiologia e os procedimentos corretos para a avaliação dos sinais vitais.

Conceito de Sinais Vitais

Os sinais vitais são parâmetros que refletem as condições fisiológicas básicas de uma pessoa, permitindo uma avaliação rápida do estado de saúde. Esses sinais incluem: 

  1. pressão arterial;
  1. frequência cardíaca;
  1. frequência respiratória;
  1. temperatura corporal; e 
  1. saturação de oxigênio. 

Cada um desses parâmetros fornece informações sobre a função de sistemas importantes, como o cardiovascular e o respiratório. Por exemplo, alterações na frequência cardíaca ou na pressão arterial podem sugerir problemas no coração ou nos vasos sanguíneos, enquanto mudanças na frequência respiratória podem indicar condições pulmonares ou metabólicas. A medição e o acompanhamento desses sinais são parte essencial do exame clínico, auxiliando na identificação precoce de alterações no estado de saúde e orientando as intervenções médicas necessárias.

Pressão Arterial 

A pressão arterial (PA) é a força exercida pelo sangue contra as paredes das artérias durante a circulação. Ela resulta do trabalho do coração, que bombeia o sangue para os vasos, e da resistência das artérias ao fluxo sanguíneo. A pressão arterial é dividida em dois componentes: 

  • Pressão sistólica: é o valor máximo da pressão durante a contração do coração (sístole). 
  • Pressão diastólica: é o valor mínimo da pressão durante o relaxamento do coração (diástole). 

A pressão arterial é um importante indicador do estado hemodinâmico do paciente e, quando alterada, pode sugerir condições como hipertensão, hipotensão ou doenças cardiovasculares. Para medir a pressão arterial de forma correta, alguns passos devem ser seguidos:

  • O paciente deve estar em repouso por pelo menos 5 minutos, sentado em um ambiente tranquilo; 
  • É importante que o paciente não tenha ingerido café, fumado ou feito exercícios nos 30 minutos anteriores à medição; e
  • A bexiga deve estar vazia, e o paciente não deve estar sentindo dor.

Posicionamento

  • O paciente deve estar sentado, com as pernas descruzadas, os pés apoiados no chão, e o braço na altura do coração, apoiado e livre de roupas. 
  • O manguito deve ser colocado 2 a 3 cm acima da fossa cubital, e o centro da parte compressiva deve estar sobre a artéria braquial.

Método de Aferição

  • Palpatório: inicialmente, palpa-se a artéria braquial ou radial e insufla-se o manguito até que o pulso desapareça. Esse valor corresponde à pressão sistólica estimada. 
  • Auscultatório: após insuflar o manguito 20 a 30 mmHg acima do valor estimado da pressão sistólica, esvazia-se lentamente o manguito, enquanto se ausculta a artéria braquial com um estetoscópio. O primeiro som auscultado (som de Korotkoff) corresponde à pressão sistólica, e o desaparecimento do som corresponde à pressão diastólica.

Valores de Referência

Conforme a VIII Diretriz Brasileira de Hipertensão, os valores de referência para a pressão arterial são:

ClassificaçãoPressão Sistólica (mmHg)Pressão Diastólica (mmHg)
Ótima< 120 < 80
Normal120 a 129 80 a 84
Pré-Hipertensão130 a 13985 a 89
Hipertensão Estágio 1140 a 15990 a 99
Hipertensão Estágio 2160 a 179100 a 109
Hipertensão Estágio 3≥ 180≥ 110

Frequência Cardíaca 

A frequência cardíaca (FC) refere-se ao número de batimentos cardíacos por minuto (bpm). Ela é determinada pela contração rítmica do coração e está diretamente relacionada à quantidade de sangue que o coração bombeia para o corpo. A avaliação da frequência cardíaca é um indicador importante do funcionamento cardiovascular, podendo sugerir alterações hemodinâmicas, como bradicardia (baixa frequência) ou taquicardia (alta frequência). A frequência cardíaca pode ser medida de duas maneiras principais:

Palpação do Pulso Arterial

  • O exame é realizado palpando-se artérias periféricas, como a artéria radial, carotídea ou femoral. 
  • O examinador utiliza as polpas digitais dos dedos indicador e médio para contar o número de batimentos durante 60 segundos. Em emergências, pode-se contar por 15 ou 30 segundos e multiplicar o valor por 4 ou 2, respectivamente, para estimar a frequência em um minuto.

Ausculta Cardíaca

  • A frequência também pode ser medida diretamente pela ausculta dos batimentos cardíacos com o auxílio de um estetoscópio, posicionado na região do precórdio (região torácica sobre o coração). Esse método é particularmente útil em pacientes com arritmias.

Valores de Referência 

Os valores normais de frequência cardíaca variam conforme a idade e o estado físico do paciente. Para adultos em repouso, os parâmetros de normalidade são:

Classificação Frequência Cardíaca 
Normal 60 a 100
Bradicardia< 60 
Taquicardia> 100

Frequência Respiratória

A frequência respiratória (FR) é o número de movimentos respiratórios realizados em um minuto, ou seja, a quantidade de ciclos de inspiração e expiração. Ela reflete o funcionamento do sistema respiratório e pode variar conforme a demanda de oxigênio do organismo e o equilíbrio ácido-base. A frequência respiratória é um dado clínico relevante para o diagnóstico de doenças pulmonares e sistêmicas, além de servir como critério de gravidade em várias condições médicas.

A medição da frequência respiratória é simples e envolve a contagem dos movimentos torácicos ou abdominais enquanto o paciente respira. O procedimento deve ser realizado com discrição, já que a observação consciente pode alterar o ritmo respiratório. Para uma medição precisa, siga os passos: 

  1. Posicionamento do paciente: o paciente deve estar em repouso, preferencialmente em uma posição confortável, como sentado ou deitado. 
  1. Observação ou ausculta: a contagem pode ser feita observando as elevações e retrações do tórax ou por meio da ausculta dos sons respiratórios com um estetoscópio. 
  1. Contagem: o número de movimentos respiratórios deve ser contado durante um minuto completo para obter a frequência exata.

Valores de Referência 

A frequência respiratória normal em adultos saudáveis varia entre 12 e 20 incursões respiratórias por minuto (irpm). Alterações nesses valores podem indicar condições clínicas específicas:

ClassificaçãoFrequência Respiratória 
Normal12 a 20
Taquipneia> 20 
Bradipneia< 12
Ausência de movimentos respiratóriosApneia

Temperatura Corporal 

A temperatura corporal é um indicador da capacidade do corpo de manter seu equilíbrio térmico. Ela reflete o balanço entre a produção e a perda de calor, sendo regulada pelo hipotálamo. O valor da temperatura pode variar conforme o local de aferição (axilar, oral, retal), a idade, o estado clínico do paciente e a hora do dia. A medição da temperatura é essencial para a detecção de estados febris, hipotermia e outras alterações relacionadas a processos infecciosos, inflamatórios ou metabólicos.

A temperatura corporal pode ser medida em diferentes regiões do corpo, utilizando termômetros clínicos (digitais ou de mercúrio). As principais áreas de aferição são: 

  • Axilar: a medição axilar é a mais comum e menos invasiva. O termômetro é colocado na fossa axilar com o braço do paciente fechado sobre o dispositivo, e a leitura é feita após alguns minutos. 
  • Oral: a medição oral exige que o paciente mantenha o termômetro sob a língua por alguns minutos, com a boca fechada. Não é indicada para crianças pequenas ou pacientes inconscientes. 
  • Retal: a medição retal é mais precisa e comumente utilizada em casos de necessidade de maior acurácia, como em recém-nascidos ou pacientes com alteração da consciência. O termômetro é inserido delicadamente no reto.

Valores de Referência 

Os valores normais de temperatura corporal variam conforme a região de aferição e apresentam pequenas flutuações ao longo do dia. Os valores de referência são:

Local de MediçãoTemperatura Normal (°C)
Axilar35,8 a 37,0
Oral35,8 a 37,4
Retal36,0 a 37,8

Saturação de Oxigênio 

A saturação de oxigênio (SpO₂) é a porcentagem de hemoglobina no sangue que está saturada com oxigênio. Esse parâmetro reflete a eficiência da troca gasosa nos pulmões e é um indicativo da oxigenação tecidual. A medição da saturação de oxigênio é fundamental para avaliar o estado respiratório do paciente, especialmente em casos de doenças pulmonares, cardíacas ou em emergências.

A saturação de oxigênio é medida de maneira não invasiva, utilizando um oxímetro de pulso (oxímetro), sendo normalmente colocado na ponta do dedo, lóbulo da orelha ou outra área fina e translúcida da pele. O oxímetro emite feixes de luz que atravessam o tecido e medem a quantidade de oxigênio ligada à hemoglobina através da diferença de absorção de luz entre a hemoglobina oxigenada e a desoxigenada. 

  1. Colocação do oxímetro: o oxímetro deve ser colocado no local adequado, com o sensor firmemente posicionado, mas sem pressão excessiva. 
  1. Leitura do valor: o aparelho realiza a leitura em segundos, exibindo a porcentagem de saturação de oxigênio (SpO₂) e, geralmente, a frequência cardíaca.

Valores de Referência 

A saturação de oxigênio em adultos saudáveis deve se situar em torno de:

ClassificaçãoSaturação de Oxigênio (SpO₂)
Normal95% a 100%
Leve Hipoxemia91% a 94%
Moderada Hipoxemia86% a 90%
Grave Hipoxemia≤ 85%

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Referências Bibliográficas 

  1. PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 8.ed. Guanabara Koogan, 2019
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