Olá, querido doutor e doutora! O surfactante pulmonar é um componente importante para a função respiratória, principalmente em recém-nascidos prematuros. Sua atuação é determinante na estabilização alveolar e na redução da tensão superficial, prevenindo complicações respiratórias graves. Este texto explora os aspectos principais do surfactante, incluindo sua formação, funções, administração e os cuidados necessários para evitar complicações.
A administração precoce do surfactante em neonatos com síndrome do desconforto respiratório está associada à redução de morbidade, mortalidade e complicações pulmonares de longo prazo.
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Conceito de Surfactante
O surfactante pulmonar é uma substância composta por lipídios e proteínas, importante para a funcionalidade dos pulmões. Ele é produzido pelas células alveolares tipo II e atua na estabilização dos alvéolos, reduzindo a tensão superficial na interface ar-líquido. Essa propriedade é indispensável para prevenir o colapso alveolar durante a expiração, melhorar a complacência pulmonar e facilitar as trocas gasosas. Em neonatos, especialmente os prematuros, a deficiência de surfactante está associada ao desenvolvimento da síndrome do desconforto respiratório (SDR), sendo necessária, em muitos casos, a administração exógena do composto como terapia substitutiva
Formação do Surfactante
O surfactante pulmonar é produzido principalmente pelas células epiteliais alveolares tipo II. Sua síntese tem início por volta da 26ª semana de gestação, atingindo níveis maduros por volta da 35ª semana. Ele é armazenado em estruturas intracelulares denominadas corpos lamelares e liberado na superfície alveolar para desempenhar suas funções.
A composição do surfactante inclui lipídios e proteínas. Os lipídios correspondem a cerca de 90% de sua estrutura, com a dipalmitoilfosfatidilcolina (DPPC) sendo o principal componente. Este fosfolipídio é responsável por reduzir a tensão superficial na interface ar-líquido. Além disso, o surfactante contém proteínas específicas, como SP-A, SP-B, SP-C e SP-D, que contribuem para sua funcionalidade. Enquanto SP-A e SP-D estão ligadas à resposta imune inata, SP-B e SP-C auxiliam na rápida disseminação do surfactante pela superfície alveolar, promovendo a estabilização dos alvéolos.
Função do Surfactante
O surfactante pulmonar tem como principal função reduzir a tensão superficial na interface ar-líquido dos alvéolos, prevenindo o colapso dessas estruturas durante a expiração. Isso permite que os alvéolos mantenham sua forma e continuem funcionando adequadamente ao longo dos ciclos respiratórios.
Além de estabilizar os alvéolos, o surfactante melhora a complacência pulmonar, facilitando a expansão dos pulmões e diminuindo o esforço necessário para a ventilação. Sua presença também otimiza as trocas gasosas, garantindo uma melhor oxigenação e remoção de dióxido de carbono.
Adicionalmente, algumas de suas proteínas, como SP-A e SP-D, desempenham funções imunológicas. Elas ajudam a proteger o sistema respiratório ao promover a fagocitose de patógenos e regular a resposta inflamatória nos pulmões. Dessa forma, o surfactante não apenas sustenta a mecânica respiratória, mas também contribui para a defesa pulmonar.
Reposição do Surfactante
A reposição de surfactante, também conhecida como terapia de reposição de surfactante (TRS), é amplamente utilizada em neonatos, especialmente os prematuros, para tratar a deficiência dessa substância, frequentemente associada à síndrome do desconforto respiratório (SDR). A administração de surfactante exógeno melhora a oxigenação, reduz a necessidade de ventilação mecânica prolongada e diminui a incidência de complicações pulmonares.
Existem diferentes estratégias para a reposição, incluindo uso profilático, precoce ou de resgate.
- Profilático: aplicado em neonatos de alto risco, como aqueles com menos de 32 semanas de gestação ou peso ao nascimento inferior a 1300 gramas, mesmo antes de sinais clínicos evidentes.
- Precoce: indicado assim que surgem os primeiros sinais de SDR, antes do agravamento da condição.
- De resgate: utilizado em neonatos com sintomas graves de SDR ou em casos específicos, como síndrome de aspiração meconial e hemorragia pulmonar.
A administração pode ser realizada por meio de intubação endotraqueal, geralmente em forma de bolus, ou utilizando técnicas menos invasivas, como LISA (administração de surfactante menos invasiva) e MIST (terapia minimamente invasiva de surfactante). Essas abordagens têm como objetivo minimizar os riscos associados à intubação prolongada, como lesões pulmonares e complicações infecciosas.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
(SP – Santa Casa de Misericórdia de Araçatuba – SCMA 2022) A sobrevida extra-uterina fetal depende em grande parte do desenvolvimento de surfactante. O principal surfactante e a unidade celular onde é produzido são, respectivamente:
A. Lecitina / pneumócito tipo I
B. Esfingomielina / pneumócito tipo I
C. Lecitina / pneumócito tipo II
D. Esfingomielina / pnaumócito tipo II
Comentário da Equipe EMED
O surfactante é uma substância lipoproteica com predomínio de fosfolipídios, principalmente a dipalmitoilfosfatidilcolina (lecitina), que é produzida nos pneumócitos II. Na expiração, quando o ar sai dos pulmões, a pressão intratorácica produziria tensão suficiente para fechar os alvéolos. Mas, quando o surfactante é liberado no interior deles, há uma redução na tensão superficial, o que previne o colapso alveolar ao final da expiração. Dessa forma, o surfactante mantém os alvéolos abertos, mesmo sem o ar preenchendo o espaço interno. Portanto, alternativa C.
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Referências Bibliográficas
- KHANWAR, Hina; MARWAHA, Komal. Surfactant: Treatment & Management – Point of Care. StatPearls, 2023. Disponível em: https://www.statpearls.com/point-of-care/29757. Acesso em: 25 dez. 2024.