Resumo sobre endométrio: composição, funções e mais!

Resumo sobre endométrio: composição, funções e mais!

E aí, doc! Vamos falar sobre mais um assunto? Agora vamos comentar sobre o endométrio, um tecido composto por vários vasos sanguíneos e glândulas que cobrem a parte interna do útero, sendo de extrema importância no ciclo menstrual.

O Estratégia MED está prestes a compartilhar mais um conceito valioso, contribuindo para o aprimoramento dos seus conhecimentos e impulsionando o seu desenvolvimento profissional. 

Está pronto? Vamos lá!

Composição do endométrio

O endométrio é a camada interna do útero que sofre mudanças cíclicas em resposta às variações hormonais ao longo do ciclo menstrual. Ele é composto por duas camadas principais: a camada funcional e a camada basal

A camada funcional é a porção mais superficial do endométrio que prolifera e é descartada a cada ciclo menstrual, caso não ocorra gravidez. Essa camada é composta por uma zona intermediária (stratum spongiosum) e uma zona compacta superficial (stratum compactum). 

Durante a fase secretora do ciclo menstrual, as glândulas endometriais da camada funcional formam vacúolos contendo glicogênio, preparando o endométrio para a possível implantação do embrião.

Por outro lado, a camada basal é a região mais profunda do endométrio e não sofre proliferação mensal significativa. Em vez disso, ela atua como a fonte de regeneração endometrial após cada menstruação. 

Acredita-se que as células-tronco endometriais possam residir na camada basal, contribuindo para a regeneração do endométrio. Estudos sugerem a existência de uma pequena população de células epiteliais e estromais com características de células-tronco endometriais, embora ainda não haja documentação definitiva desse fato. Essas células podem desempenhar um papel crucial na manutenção da saúde e regeneração do endométrio.

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Fases do ciclo menstrual relacionadas ao endométrio

O ciclo menstrual pode ser analisado e dividido de duas maneiras principais, relacionadas tanto à ovulação quanto às mudanças no endométrio uterino. Em relação a ovulação pode ser dividido em: fase folicular, ovulação e fase lútea.

Relacionadas ao endométrio, as fases são:

Fase proliferativa (Fase estrogênica)

Durante a fase proliferativa do ciclo menstrual, que ocorre antes da ovulação, os níveis de estrogênio estão aumentados. Nesta fase, o endométrio começa a se reconstruir após a menstruação anterior. 

As células do estroma e as células epiteliais proliferam rapidamente sob a influência dos estrogênios secretados pelos ovários. A superfície endometrial é reepitelizada cerca de 4 a 7 dias após o início da menstruação. 

O endométrio aumenta sua espessura devido ao crescimento das células estromais, das glândulas endometriais e de novos vasos sanguíneos. No momento da ovulação, o endométrio atinge uma espessura de 3 a 5 milímetros, preparando-se para a possível implantação de um óvulo fertilizado.

Fase secretora (Fase progestacional)

Durante a fase secretora do ciclo menstrual, que ocorre após a ovulação, o corpo lúteo secretará grandes quantidades de progesterona e estrogênio. Esses hormônios desempenham papéis essenciais na preparação do endométrio para a possível implantação de um óvulo fertilizado. 

Os estrogênios causam uma leve proliferação celular adicional no endométrio, enquanto a progesterona promove um inchaço e um desenvolvimento secretor acentuados do endométrio. Essas mudanças são fundamentais para criar um ambiente favorável para a implantação do óvulo fertilizado.

Durante a fase secretora, o endométrio atinge seu pico de espessura, geralmente cerca de uma semana após a ovulação, com uma espessura de 5 a 6 milímetros

Neste momento, o endométrio está altamente secretor e contém uma grande quantidade de nutrientes armazenados, prontos para prover condições ideais para a possível gravidez. 

Essas alterações endometriais são essenciais para garantir que o útero esteja preparado para receber e nutrir um embrião em caso de fertilização bem-sucedida.

Menstruação

A menstruação é a fase do ciclo menstrual em que ocorre a descamação do endométrio, caso não haja implantação do óvulo fertilizado. Essa fase é desencadeada pela redução dos níveis de estrogênio e progesterona, especialmente da progesterona, no final do ciclo ovariano. 

A diminuição desses hormônios leva à redução da estimulação das células endometriais, seguida pela involução do endométrio para cerca de 65% de sua espessura prévia

Nas 24 horas que antecedem a menstruação, os vasos sanguíneos tortuosos que levam às camadas mucosas do endométrio tornam-se vasoespásticos, possivelmente devido à liberação de substâncias vasoconstritoras, como as prostaglandinas.

Durante a menstruação, o útero se contrai para expelir o tecido endometrial e o sangue, que dura em média de 3 a 7 dias. A perda de sangue durante a menstruação cessa quando o endométrio já se reepitelizou, geralmente de 4 a 7 dias após o início do sangramento

Durante esse período, grandes quantidades de leucócitos são liberadas juntamente com o material necrótico e o sangue, conferindo ao útero uma resistência às infecções, apesar das superfícies endometriais estarem desprotegidas.

Principais doenças relacionadas ao endométrio

A saúde do endométrio desempenha um papel crucial no bem-estar ginecológico e reprodutivo das mulheres. Entretanto, algumas doenças podem acometer esse tecido.

Adenomiose

A adenomiose é uma condição ginecológica em que o tecido endometrial cresce no músculo uterino. Caracterizada por sintomas como sangramento menstrual intenso, dor durante o sexo e menstruação dolorosa, é mais comum em mulheres acima de 40 anos. 

O diagnóstico é geralmente clínico, com a confirmação muitas vezes exigindo histerectomia. 

O tratamento varia de anti-inflamatórios e contraceptivos hormonais a procedimentos mais invasivos, dependendo da idade da paciente e do desejo de preservar a fertilidade. O acompanhamento médico é crucial para decidir a abordagem mais adequada.

Endometriose 

A endometriose é uma condição ginecológica em que o tecido endometrial cresce fora da cavidade uterina, comumente no fundo de saco, ovários e peritônio. 

Estima-se que afete aproximadamente 10% da população feminina em geral, com taxas mais elevadas em mulheres com infertilidade e Dor Pélvica Crônica (DPC). Os sintomas incluem dor intensa durante a menstruação, dor pélvica, dispareunia e sangramento irregular.

Essa dor pode começar até duas semanas antes do início da menstruação e se manifestar na linha média, na parte inferior do abdome, no dorso e no reto. 

Outros sintomas frequentes são dispareunia (dor durante o sexo), sangramento irregular mesmo em ciclos ovulatórios, e sintomas não ginecológicos como urgência urinária, distensão abdominal e, ocasionalmente, hematoquezia ou hematúria.

O diagnóstico é desafiador, geralmente envolvendo procedimentos invasivos como laparoscopia. O tratamento abrange opções farmacológicas, como anti-inflamatórios e contraceptivos hormonais, até intervenções cirúrgicas, como ablação ou ressecção de lesões endometrióticas. Em casos graves, a histerectomia com remoção dos ovários pode ser considerada.

A abordagem terapêutica é individualizada, considerando a idade da paciente, objetivos reprodutivos e resposta aos tratamentos. A gestão a longo prazo é crucial, pois a endometriose pode recorrer mesmo após tratamentos bem-sucedidos.

Endometrite

A endometrite é uma condição caracterizada pela inflamação do endométrio, a camada interna do útero. Essa inflamação pode ser desencadeada por diversos fatores, incluindo doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) como clamídia e gonorreia. 

Além disso, procedimentos médicos como abortos, curetagem, partos, cesarianas, histeroscopia e inserção de dispositivos intrauterinos (DIU) também podem aumentar o risco de desenvolver endometrite.

Outros fatores de risco incluem condições clínicas como diabetes, obesidade e doenças circulatórias. A presença de infecções em órgãos adjacentes também pode contribuir para o desenvolvimento da endometrite. 

Os sintomas mais comuns da endometrite incluem corrimento vaginal, dor nas relações sexuais (dispareunia) e sensibilidade ao toque durante o exame ginecológico. 

O reconhecimento precoce desses sinais é fundamental para garantir uma intervenção médica adequada e prevenir complicações decorrentes da inflamação do endométrio.

Pólipos endometriais

Pólipos endometriais, frequentemente assintomáticos, podem causar sangramento irregular e estão associados a condições como uso de tamoxifeno, dismenorreia e infertilidade. 

O diagnóstico é feito por ultrassonografia e confirmado por procedimentos como histeroscopia. Não há consenso sobre a remoção de pólipos sem sintomas. Estudos indicam regressão espontânea, principalmente em pólipos menores, mas a tendência à transformação maligna é baixa antes da menopausa e aumenta após. 

A remoção é comum, tornando a avaliação do risco de malignidade desafiadora, variando de 0,2 a 24% para alterações pré-malignas e de 0 a 13% para neoplasia maligna, com riscos mais elevados pós-menopausa.

De olho na prova!

PB – Hospital de Emergência e Trauma Sen. Humberto Lucena – HEETSHL – 2020

Assinale a resposta CORRETA:

A) Durante a fase folicular, a progesterona suprime a produção do hormônio luteinizante (LH na adeno-hipófise).

B) A progesterona torna o endométrio receptivo à nidação. Como efeito secundário, diminui levemente a temperatura basal da mulher.

C) Designa-se oligomenorreia ciclos regulares com intervalos de 21 dias ou menos.

D) A inibina é sintetizada pelas células da teca dos folículos ovarianos, tem a ação inibidora específica sobre o GnRH.

E) A concentração alta de estrógeno inicialmente reduz o pulso de LH e FSH.

Opção correta: Alternativa “E”

Comentário da questão:

A) Incorreta alternativa “A” e correta alternativa “E”,o estradiol possui um efeito bimodal. No início do ciclo, os níveis crescentes de estradiol inibem o LH e FSH. Entretanto,no final da fase folicular, valores acima de 200 pg/ml, por um período mínimo de 50 horas provocam feedback positivo, gerando o pico de LH e, consequentemente, a ovulação.

Além disso, o discreto aumento da progesterona 24 horas antes da ovulação também contribui para o pico de LH.

B) Incorreta alternativa “B”, na segunda fase do ciclo endometrial (fase secretora), a progesterona estimula a diferenciação das glândulas, que se tornam mais tortuosas e começam a secretar glicogênio e glicoproteínas.As arteríolas espiraladas se tornam menos resistentes, para facilitar a implantação e nutrição do embrião. Entretanto, o efeito da progesterona é de aumentar a temperatura basal de 0,5-1°C.

C) Incorreta alternativa “C”, a oligomenorreia é definida como a presença de ciclos menstruais com intervalo superior a 35 dias. A tabela abaixo traz as denominações das variações do ciclo menstrual. Apesar de a FIGO orientar desde 2017 que esses nomes não sejam mais utilizados, para as provas, você deve sabê-los.

D) Incorreta alternativa “D”, a inibina B é secretada pelas células da granulosa dos folículos e é responsável pela inibição do FSH.

E) Correta!

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Referências

GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier.13ª ed., 2017. -MENAKER, L

BEREK,JonathanS. Tratado de Ginecologia.15.ed.[s.l.]:GrupoGen-GuanabaraKoogan,2014.

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