Resumo de câncer de colo de útero: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de câncer de colo de útero: diagnóstico, tratamento e mais!

Por mais que questões sobre rastreamento do câncer de colo de útero caiam com mais frequência nas provas de residência, conhecer alguns aspectos sobre o câncer invasor tem sido cobrado com frequência nas provas. 

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes ao câncer de colo de útero.

  • É o segundo tumor maligno feminino comum em todo o mundo e a principal causa é a infecção por tipos de HPV oncogênicos; 
  • O diagnóstico é realizado a partir da biópsia estudo anatomopatológico;
  • Em mulheres assintomáticas entre 25 e 64 anos, existe um rastreamento muito bem estabelecido pelo ministério da saúde através do exame papanicolau;
  • O tratamento é guiado pelo estadiamento e desejo reprodutivo, envolvendo conização e traquelectomia para estágios iniciais em quem deseja engravidar e histerectomia para as com prole definida;
  • A quimiorradiação adjuvante está indicada em pacientes com estádios acima de IIB ou tumores maiores que 4 cm.  

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Epidemiologia e etiologia do câncer de colo de útero 

No mundo, é o 4° câncer mais comum no público feminino e o 3° no Brasil, com altas taxas de incidência e de mortalidade. Além disso, é a segunda malignidade ginecológica mais frequente, atrás apenas de câncer de mama. Devido a infecção pelo HPV ser a principal causa, trata-se de um câncer prevenível, atualmente com uso de camisinha, vacinação e educação em saúde. 

A principal causa de lesões cervicais pré-cancerosas e cancerígenas é a infecção por tipos de HPV oncogênicos ou de alto risco, os subtipos 16 e 18. A infecção geralmente é transmitida por contato sexual, causando lesões intraepiteliais escamosas. Outros fatores de risco são listados abaixo: 

  • Tabagismo;
  • Imunossupressão (incluindo HIV);
  • Sexarca precoce;
  • Múltiplos parceiros sexuais;
  • ISTs;
  • Multiparidade;
  • Baixo nível socioeconômico (previne menos);
  • Uso de ACOs (diminui o uso da camisinha).

O principal subtipo histológico desse câncer é o Carcinoma de células escamosas, relacionado principalmente a infecção pelo HPV subtipo 16. O segundo subtipo é o adenocarcinoma (carcinoma de células glandulares), mais relacionados ao subtipo 18 do HPV. 

Manifestações clínicas do câncer de colo de útero

A maioria dos casos iniciais são assintomáticos, por este motivo a importância do rastreio. Quando apresentam sintomas, os principais são sinusorragia (sangramento após coito), corrimento com odor fétido ou forte.

Ao exame físico pelo toque vaginal, pode haver um colo endurecido, aderido, friável ou presença de massas irregulares. Deve-se sempre realizar toque retal nos casos suspeitos, para avaliar o acometimento intestinal e paramétrios.   

#Ponto importante: Se durante exame especular for evidenciado lesões vegetantes grandes, exofíticas, sugestivas de malignidade, deve-se realizar biópsia e não aguardar colposcopia. Isso é pegadinha de prova. 

Diagnóstico do câncer de colo de útero

O diagnóstico é realizado a partir do estudo anatomopatológico. Em pacientes com sintomas suspeitos, presença de lesões suspeitas ao exame físico e mulheres em pós menopausa com sangramento uterino anormal, a biópsia deve ser realizada.

Rastreamento

Em mulheres assintomáticas entre 25 e 64 anos, existe um rastreamento muito bem estabelecido pelo Ministério da Saúde através do exame papanicolau (preventivo). A realização da biópsia está indicada para a confirmação diagnóstica dos casos alterados na citologia, após a avaliação colposcópica. 

As Diretrizes Brasileiras recomendam encaminhar para investigação colposcópica todas as mulheres com resultado de células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H), células glandulares atípicas de significado indeterminado (AGC), lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL), adenocarcinoma in situ e invasivo e carcinoma epidermóide. Lesões de baixo risco geralmente são enviadas para colposcopia quando aparecem em duas amostras repetidas em intervalos preconizados. 

#Ponto importante: O papanicolau é um tipo de prevenção secundária, que visa o diagnóstico precoce de lesões já estabelecidas.   

Estadiamento

Se o câncer invasivo for diagnosticado, o próximo passo no manejo é o estadiamento para determinar o tratamento adicional. Classicamente, isso se baseava na extensão local do tumor, que poderia ser determinada com uma combinação de exame pélvico, cistoscopia, proctoscopia, radiografia de tórax e/ou urografia intravenosa, além de exames laboratoriais básicos. 

Mais recentemente, o sistema de estadiamento da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO) inclui vários métodos para estadiar um paciente, permitindo modalidades avançadas de imagem, como ressonância magnética e PET scan. 

Crédito: Estratégia MED.

Tratamento do câncer de colo de útero

Para mulheres que possuem desejo reprodutivo e com estágio menor que IIb, as seguintes condutas são indicadas:

  • Estádio 1A1 ou carcinoma in situ (NIC 3): Conização. 
  • Estádio 1A2 ou 1B1: Traquelectomia (retirada do colo do útero, preservando corpo). 

Para mulheres que não possuem mais desejo reprodutivo e com estágio menor que IIb, as seguintes condutas são indicadas:

  • Estádio 1A1 sem invasão do espaço linfovascular (IELV) ou paramétrios: Histerectomia simples ou Piver 1 
  • IA1 com IELV e IA2: Histerectomia radical ou Piver 2
  • IB1, IB2 e IIA1: Histerectomia radical ou cirurgia de Werthein-Meigs (queridinhas das provas). 

Quando tumor com mais de 4 cm (IB3 ou IIA2), estágio maior ou igual a IIb  ou condições que impeçam a cirurgia, é necessário quimiorradiação adjuvante.  

Atualmente, as principais formas de prevenir o câncer de colo de útero é através do uso de camisinha e vacinação do público adolescente, meninas e meninos, entre 9 e 14 anos. Além disso, o rastreio possibilita o diagnóstico precoce e tratamento de lesões precursoras do câncer. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • BRASIL. Ministério da Saúde/INCA. Diretrizes Brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. 2016. INCA
  • Fowler JR, Maani EV, Dunton CJ, et al. Cervical Cancer. [Updated 2022 Nov 2]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK431093/
  • Maria Del Pilar Estevez Diz, Rodrigo Bovolin de Medeiros. Câncer de colo uterino – fatores de risco, prevenção, diagnóstico e tratamento. Rev Med (São Paulo). 2009 jan.-mar.;88(1):7-15. 
  • Zhang S, Xu H, Zhang L, Qiao Y. Cervical cancer: Epidemiology, risk factors and screening. Chin J Cancer Res. 2020 Dec 31;32(6):720-728. doi: 10.21147/j.issn.1000-9604.2020.06.05. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7797226/
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay
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