Resumo de psicose puerperal: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de psicose puerperal: diagnóstico, tratamento e mais!

A psicose puerperal é o transtorno mental mais grave que pode ocorrer no puerpério, uma situação de risco para a ocorrência de suicídio e infanticídio. Confira os principais aspectos referentes à psicose no pós-parto, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à psicose puerperal.

  • Se manifesta através de delírios, alucinações, desorganização do pensamento e comportamento. 
  • A psicose pós-parto é observada com mais frequência em indivíduos que foram ou posteriormente diagnosticados com transtorno bipolar. 
  • No Brasil, é uma das poucas contra indicações absolutas à amamentação.
  • Além da história clínica detalhada, exames adicionais são importantes para afastar condições orgânicas para a psicose. 
  • O tratamento envolve utilização de estabilizadores de humor e antipsicóticos atípicos, preferencialmente.  

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Definição da doença

A psicose puerperal é uma perturbação na percepção individual da realidade da parturiente, que pode se manifestar através de delírios, alucinações, desorganização do pensamento e comportamento. É a forma mais grave de transtorno psiquiátrico durante o puerpério. 

Epidemiologia e fisiopatologia da psicose puerperal

É uma condição rara do puerpério, com prevalência de 0,1% a 0,2% e é muito menos comum do que o blues pós-parto e a depressão pós-parto. No entanto, essa prevalência aumenta quando há transtorno bipolar e alguns estudos demonstraram que seu início no período pós-parto imediato prediz significativamente um diagnóstico subsequente de transtorno bipolar.  

A psicose também pode acontecer quando há outras comorbidades psiquiátricas, como depressão maior e esquizofrenia. No entanto, cerca 50% das puérperas com psicose puerperal não têm histórico psiquiátrico anterior. 

A psicose pós-parto tem origem multifatorial complexa. Susceptibilidade genética, alterações hormonais rápidas normais após o parto e a desregulação do ponto de ajuste imunoneuroendócrino também podem desempenhar um papel no desencadeamento do transtorno. 

Manifestações clínicas da psicose puerperal

Os sintomas iniciais são euforia, humor irritável, logorreia, agitação e insônia, inicialmente pensados como blues puerperal ou depressão pós-parto. Aquelas que desenvolvem sintomas psicóticos evoluem para delírios, ideias persecutórias, alucinações e comportamento desorganizado, desorientação, confusão mental, perplexidade e despersonalização. 

O quadro usualmente é de início rápido e os sintomas geralmente se instalam já nos primeiros dias até duas semanas do pós-parto, mas é classificada com psicose puerperal aquela que se inicia até quatro semanas após o parto. 

Diagnóstico da psicose puerperal

A psicose pós-parto tem sido subdiagnosticada e subnotificada porque não há procedimentos de triagem padrão durante os períodos pré-natal e pós-natal. Algumas ferramentas de triagem, como EPDS (escala de depressão pós-natal de Edimburgo) e MDQ (questionário de transtorno de humor), são ferramentas de triagem rápidas e eficazes para identificar sinais de depressão e mania em populações de risco, situações de risco para desenvolvimento da psicose puerperal. 

Após uma história minuciosa e um exame físico completo, os exames laboratoriais iniciais a seguir ajudam a excluir causas orgânicas da psicose. Condições orgânicas que causem psicose incluem:

  • hipo e hipernatremia;
  • hipo e hiperglicemia (cetoacidose diabética); 
  • encefalopatia hepática; 
  • hipo e hipertireoidismo (tempestade tireoidiana na doença de Graves); 
  • Uremia; 
  • abuso de substâncias alucinógenas;
  • hipercalcemia; 
  • AVCs, especialmente em mulheres com histórico de hipertensão induzida pela gravidez, pré-eclâmpsia, e eclâmpsia. 

#Ponto importante: O DSM-5  não classifica a psicose pós-parto como uma entidade diagnóstica distinta, mas recebem um diagnóstico com base em seu transtorno mental primário, com a adição do especificador “com início no periparto” se o início do episódio atual ocorreu durante a gravidez ou dentro de quatro semanas após o parto. 

Tratamento da psicose puerperal

O tratamento farmacológico, uma vez descartadas as causas orgânicas, visa controlar a psicose aguda. Estes incluem principalmente estabilizadores de humor e antipsicóticos atípicos, além de alguns anticonvulsivantes. 

Dos estabilizadores de humor, o lítio é o mais usado.  Geralmente inicia-se com uma dose de 300 mg no primeiro dia e depois 300 mg duas vezes ao dia a partir do segundo dia. Deve-se verificar os níveis séricos de lítio a partir do quinto dia com objetivo de manter os níveis dentro da janela terapêutica. Outros estabilizadores de humor incluem valproato de sódio e a carbamazepina. 

Em relação aos antipsicóticos, as indicações são similares ao tratamento da psicose em não grávidas, com preferência pelos antipsicóticos atípicos, como quetiapina e risperidona, ao invés dos antipsicóticos de primeira geração, como haloperidol. 

#Ponto importante: Psicose puerperal é uma das poucas contraindicações absolutas à amamentação e o ideal é que mães sintomáticas não fiquem sozinha com seus filhos.

Em casos que haja sintomas proeminentes de depressão, pode ser realizado tratamento combinado com um inibidor seletivo da recaptação da serotonina (ISRS), além de lítio e um antipsicótico. 

Pacientes com história de transtorno bipolar estável em uso de medicamentos estabilizadores do humor antes da gravidez que descontinuam os medicamentos durante a gravidez têm um risco elevado de desenvolver uma recaída no período perinatal ou pós-natal. 

Por este motivo, os riscos e benefícios de continuar o tratamento durante a gestação devem ser discutidos em conjunto com paciente e familiares. Das principais opções farmacológicas, o lítio tem uma taxa de 2,8% de causar grandes malformações congênitas, o valproato é mais alto em 5 a 8% e a carbamazepina em 2 a 6%. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Cantilino, Amaury et al. Transtornos psiquiátricos no pós-parto. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo) [online]. 2010, v. 37, n. 6, pp. 288-294. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-60832010000600006
  • Raza SK, Raza S. Psicose pós-parto. [Atualizado em 27 de junho de 2022]. In: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK544304/
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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