Resumo sobre Lipólise: definição, processo e mais!
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Resumo sobre Lipólise: definição, processo e mais!

E aí, doc! Pronto para mergulhar em mais um tema essencial? Hoje o foco é a Lipólise, um processo metabólico crucial para a produção de energia no organismo. 

O Estratégia MED está aqui para simplificar conceitos como esse, ajudando você a aprimorar seus conhecimentos e elevar a qualidade da sua prática clínica. Vamos nessa!

Definição de Lipólise

A lipólise é um processo metabólico fundamental para a manutenção da homeostase energética, especialmente em períodos de jejum ou baixa ingestão calórica. Esse mecanismo ocorre predominantemente nos adipócitos, onde os triglicerídeos armazenados são hidrolisados em ácidos graxos livres (AGLs) e glicerol.

Os produtos da lipólise têm destinos metabólicos específicos. Os ácidos graxos livres são liberados na corrente sanguínea, onde se ligam à albumina para transporte, sendo utilizados por tecidos como músculos e fígado para a produção de energia via β-oxidação. O glicerol, por sua vez, é transportado para o fígado, onde pode ser convertido em glicose por meio da gliconeogênese, especialmente em situações de jejum prolongado.

Portanto, a lipólise é um processo crítico para fornecer energia durante períodos de restrição alimentar, garantindo que os estoques energéticos sejam mobilizados e utilizados de forma eficiente pelo organismo. 

Hormônios envolvidos na lipólise

A lipólise é regulada principalmente por hormônios contrarregulatórios, que promovem a ativação do processo, e pela insulina, que exerce um efeito inibitório. Essa interação hormonal é essencial para o equilíbrio metabólico, permitindo que o corpo mobilize ou armazene energia conforme necessário.

Hormônios Estimuladores da Lipólise

Catecolaminas (epinefrina e norepinefrina)

As catecolaminas são liberadas pelas glândulas suprarrenais em resposta a situações de estresse ou jejum. Elas se ligam a receptores β-adrenérgicos na membrana dos adipócitos, ativando a adenilato ciclase, que converte ATP em adenosina monofosfato cíclico (AMPc). 

Esse aumento de AMPc ativa a proteína quinase A (PKA), que fosforila a lipase hormônio-sensível (HSL) e outras proteínas envolvidas, desencadeando a quebra dos triglicerídeos em ácidos graxos livres (AGLs) e glicerol.

Glucagon

Secretado pelo pâncreas em resposta à baixa glicemia, o glucagon desempenha um papel importante no jejum. Assim como as catecolaminas, ele age aumentando os níveis intracelulares de AMPc nos adipócitos, ativando a PKA e promovendo a lipólise. No entanto, sua ação direta nos adipócitos é menor em comparação com o fígado.

Cortisol

Esse hormônio esteroide, liberado pelas glândulas suprarrenais, estimula a lipólise de forma indireta. Ele aumenta a expressão de enzimas lipolíticas e sensibiliza os adipócitos à ação das catecolaminas. O cortisol é particularmente importante em períodos de jejum prolongado ou estresse metabólico, garantindo a disponibilidade de energia para tecidos essenciais.

Hormônio do crescimento (GH)

O hormônio do crescimento tem um efeito lipolítico ao reduzir a sensibilidade à insulina nos adipócitos e aumentar a disponibilidade de ácidos graxos livres. Embora seu papel seja menos imediato que o das catecolaminas e do glucagon, ele contribui para a mobilização de energia durante períodos prolongados de jejum.

Hormônio Inibidor da Lipólise

Insulina

A insulina é o principal inibidor da lipólise, agindo de forma a promover o armazenamento de energia em condições de abundância de nutrientes. Esse hormônio é liberado pelo pâncreas em resposta a altos níveis de glicose no sangue. 

Sua ligação aos receptores dos adipócitos ativa vias de sinalização que inibem a adenilato ciclase, reduzindo os níveis de AMPc intracelular. Como consequência, a ativação da HSL é bloqueada, e o processo de lipólise é suprimido. Além disso, a insulina estimula a lipogênese (síntese de novos triglicerídeos) ao aumentar a captação de glicose pelos adipócitos e a produção de glicerol-3-fosfato.

Processo de lipólise

O processo de lipólise é uma via metabólica crucial para a quebra dos triglicerídeos armazenados no tecido adiposo, permitindo a mobilização de energia em momentos de necessidade, como jejum, exercício ou estresse. Esse mecanismo é cuidadosamente regulado por sinais hormonais e ocorre em várias etapas interdependentes.

  1. Estímulo hormonal: A lipólise inicia-se em resposta a hormônios contrarregulatórios, como catecolaminas (epinefrina e norepinefrina), glucagon, cortisol e hormônio do crescimento (GH). Esses hormônios se ligam a receptores específicos (principalmente β-adrenérgicos) localizados na membrana plasmática dos adipócitos, ativando uma cascata de sinalização intracelular.
  2. Ativação da adenilato ciclase: a ligação hormonal ativa a adenilato ciclase, uma enzima que converte o trifosfato de adenosina (ATP) em adenosina monofosfato cíclico (AMPc). O AMPc age como um segundo mensageiro intracelular, propagando o sinal hormonal.
  3. Ativação da proteína quinase A (PKA): o aumento dos níveis de AMPc ativa a proteína quinase A (PKA), uma enzima chave no processo. A PKA fosforila e ativa enzimas críticas para a lipólise, como a lipase hormônio-sensível (HSL) e a perilipina, proteínas que controlam o acesso aos triglicerídeos nas gotículas lipídicas.
  4. Fosforilação da perilipina: a perilipina é uma proteína que recobre as gotículas lipídicas no interior dos adipócitos, impedindo o acesso das enzimas lipolíticas. Quando fosforilada pela PKA, a perilipina sofre alterações conformacionais que permitem que a HSL e outras lipases acessem os triglicerídeos.
  5. Ação da lipase hormônio-sensível (HSL): o HSL é uma das principais enzimas envolvidas na lipólise. Uma vez ativada pela fosforilação, ela catalisa a hidrólise dos triglicerídeos, convertendo-os em diglicerídeos e, em seguida, em monoglicerídeos, liberando ácidos graxos livres (AGLs) em cada etapa.
  6. Ativação da lipase de monoglicerídeo (MGL): após a ação da HSL, a lipase de monoglicerídeo (MGL) atua na última etapa, hidrolisando os monoglicerídeos restantes e liberando o terceiro ácido graxo e o glicerol.
  7. Liberação de ácidos graxos livres e glicerol: os ácidos graxos livres são liberados na corrente sanguínea, onde se ligam à albumina para transporte até órgãos como músculos e fígado. O glicerol, por sua vez, é transportado para o fígado, onde pode ser convertido em glicose por meio da gliconeogênese.

Regulação da Lipólise

O equilíbrio entre os hormônios que estimulam e inibem a lipólise garante que o processo seja ativado apenas em situações de necessidade energética. A insulina, por exemplo, é um potente inibidor da lipólise. 

Ela bloqueia a ativação da adenilato ciclase, reduzindo os níveis de AMPc e impedindo a fosforilação das enzimas lipolíticas. Além disso, a insulina promove o armazenamento de energia, estimulando a lipogênese e a captação de glicose pelos adipócitos.

Destinos Metabólicos dos Produtos da Lipólise

  • Ácidos Graxos Livres (AGLs): transportados ligados à albumina, os AGLs são utilizados como substrato energético por tecidos como músculos e fígado, onde sofrem β-oxidação para gerar ATP.
  • Glicerol: o glicerol é captado pelo fígado, onde entra na via da gliconeogênese para a síntese de glicose, especialmente durante o jejum prolongado.

Situações que acontecem a lipólise

A lipólise ocorre em situações em que o organismo precisa mobilizar as reservas energéticas para suprir suas demandas metabólicas, especialmente quando a glicose disponível é insuficiente. Abaixo estão as principais condições que estimulam o processo de lipólise:

Jejum

Durante o jejum, os níveis de glicose no sangue diminuem, e a secreção de insulina é reduzida, enquanto hormônios contrarregulatórios, como glucagon e catecolaminas, aumentam. Esse ambiente hormonal estimula a lipólise para mobilizar ácidos graxos livres (AGLs) e glicerol, que servem como fontes alternativas de energia, especialmente para músculos e fígado. Esse processo é essencial para manter os níveis de glicose no sangue e fornecer energia para tecidos dependentes, como o cérebro e os eritrócitos.

Exercício físico

Durante o exercício, o corpo aumenta sua demanda energética, e as reservas de glicogênio muscular podem não ser suficientes para sustentar a atividade prolongada. Nesse contexto, as catecolaminas (epinefrina e norepinefrina) são liberadas, estimulando a lipólise no tecido adiposo. Os ácidos graxos livres são liberados na corrente sanguínea e utilizados pelos músculos esqueléticos como combustível durante o exercício aeróbico.

Estresse metabólico ou físico

Em situações de estresse, como traumas, infecções ou cirurgias, o organismo libera hormônios como cortisol, glucagon e catecolaminas. Esses hormônios promovem a lipólise para garantir a oferta de energia em momentos críticos. O cortisol, em particular, aumenta a sensibilidade dos adipócitos às catecolaminas, intensificando a mobilização de gordura.

Restrição calórica ou dietas hipocalóricas

Quando a ingestão alimentar é reduzida, o corpo compensa a falta de energia por meio da lipólise. Com a queda dos níveis de insulina e o aumento de hormônios catabólicos, os triglicerídeos armazenados são hidrolisados para fornecer energia, favorecendo a perda de gordura corporal.

Atividades noturnas e sono

Durante o período de jejum noturno, que ocorre enquanto dormimos, a lipólise é ativada para garantir um fornecimento constante de energia. Os ácidos graxos livres e o glicerol liberados mantêm os processos metabólicos básicos e ajudam a sustentar a glicemia em níveis normais.

Exercício em jejum

Quando o exercício é realizado em jejum, a lipólise é intensificada, pois as reservas de glicose e glicogênio já estão reduzidas. O corpo passa a utilizar mais ácidos graxos livres como fonte principal de energia, aumentando a dependência das reservas lipídicas.

Deficiência de insulina (Diabetes Mellitus)

Em casos de diabetes mellitus não controlado, a deficiência de insulina ou a resistência a esse hormônio promove a ativação constante da lipólise, mesmo em situações de abundância energética. Isso resulta em níveis elevados de ácidos graxos livres no sangue e pode contribuir para complicações metabólicas, como cetose e cetoacidose diabética.

Veja também!

Referências

BERNE e LEVY – Fisiologia – Tradução da 7ª Edição. Editores Bruce M. Koeppen e Bruce A. Stanton. Editora Elsevier, Rio de Janeiro, 2018.

SILVERTHORN, D. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada, 7ª Edição, Artmed, 2017. 

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